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Estela...

Um dia após | 9:00am

Tinha uns quarenta minutos que eu tinha acordado, estava na sala, deitada no sofá. Encarando o teto eu pensava em como a vida prega umas peças na gente de vez em quando. Eu não imaginaria nunca na vida, que eu iria para uma cama, foder e gostar de ter feito tal ato, com um dos aliados do meu pai...

Todas as vezes que o meu pai me mandava para as reuniões no seu lugar, ele me avisava que não era pra dar brecha para que qualquer um deles me olhassem ou jogassem piadas ao meu respeito. E isso nunca aconteceu, mas os olhares preparadores que ele me lançavam, já dizia muito mais, do que as diversas palavras constrangedoras que eles iriam soltar.

Com o Braga sempre foi diferente. Eu quem tinha curiosidade e olhava para ele como se ele fosse uma escultura que eu nunca tinha visto. Ele carrega com ele uma vontade, um desejo de saber mais sobre a pessoa que ele é. O Braga nunca me olhou demais, ou me jogou uma palavra a mais do o esperado nas reuniões feitas. Só que depois que eu vim para a casa dele, as coisas ficaram diferentes.

E eu me sinto na obrigação de dizer que o nosso momento de ontem, me deixou com uma vontade de repetir a dose.

Desperto dos pensamentos ouvindo a porta da sala ser aberta, eu levanto, e lanço meus olhos curiosos, querendo saber quem era.

Lúcia: Ficam a vontade, o Braga está vendo uma casa aconchegante para vocês. — Ela entra, dando espaço para a outra pessoa entrar logo em seguida. — Vou deixar vocês sozinhos.

Ela me olha e logo depois vai em direção a cozinha.

— O que tá acontecendo aqui? — Sorrio olhando os três ali. — Cara, vocês são loucos.

Levanto do sofá e vou sorrindo na direção do Nico, vendo ele abrir os braços na minha direção e eu me jogar nos seus braços fortes, sentindo ele me apertar.

Nico: Linda de mi vida. — Me solto de seus braços, me ajeitando e olhando nos olhos claros dele. — Tardó en volver, te extraño y vine a verte.

— Eu sei a saudade que você sentiu. — Olho séria para ele, não aguentando por segundos, voltando a sorrir. — Meu pai me avisou que vocês vinham, mas não que era hoje.

Vou até o Ferreira e abraço ele também, sentindo ele beijar meu pescoço. Eu me afasto e passo a língua nos lábios.

Ferreira: Pensei que só tinha o Nico aqui. — Ele coloca uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha. — Linda como siempre...

Lion: E eu sou o esquecido, lá no México eu era mais recepcionado..— Eu olho para o homem de porte alto, a barba mostra que foi recém feita.. os traços do Lion são lindos, eu sempre disse para ele que se não fossemos tão amigos, o meu pai me odiaria por beijar o seu melhor soldado. — Aqui é maneiro, acabei de entender porque a demora para voltar pra casa.

— As pessoas daqui são melhores ainda. — Sou sincera. — Vocês vão gostar deles.

Nico: Achei só que o dono daqui é meio ranzinza, todo ignorante. — Eu prendo uma risada e nego com a cabeça.

— Depois piora, é só começo. — Eles dão risada. — Vem, sentam e contam como andam os negócios por lá.

Dou uma corridinha até o sofá e me sento, esperando eles se acomodarem para então me contarem as novidades.

***

Bruna: Acho que tô passando mal.. — Ela sentado do meu lado, no banco da praça. — Que homem lindo! — Ela soletra a frase, dando uma abanada com a mão.

— Que homem? — Pergunto.

Bruna: Como assim que homem? o Lion, tô apaixonada. — Eu dou uma risada sincera, olhando para ela. — Eu nem beijei, nem toquei, mas eu sei que eu estou apaixonada.

— Ele é realmente muito lindo. — Falo, concordando com ela. — Meu amigo, tenho que concordar com você.

Bruna: Meu filho tem um padrasto agora. Acabei de decidir.

Ficamos ali conversando, ela entusiasmada contando como estava apaixonada pelo Lion, e eu, incomodada em estar ali. Desde que eu cheguei, eu estava sentindo como se eu estivesse sendo observada, sendo devorada com os olhos. Eu já procurei por todo canto alguém no ambiente que me olhasse dessa forma, mas eu não achei.

E eu estava achando estranho, porque alguns caras do Braga estavam vigiando cada passo meu e da Bruna. Como se estivessem escoltando a gente.

— Amiga, porque eles estão assim? tô me sentindo como se estivesse cometendo um crime.

Bruna: Dessa vez eu juro que não sei de nada. — Fala. — Talvez deve ser alguma coisa relacionada ao morro em geral, fica de boa.

Eles não estavam tão perto, mas eles não tiravam os olhos do nosso redor. Depois de ter falo com a Bruna, ela me tranquilizou e pediu para que eu não ligasse para isso.

Nico: Estela, posso falar com você? — Escuto sua voz e olho para trás, onde ele se aproximava colocando sua arma na cintura. — Coisa rápida.

— Fala. — Estreito meus olhos para ele.

Nico: Você tem conversado com quantas pessoas desse morro a não ser a família do Braga? — Sua voz soa com total seriedade.

— Ninguém, todos que eu converso daqui, são do convívio dele. Eu ainda não conversei com outras pessoas... — Respiro fundo. — Mas o que foi?

Vejo os outros se aproximando, o Ferreira estava conversando com o Canário, enquanto riam. Já o Braga, estava com um baseado entre os dedos, do seu lado o Costa mexia no celular, logo tirando a atenção do próprio, guardando no bolso.

Canário: Tô te falando, a azeda filha da puta me tirou pra otário, aquele dia eu quase mostrei pra ela o lado obscuro do Canário azulzinho aqui.

Ferreira: Caralho, esse mano aqui. — Passa o braço pelo pescoço do Canário. — É pica, que cara das histórias mais malucas, Estela.

Costa: Cuidado, a maioria é mentira. — Fala tranquilo, com os braços cruzados. — O vulgo dele devia ser pescador.

Canário: Vai tomar no seu cu, invejoso. Só porque minhas histórias são melhores que as suas. — Se aproxima do Costa, acertando um murro no ombro dele.

Braga: Porra, calem a boca um segundo. — Seu tom de voz grave entra nos meus ouvidos, eu olho pra ele e estreito os olhos. — Eu vou trancar tua boca com um cadeado e jogar a chave fora, pô. — Aponta pro Canário.

Bruna: Meu irmão, relaxa um pouco, quanto estresse. — Levanta do banco, ajeitando a saia no corpo. — Nem parece que tá fumando um. Eu acho que a maconha não faz mais efeito em tu não.

Eu sorrio sem querer, tampando minha boca com a mão em seguida.

Sinto a presença de um corpo do meu lado, inalando o cheiro forte de homem.

Ferreira: Seu pai disse pra mim cuidar bem de você. — Escuto a voz dele no meu ouvido.

Involuntariamente eu lanço meu olhar na direção do Braga, vendo que ele já estava olhando a cena, com expressão corporal rígida. Ele passa a mão na boca, e eu olho pro seu maxilar trincado.

Braga: Bora, pô. O que vocês vieram fazer no Brasil não foi ficar sentado olhando pro vento não. — Fala, olhando diretamente pro Ferreira, enquanto joga o cigarro de maconha no chão, pisando.

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