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Estela

Inspiro fundo, sentada no banquinho em frente ao vestuário que a Bruna está escolhendo as roupas e me mostrando para ajudar ela. Toco devagar o pingente do colar cravado com minha letra que está preso em meu pescoço, sorrindo fraco me lembrando de quem me deu.

Bruna: Olha, essa aqui já vejo perfeitamente no teu corpo. — estreito meu olhar analisando a sainha preta em couro posta em suas mãos. As unhas pintadas na cor vermelha se destaca na palma da mão branquinha quando ela balança a peça. — Leva.

— Ãm — deslizo a língua pelo meu lábio inferior, passando forte minha mão pelo pescoço. — Eu levo.

Levanto impaciente, ajeitando minha postura. Enquanto a Bruna conversa sua voz fica distante nos meus tímpanos, assim que eu percorro meu olhar pela lojinha do shopping que a gente veio, sentindo minhas costas queimando como se estivesse com um olhar distante seguindo cada movimento meu, milimetricamente.

Bruna: Me espera aqui, eu vou ali rapidinho pagar. — ela sorri toda animada, depois de ter comprado as coisinhas dela. O sorriso ladino se forma no meu rosto ao ver ela toda alegre.

Mordo o cantinho da minha boca, sentindo o celular na minha bolsinha vibrar. Franzo minhas sobrancelhas, desviando o olhar dela que chega até a atendente que de longe eu escuto perguntar a ela se era só aquilo que ela queria levar, típico.

Abro o feixe puxando meu celular, segurando direitinho as sacolas das lojas na minha mão enquanto deslizo a notificação da barrinha após desbloquear com minha digital, lendo o nome dele ali.

Braga: Nico e Ferreira já tão indo
Braga: não demora, preciso te mostrar um bagulho

Minha auditiva é invadida pela voz da minha amiga que grunhi felizinha.

Bruna: Essas lojas não tem como a gente sair sem deixar um rim, se ela me mostrasse mais uma coisinha levava tudo. - desligo o celular desviando minha atenção pra ela. Os cachos se movimentam no mesmo instante que ela faz o gesto sutil, balançando a cabeça. — Porra, tá gostosa pra caralho com essa marquinha de fita. Que isso, parece que só faltava isso pra te deixar ainda mais linda. — se aproxima apertando meus seios nas duas mãos. - Gostosa.

— Se o desejo do inimigo é ver nós duas feias eu acho que ele tá desistindo já. — ajeito a bolsa e caminho pra fora da loja escutando sua risada.

Há exatas três horas atrás viemos da penha direto pra cá, as marquinhas alinhadas e nos sentido noventa e nove porcento mais gostosas. Nosso passa tempo é vim no shopping quando é dia de baile.

Varro com os olhos as pessoas caminhando enquanto conversam entre si, no próprio mundo. Ainda com minha atenção ao redor, engulo em seco sentindo meus pelinhos se arrepiarem quando minha cabeça da uma leve girada deixando de ser as pessoas ao redor o meu foco, procurando com o olhar cada cantinho o motivo pelo qual tô me sentindo observada e, de imediato, meu olhar capta o homem mais a frente com boné na cabeça e roupas prestas, o corpo coberto esconde qualquer característica que eu poderia notar quando percorro meu olhar pelo seu corpo.

Não demora pro mesmo disfarçar, me impedindo de reconhecer. Antes do mesmo entrar na loja mais próxima, assim que ele eleva o braço esquerdo ajeitando o boné na cabeça, a tatuagem do raio no seu ombro me faz gravar o símbolo no meu subconsciente.

Bruna: Tá tudo bem? — sua mão em contato com meu ombro me faz sobressaltar o corpo, fincando as unhas na palma da minha mão. Olho em seus olhos. — Amiga?

— Tive uma impressão ruim, um sentimento estranho quando vi aquele homem ali ó. — aponto com a cabeça pra trás do meu corpo, em direção a porta da loja. Bruna ergue suas íris castanhas na direção em que mostrei, estranhando.

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