Canário...
Dia seguinte | 13:00pm
Sou um cara que não curto muito viver fechado, sem dar uma risada e estar sempre com a cara ruim. Eu sou da paz, se ligou? preciso sempre estar bem comigo mesmo, viver alegre pra esquecer os problemas. Se tu viver como se o mundo todo tivesse culpa de um dia ruim teu, pode ficar ciente que ninguém vai querer ficar do teu lado.
Falo por experiência, pô, julgo ninguém não. Eu já fui um moleque que vivia pelos cantos emburrado, descontando no mundo as minhas frustrações, mas diante de um quadro da minha vida que, eu particularmente não desejo pra ninguém, comecei entender que os de verdade, que estão sempre do meu lado pra qualquer parada, não merecia meu estresse em vão. Mereciam mermo era viver sorrindo, nem que fosse por palhaçada minha.
Mas, na maioria da vezes, os palhaços são vistos como os tolos.
E eu te digo, não é verdade não. Eu sou assim, tenho minha personalidade e meu jeito que a maioria que me olha, me acha bobão, mas de bobo tenho nada. Eu posso não me destacar no meio de geral, mas minhas ideias e minha mente não para, tá sempre atrás da melhoria.
Perdi minha mãe ainda novinho, sabe aquela história lá, que te contam ou você já ouviu falar sobre os cria de comunidade que são criados pela avó? pois é, eu fui um desses. Minha mãe morreu pro câncer, antes dela partir eu jurei pra ela que não entraria pra essa vida, mas o que eu posso fazer? a necessidade surgiu, o peito apertou, eu olhei pra os quatro cantos e não vi mais nenhuma saída, entrei pro tráfico. Mas eu orei, antes de entrar de vez pra essa vida, eu pedi pra que Deus e minha mãe me perdoasse, mas que no mundo que a gente vive, a realidade e o peso de ser um moleque favelado, é triste.
No meu lado romântico, eu juro que eu tentei muito não me envolver sério com algumas pessoas que eu me relacionei. Pô, eu era aquele cara que pra relacionamento eu era tranquilão, se chegasse na minha vida alguém pra somar, tudo bem. Se não, eu somava com a putaria, naqueles pique.
Só que de uns meses pra cá, eu cai no papinho de uma malandra aí, que conseguiu ser mais malandra que eu e me obrigar a admitir que eu tô me apegando. Vê se pode, a pretinha laçou o coração do menino bom...
- Quem é esse cara, Jhenyfer? - Pego o celular dela, mostrando a tela. - Tá dando moral pra esses pau no cu, pô?
Jhenyfer: Moral eu só dou pra você, lindo. - Manda um beijo pra mim lá da ponta do sofá, passando algum desses esmaltes fedorentos na unha. - Esses aí eu finjo que dou.
- Tu merece é uns pau na cara. - Me levanto jogando o celular pro lado, me aproximando dela. Seguro teu queixo e olho nos olhos dela. - Se liga, eu corto suas asinhas rápido. - Dou um selinho demorado nela.
Jhenyfer: Pra onde você vai? - Pergunta, me vendo pegar a camisa no sofá, vestindo. - Não ia passar a tarde comigo, Samuel?
- Eu vou, minha pretinha. - Ajeito a camisa no corpo. - Mas eu tenho que ir na casa de um mano meu, papo de que tô atrás de uma cachorra pra criar junto com o malvadeza, meu filhote precisa me dá netos. - Vou saindo até a porta da casa dela.
Jhenyfer: Te dou duas horas pra tá aqui, se você demorar mais que isso eu vou sair com as meninas. - Mete mó marra, apontando o dedo pra mim.
Eu saio dali sorrindo, nega abusadona.
Caminho pela rua tranquilo, papai aqui conhece geral, a cada canto que eu passo um fala comigo, sou mais o governador do bairro que qualquer outro bagulho. Vai vendo.
- Vi sua mulher com um ali entrando na tua goma, Pablo. - Grito pra ele que estava no bar da esquina da casa da Jhenyfer, com uns caras. - Enquanto tu bebe ela transa.