Estela...
— Não vou. — Deixo claro. — Você tá agindo feito um maluco, eu vou embora com a Bruna.
Observo ele estreitando os olhos pra mim, não gostando do que acabou de ouvir. O foda de tudo isso, é que ele é gostoso pra caralho. A camisa preta, favorecendo as suas tatuagens e as correntes jogadas no peitoral. Sua marra predominava todo o lugar, os olhos intensos transmitiam raiva, mas não me deixava intimidada, e eu sabia que não era essa sua intenção...
Braga: Não discute comigo não, gringa... Agiliza meu lado, entra logo no carro. — Eu cruzo meus braços e nego com a cabeça, batendo o pé igual uma criança.
Costa: Eu tô tentando entender o que foi que rolou lá em cima. — Ele fala, mas eu não desvio o olhar do gostoso que me olhava com raiva, nesse momento.
Bruna: Eu perdi o que gente? quer dizer que eu não posso nem usar o banheiro quando eu sair com vocês pra eu não perder os babados?
Canário: Ih, eu vi, paizão. — Diz, debochando. — Tô começando entender.
Braga: Calem a porra da boca! que caralho, vocês estão enchendo minha cabeça. — Olha para os meninos. — Não conseguem ficar um minuto calados?
Estávamos todos perdidos, até eu. Esse maluco surtou absolutamente do nada, querendo me puxar e me deixar longe do Nenê, o menino que eu estava dançando. No começo eu não entendi nada, mas depois acendeu uma luzinha na minha cabeça, me fazendo crer que era ciúmes. Mas qual é? ciúmes? não tem nem motivo pra ele estar sentindo isso.
Ele não sentiria ciúmes de mim sendo que não temos nada, né?
— Você tá muito é alterado, doido. Maluco da cabeça. — Falo pra ele, ainda tentando raciocinar o que ele acabou de fazer.
Ele me olha, mas logo desvia olhando pra trás de mim, na direção da entrada da casa. Vejo ele ajeitar a postura, ficando com ela mais rígida e a expressão seria. Eu engulo em seco e me viro, olhando pra onde todos que estavam aqui, olharam.
O Loiro, dono da casa onde está rolando a resenha, se aproximava da gente com o semblante sério e o seu fuzil jogado no corpo, com um copo na mão. Do lado dele vinha mais dois caras, também com fuzil no corpo. Logo que ele se aproxima, seus olhos estão lançados diretamente na direção do Braga.
Loiro: Fala, irmão. — Toma um gole do líquido do seu copo, apontando em seguida pro Braga, com a mão que estava o copo. — Tô vendo de lá, essa confusãozinha aqui entre vocês. Não me leva a mal não, mas eu acho melhor mermo tu ir pra tua goma, depois do que rolou, eu acho que tu também entende o porquê eu desci aqui, pra te pedir na humildade, mete o pé.
Eu passo a mão no meu braço, sentindo uma coisa estranha por todo meu corpo.
O corpo forte e alto do Braga se aproxima de mim, por trás, apertando com uma força do caralho minha cintura, eu respiro fundo.
Braga: Meu pessoal e eu já estávamos vazando. — Seu tom de voz era grave, muito sério. — Só avisa pro teu sobrinho que eu não brinquei no que eu disse, e eu falo aqui, olhando pra tu, mete na cabeça de moleque dele, quando um homem de palavra fala qualquer coisa, ele cumpre. — Ele ergue seu braço e aproxima sua mão do Loiro, que logo ergue a dele, fazendo um aperto. — Fica na paz, Loiro.
Loiro: Vai na paz. Sem caô nenhum. — Ele me olha por uns segundos, mas eu não olho demais pra ele, me virando e indo pro lado da Bruna.
Braga: Você vai comigo. — Eu fecho os olhos com força, me forçando a ter paciência com esse ser humano. Eu não discuto mais, nem abro a boca pra dizer mais nada, indo até o lado do passageiro, entrando no carro dele.
O Braga entra, ligando o carro. Ele não fala nada comigo, só dá partida com o carro, calado.
— Não acha que me deve satisfações? — Pergunto. — Que surto foi aquele?
Braga: Surto? tu ainda não me viu surtado, gringa. — Vejo ele erguer sua mão tatuada, passando no queixo. — Maluco me tira pra otário a qualquer custo.
— Isso não foi ciúmes não né? — De imediato, ele me olha, franzindo as sobrancelhas. — É, isso foi ciúmes.
Braga: Me respeita, ou Estela. Olha bem pra minha cara, eu tenho e trinta e quatro anos, nunca na minha vida eu senti essa porra de ciúmes por ninguém, qual foi. — Eu prendo um sorriso nos lábios, vendo ele ficar atordoado, impaciente.
Eu não falo mais nada, me ajeitando no banco, mordendo minha bochecha por dentro, tentando não rir.
Braga: Tá cheia de gracinha, tá querendo rir aí? — Eu nego. — Presta atenção porra, não sinto ciúmes de ninguém não. Nem conheço esse sentimento.
— É muito bom saber disso, já que eu, Estela, sou solteira. Não temos nada e nunca tivemos, ótimo saber que você não tem ciúmes de mim. — Olho pra ele, que já me olhava. — Não tem um motivo coerente para tal sentimento, e não encontro nenhum pra você ter agido daquela maneira. Pra todos ali a gente tem algo, só pelo show que você fez.
Braga: Não gostei, caralho. O cara tava grudado em você, te apertando. Desde que eu cheguei eu vi que ele te olhava de longe, só foi uma brecha pra ele grudar em você. — Ele aperta mais o volante, começando alterar a voz, igual antes. — Porra, a vontade foi de meter serinho um soco na cara daquele filho da puta.
— Você tá se contradizendo. — Cruzo minhas pernas.
Braga: Foda-se também, e daí? e se eu estivesse mesmo com a porra de um ciúme fodido de você? — Escuto. — Se eu for imaginar todos os filhos da puta que são iguais a ele, que te olharam com desejo lá naquela laje, eu iria ficar mais doido do que já sou. Se o ódio que eu tô sentindo dentro de mim, for ciúmes, eu tô com um ciúme do caralho então.
Não falo nada, passando a mão na minha perna, sentindo os pelinhos do meu corpo se arrepiarem...
[...]
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