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Braga

Observo a chama alaranjada sobressair do isqueiro de metal queimando a seda podendo sentir o cheiro forte mas no fundo adocicado preeencher minhas narinas, no mermo instante eu elevo em direção aos meus lábios, puxando a fumaça pra dentro atento no celular posto em minha palma enquanto espero o retorno do Marlon, escutando a conversa dos caras do meu lado.

Canário: A oncinha tá solta por aí, escolheu logo o meu sonho de consumo pra arranhar. - estreito o olhar guardando de volta o isqueiro no meu bolso, sentindo o contato dos dedos dele pelo meu ombro e espaço exposto no pescoço.

— Qual foi? - olho pelo canto do olho onde a mão dele tá, bagulho todo arranhado, vermelhão, pô. - Ih, caralho. - sorrio, negando com a cabeça.

Costa: Aí a dona dos arranhões dele. - aponta com a cabeça pra direção da Estela. Eu olho pra ele que tá com uma breja na mão usando um chapéu de pescador, sem camisa e a bermuda preta. - Toda sonsa.

— Tu arrumou onde essa porra? - puxo a cordinha rindo.

Costa: Nas coisas desse fanfarrão aí. - olha pro Samuel. - Combinou mais comigo então por isso eu vou levar pra minha goma.

Eles começam uma conversa com os outros que tão por perto quando disperso do assunto sentindo meu celular vibrar, dou um trago ficando serinho passando meu olhar pela tela lendo linha por linha da mensagem notificada.

Eu: Tô na resenha do Canário, cola aqui

Marlon: Karina conversou com bruninha, tô carregando ela pra essa resenha aí.

Marlon: E te ver, seu porra. Tu some

Eu: Tô no mermo lugar, é só brotar

Marlon, primo meu. Eu tô desde novo nessa vida, ele morava pro lado de cá na Rocinha, mas pegou frente no Vidigal. Eu só tenho a Bruna de irmã, mas consideração eu sempre tive pelo Marlon, é sangue e eu corro muito pelos meus. Minha mãe é outra que curte pra caralho ele e a mulher, Karina. Tá desde novo com ela, há anos juntos.

Respiro fundo enchendo os pulmões de ar, passo minha mão áspera com o baseado entre os dedos pelo pulso ajeitando o relógio, assim que guardo o celular no bolso sentindo o contato do coldre colado na cintura. Erguendo meu olhar, encaro ela que agora tá na frente de casa com as meninas, toda ajeitadinha na sainha de couro que deixou ela ainda mais gostosa que é. A marquinha que eu não vou me cansar de analisar nela sempre que estiver alinhada, marcada na pele morena.

Bruna: Caio, nosso primo está subindo aí. - passo leve a mão pelo meu queixo, coçando. Grudo meus olhos no dela - Ele tá trazendo a Karina. - encaro suas íris castanhas da merma cor que a minha ser iluminada, deixando que eu analise bem seu rosto de menina mulher.

Canário: Marlon? - me afasto do meu carro passando o olhar pela rua com o movimento pouco do pessoal que tá pela resenha, a contenção em cada canto das duas esquinas enquanto por cá por perto o grave se alastra entrando perfeitamente pela minha cavidade auditiva ao som do MC maneirinho.

Bruna: Isso, tem algum problema ela vim pra sua resenha? - a voz em tom sarcástico me faz olhar pra ela.

Canário: Tem todos, tá ligada não? - cruza os braços na altura do peito, vejo a Bruna revirar os olhos. - Gente que anda com tu eu não quero nem perto da minha goma, mocreia. - dou risada observando ele apertar o nariz da mesma que se afasta batendo na mão dele.

— São pior que criança no maternal vocês dois, papo reto. - falo, logo sentindo minha cintura dar uma balançada pelo coldre grudado ali, encaro e puxo meu rádio quando o barulho do chiado do mesmo invade minha audição. Ligo minha frequência e no instante elevo até a direção da minha boca. - Manda.

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