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Braga

— Fez o bagulho que eu te pedi? — minha voz grossa ecoa pelo cômodo do banheiro que eu estava, apertando com toda força do mundo o aparelho que estava posto em minha mão, esperando a voz do outro lado da linha preencher minha audição com a resposta esperada.

Carioca: Claro, patrão. — trinco minha mandíbula, roçando devagar um dente no outro. — Ela já está lá, os caras levaram ela.

Respiro fundo, procurando manter minha mente no lugar porque além do caô que eu tenho pra resolver, tem ela que está deitada na cama do quarto toda encolhidinha, me esperando pra cuidar dela. Uns segundos se passam enquanto eu matuto na minha mente minhas próximas atitudes e eu logo encerro a ligação sem me importar com quem está do outro lado.

Eu sou muito certo no que eu quero, minha certeza nas minhas ações ultrapassam qualquer barreira que existe no mundo, no crime é assim, seja homem ou mulher, errou, é cobrado. Não discuto, não tento mostrar que eu tô certo no que digo, eu só pergunto uma vez pra escutar a versão da pessoa em questão e analiso por milésimos a situação passando por minha mente maluca, assistindo a pessoa se enforcar com a própria corda.

Passo a mão na maçaneta da porta e abro, saindo do banheiro sentindo meus músculos tensionados. Caminho em direção a cama, largando meu celular na pontinha dela, observando a minha neguinha escondidinha pela coberta que é passada por seu corpo pequeno.

— Tá acordada? — pergunto baixo, me sentando ao lado do seu corpo, passando a mão levemente pelo seus fios pretos esparramados pela cama. — Hum?

Estela: Eu tô. — abre os olhão preto me encarando, e eu sorrio, tendo toda sua atenção em mim. — Quem é que tá esperando e aonde? — franze o narizinho fino, quando a testa acompanha o mesmo movimento, ficando enrugadinha.

— Escutar conversa dos outros é um bagulho muito feio, sabia? — aproxima meus lábios da sua testa, beijando a mesma num movimento desprevenido, escutando a respiração dela pesar. — Uma pessoa do seu interesse, mas que eu não vou te dar o trabalho de matar ela da forma que tu quer, eu mermo vou acabar com a vida daquela desgraçada por achar que tem total controle do que pensa em fazer, passando por cima de uma palavra minha. — coloco uns de seus fios atrás da sua orelha, roçando meus lábios ali, falando rouco e baixo. — Eu já te falei, e falo para os quatro cantos que quiser saber, eu sou capaz de matar qualquer um que pense em encostar em você, Estela.

Me afasto e levanto da cama, pegando meu celular e enfiando o mesmo no meu bolso traseiro. É papo de duas da madruga, e eu tô aqui dando uma encarada na minha mulher antes de pisar fora dessa casa e matar a segunda pessoa só essa noite. Tudo por ela, aí tu me diz, eu tô maluco a que ponto? cê vai me dizer que é em muitos, mas eu tô tomando ciência que eu já nasci com esse instinto, ou eu mato quem entra no caminho dos meus, ou eu assisto as pessoas que são importantes para mim irem embora; eu já vi essa cena, já passei por isso, mas me recuso por um deslize mínimo passar outra vez.

Estela: Só não demora. — estreita os olhos. — Quero dormir agarradinha.

Olho ela virando as costas e seguindo direto para a porta do quarto, saindo, fechando por trás do meu corpo. Caminho em passos firmes até às escadas, descendo cada degrau sentindo meu corpo ser consumido pelo ódio que corrompe minha estrutura. Antes de sair de casa passo pelo sofá da sala, pegando de lá a chave do meu carro, segurando a mesma na minha mão.

Saio encontrando meu carro no mermo lugar que eu deixei uma hora atrás, assim que cheguei do baile com ela, estacionado na frente de casa. Destravo e vou até a porta do motorista, entrando no mesmo, ligo a luz acima do teto e reclino meu tronco colocando a chave na ignição, enxergando atravéz da luz que ilumina por completo dentro do automóvel, minha Glock jogada no banco do carona.

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