Estela...
O caminho todo foi frustrante, colocaram uma touca na minha cabeça e minhas mãos eles amarraram. Eu estava me sentindo como se a qualquer momento meu coração fosse parar.
Meu celular estava comigo, mas eu não conseguia sentir mais ele no meu bolso, no mínino pegaram quando eu estava desacordada. A touca estava me dando falta de ar, e as minhas mãos imóveis estavam me deixando agoniada.
Xx: Que enrola, acelera esse carro! — A voz de um deles que estava do meu lado, entra nos meus ouvidos. — Já éramos pra ter chegado.
Xx: Não fode, não tenho tempo pra tuas ordens. — Depois disso eu sinto o carro ir mais rápido, estávamos passando por uma estrada de chão, as pedras no caminho indicam isso.
Eu começo a tossir, me mexendo no banco, procurando uma posição que não me deixe tão desconfortável, mas isso era impossível.
O carro para depois de uns minutos, e eu engulo seco ouvindo a porta da frente ser aberta, a pessoa abre a porta do meu lado em seguida, me puxando forte pelo braço.
Xx: Anda caralho. — Eu saio cambaleando as pernas, já que eu nem sabia aonde eu estava pisando. — Vai porra. — Me empurra com mais força, os meus pulsos estavam doloridos e minha respiração fraca.
— Dios mio. — Minha voz sai fraca, quase que inaudível.
Sou forçada a parar, e escuto um barulho de uma porta sendo aberta e a mão no meu braço me apertando ainda mais, me empurrando para direção que ele queria. Sem esperar a touca é retirada da minha cabeça, me fazendo piscar os olhos algumas vezes tentando olhar para onde eu estava.
A escada em que estávamos era enorme e levava até um porão, umas lâmpadas estavam acessas lá embaixo, me trazendo algumas náuseas no estômago, parecia estar sujo. Eu começo a mexer minhas mãos impaciente e olho para o meu lado, onde dois homens vestidos todo de preto estavam.
Xx: Aqui é onde você vai ficar. — O que me segurava fala no meu ouvido, eu afasto minha cabeça rápido. Não me daria ao trabalho de falar nada. — Calma, lindinha.
Sua voz não era estranha para mim, eu tenho a impressão que esse timbre de voz já foi escutado por mim em alguma ocasião da minha vida.
Xx: Desce. — Me empurra em direção às escadas e eu vou descendo, sentindo meu coração acelerar por dentro. Eu só não iria transmitir medo.
Ele me coloca sentada numa cadeira, indo por trás e amarrando minha mão na cadeira com outra corda, a que estava já me apertava muito, essa que colocou agora fez meu pulso quase que torcer. Hijo de puta.
O homem vem para a minha frente e tira a touca, minha expressão surpresa acaba deixando ele crescer o sorriso no rosto.
HT: Surpresa? — O sorriso alarga. — Foi difícil pra caralho te encontrar sozinha naquele morro, te protegeram muito. Mas agora você tá aqui...
— Desgraçado. — Xingo, sentindo o ódio me corroer. — Você é um imprestável!
HT: Eu tô realizado, e muito... — Se agacha e me olha virando a cabeça pro lado. — Tá cada vez mais linda...
Eu desvio o olhar do dele, prendendo a respiração por um tempo, olhando para os dois que estão atrás dele.
HT: Como é o nome mesmo? — Fala depois de um tempo calado. Danda um sorriso diabólico e apavorante na minha direção. — Gomes, ele me deu passe livre na favela, me ajudou a entrar, fez os outros pensarem que eu já era conhecido deles. — Se aproxima de mim, colocando um dedo no meu queixo. — O patrão vai gostar de saber que estou com você, pequenina.
Eu dou uma puxada brusca, tirando meu queixo da sua mão. Desviando o olhar dele, eu estava me sentindo como se fosse um pedaço de carne pronto pra ser devorado, sentindo como se a qualquer momento fossem me engolir.
— Você é tão incompetente que precisou de ajuda. — Sorrio, olhando nos olhos dele. — Se fosse tão bom, entraria lá e faria o que foi mandado. Mas sabe que seria morto, caso tentasse...
Ele soa o nariz, como se tivesse cheirado meia carreira de pó e coloca sua mão no meu pescoço, apertando. Minhas mãos estavam presas, eu não poderia nem tentar tirar a mão dele dali... estava começando a perder o fôlego.
HT: Me provoca e eu só mando teu corpo gelado num caixão pra casa do teu pai.. — Ele me solto rápido, eu começo a tossir sem parar, sentindo um tapa forte no rosto, a droga de um tapa de um homem, é a coisa mais dolorosa de se sentir. Eu sentia meu rosto queimar. — Eu não quero ouvir sua voz. Bora vazar, tranca tudo. — Sai junto com os outros dois até às escadas.
— Vocês vão morrer tão feio. — Falo para ele escutar, sorrindo em meio ao ódio. — Lembra do González? pois é, ele foi o teu primeiro patrão. Meu pai decepou o corpo dele ao meio. — Conto pra ele, me recordando do vídeo que eu vi. O Ht para de andar, ainda de costas escutando o que eu falo. — Lembra? no último segundo de vida dele, o recado que ele deu foi pra você nunca se meter com a minha família, mas eu acho que você não entendeu bem.
Ele não vira para me olhar, só sobe as escadas sem olhar para trás, batendo a porta com toda força. Eu sei qual é o ponto fraco dele, até porque o González quem o criou, e eu não vou medir esforços para fazer esse bastardos sentir metade da raiva que eu tô sentindo.
O Ht é filho do maior inimigo do meu pai, ele quem me ameaçou e fez meu pai matar ele logo que eu entrei para os negócios. Quando o pai dele foi morto, o tio dele quem o abraçou e não deixou ele desamparado.
O erro do meu pai foi não ter matado ele junto.