Capítulo 34

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Borges

Termino de estacionar a Evoque na esquina da casa de um parceiro aqui na Penha. Desço travando as portas com a visão da minha contenção fazendo a minha segurança e mais a frente tá o Choco e o Braz, como sempre, parece até carrapato, papo reto.

Ajeito o relógio no pulso, a peça de ouro fica reluzente a luz do poste, coisa cara mermo. Ergo minha visão vendo o Braz chegando perto de mim.

Braz: Tô com raiva ainda, mas não posso deixar de reparar em como é gostoso - me olha de cima a baixo passando a língua nos lábios - Tá lindo, vida.

Eu: Tô ligado, pô - ajeito a arma nas costas e vou subindo o lance de escadas, quando chego no último degrau tenho a visão da laje grande pra caralho e o cheiro de churrasco misturado com bebida.

Eu gosto da resenha com os crias, mas tô ligado que na maioria das vezes é só perdição, papo reto. Briga é uma parada que eu evito pra caralho, mas nesses meios de drogas e bebidas fica difícil evitar o bagulho, isso que é foda. Mas é bom pra manter as alianças em dia e curtir com os mais chegados.

Olho pra frente recebendo o olhar de quem já tá no local, daqui dou um aceno de cabeça pro dono da casa, Leone. O cara vem na minha direção sorrindo com os dentes todos de ouro, feio pra caralho, papo reto. Ele aproxima sorrindo, eu estendo a mão pra figura mais baixa e ele me puxa pra um abraço, tamo separados pela barriga dele que é grande pra caralho. Aí tu pensa... uma fórmula de fazer caralho, como é esse cara, consegue arrumar mulher a custo de que? Dinheiro, pô, o dinheiro move montanhas.

Leone: Finalmente te vejo, irmão! Tu sumiu porra, gosto de tu, Borges seu gostoso - Choco e Braz olham pra ele em uma marra do caralho - Fica suave que eu não vou roubar o homem de vocês não.

Eu: Tudo na paz, Leone? - pergunto ao cara que vai me  puxando pra uma rodinha com uns caras e algumas mulheres.

Leone: Tô bem, melhor impossível, papo de visão - aponta pra mim sorrindo - tô sorrindo pra caralho por te ver, pô.

Eu: Pode fechar a boca que eu não sou dentista - me sento na cadeira branca pegando o whisky que ele estende pra mim - tá ligado que eu vim pra conversar contigo, se tiver bêbado eu nem trato nada.

Bebo o copo com whisky puro, mas tá forte pra caralho. Olho pro lado me inclinando na cadeira até o cooler pequeno e tiro um gelo de coco pra completar o copo de vidro.

Leone: Que isso, é assim que me trata? Tô ligado que tu veio fazer acordo.

Eu: Com bêbado não se combina nada, melhor pra evitar frustração mais pra frente - vejo ele confirmar se sentando em minha frente, quem tá em volta continua conversando sobre o som alto na laje - E frustração é uma parada que eu não costumo resolver na conversa.

Leone: Qual foi, Borges? Eu tô te falando que tô sóbrio, fala o que tu quer propor - apoio meus cotovelos nos joelhos, segurando meu copo - Sou todo ouvidos.

Eu: Meu comando tá fluindo bem pra caralho com relação aos lucros e vendas, tá entendendo? - ele confirma passando a mão no nariz feio pra caralho - Mas tô com algumas ameaças de invasão, aí que tu entra - ergo meu corpo na cadeira tomando mais um gole do meu whisky olhando diretamente nos olhos desse barrigudo - Preciso de apoio com alguns homens só por enquanto, por essa semana que vem aí, tá ligado? Qual vai ser da tua parte?

Leone: Pode levar, tá ligado que aqui nós fecha todo mundo junto, se eu preciso sei que tu vai me ajudar - se eu fosse ele não teria tanta certeza, mas deixa ele pensar que eu ajudaria - Pode levar quantos tu quiser, tem crédito comigo, pô! Era só isso? - confirmo dando um sorrisinho de lado - Pensei que fosse coisa grande, mas tá suave, Borges. Agora vamo beber e comer umas gostosas né não?

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora