Bianca
Ajeito meu corpo na cadeira do hospital, sentindo uma tontura forte e um mal estar que me deixa totalmente inebriada, não consigo pensar direito, falar ou qualquer outra coisa que axija esforço. Tô me sentindo mal desde o ocorrido, agora tô aqui ao lado do Aranha, que toda hora pergunta se eu tô bem e fica supondo coisas, mas eu não tô pronta a falar, não quero comentar sobre, eu estou em um desespero silencioso, apenas consigo chorar.
Olho a entrada do hospital, vendo gente saindo e entrando a todo momento, as meninas foram levadas embora e a contenção tá aqui comigo, mas do meu lado tá só o Aranha. Olho pro lado e respiro fundo, sentindo a lágrima silenciosa escorrer pelo meu rosto.
Aranha: Tá sentindo alguma coisa? Eu preciso falar com o patrão - ele toca no meu braço e eu nego, balançando minhas pernas pelo nervosismo - E tu ficou assim do nada? A gente não pode tá entrando em lugar com movimentação, por isso não entrou no shopping, mas eu tô ligado que tu tava tranquila antes de ir pro estacionamento - eu mexo um dedo no outro e ele ajeita a camisa preta no corpo - Tu não fala nada, mas que tá estranho, tá.
Eu: Eu não tô me sentindo bem, agora eu só quero descansar - falo baixo e ele me olha de lado, sentado no banco ao lado do meu - Não aconteceu nada.
Aranha: Patrão quer falar contigo, posso ligar pra ele? - eu nego, sentindo o choro querendo voltar, mas eu engulo a saliva e ele vai junto - Tu tá quase casando com um chefe do crime, a vida é difícil, tá ligada? Nem tudo é flores - eu fico calada, observando uma mulher dando comida a uma neném e ele continua - Tu tem noção que ele tem inimigos, então é perigo e por esse mermo motivo tem que falar as coisas, aquele carro cinza mexeu contigo? Patrão tem problema com a facção rival, principalmente com o tio dele - eu viro meu rosto pra ele e sinto meu coração palpitar mais forte só pela menção do nome, mas nego - Então esquece esse assunto do carro cinza, tô perguntando porque tudo aconteceu nesse intervalo de tempo.
Eu nego de novo e realmente é a verdade, o carro do tio dele era um carro todo grande e preto. O carro cinza saiu de outra parte do estacionamento, não era dele, mas eu também nem sei falar mais nada, meu momento é de choque, eu nunca passei por nada parecido na minha vida. Quando me envolvi com ele, eu sabia o que essa vida tem de bom e ruim, mas nunca provei por completo, agora eu tô sentindo o impacto da queda e pior ainda, eu não sei como reagir. Fico aflita sem saber se conto ao Victor ou não, porque na minha cabeça rondam as falas do tio dele sobre a minha avó e a minha sogra.
Vejo meu nome sendo anunciado na tela, então me apoio na cadeira e levanto com a ajuda do homem ao meu lado. Ele me leva até a sala e eu foco no homem que dá entrada no hospital, fico assustada por ele me olhar, mas depois vejo que é só um médico.
Xx: Boa tarde, Bianca! Sou a dra. Altair! - a mulher loira olha a minha ficha e eu respondo com um aceno de cabeça, fungando ao sentir meu choro entalado dentro de mim, puxo a cadeira e me sento de frente pra senhora - Tava observando a sua ficha agora, tá grávida e se sentindo desse jeito que foi descrito aqui?
Eu: Não tô me sentindo bem, toda hora tenho uma sensação de desmaio, falta de ar e a visão embaçada, não tô bem... - sussuro baixo e logo minha garganta se fecha, voltando tudo de novo - Minha gestação tá quase entrando no terceiro mês.
Altair: É o período de maior risco pro seu bebê, você sabe disso, não é? - eu balanço minha cabeça e ela se levanta com um aparelho pra medir minha pressão - Eu já pedi os seus exames, vou fazer uma avaliação breve e quando chegar os resultados, a gente conversa melhor, porque é arriscado, todo cuidado é extremamente importante nessa fase.
Eu só queria que ele tivesse aqui comigo e que nada disso tivesse acontecendo, porque tava tudo indo tão bem e agora parece que desandou de vez. Depois de uns minutos, eu ouço apenas o barulho do ar condicionado e a voz da doutora surge novamente, após analisar os exames que chegaram a pouco.
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Além do Impossível
FanficAmar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.