Capítulo 120

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Bianca

Fecho meus olhos e respiro fundo, sentindo a dor das contrações, a dor começa nas minhas costelas e vem pra frente, me tirando altos suspiros pela sensação. Aperto forte a mão de amor, sentindo a dor ficando mais forte, depois ela para. Tá sendo assim a cada 3 minutos e o soro tá fazendo a dilatação acelerar, porque eu só tava com 2cm de dilatação. Passo a mão pela minha barriga, sentindo os chutes deles e a dor querendo voltar.

Eu olho pro lado, vendo o jeito que amor tá nervoso, mas ele tenta se controlar pra não me deixar nervosa. O caminho até aqui foi um desespero, porque ele ficava com medo por mim e tinha medo de ter alguma fiscalização na pista, mas deu tudo certo. Agora ele tá aqui do meu lado, a camisa dobrada até o antebraço, já tá todo desarrumado e olha que a grávida sou eu.

Borges: A dor já passou? - eu confirmo e ele passa a mão no cavanhaque, se sentando na cadeira ao lado - Não era melhor fazer cesariana? - eu nego e ele fica me olhando, enquanto segura a minha mão - Se fosse pela cicatriz, eu pagava pra tirar, era melhor que sentir essa dor.

Eu: Normal eu volto a fazer minhas coisas mais rápido, então eu prefiro aguentar a dor - falo de olhos fechados, sentindo ele ajeitar o meu cabelo - Eles foram os primeiros e os últimos, a fábrica fechou pra você, Vitinho.

Borges: Depois a gente negocia isso aí - eu dou risada, mas paro assim que vem outra contração, me tirando outro suspiro forte - Eu não vou aguentar isso não, papo reto.

Espremo meu corpo, sentindo minhas costas doendo muito, meus pés inchados parece que tá pesando no meu corpo. Ainda tive que trocar de roupa, porque eu não ia chegar vestida de noiva, nesse tempo o Victor ficou mais desesperado que eu,  homem é tudo fraco, imagina se fossem eles nessas horas.

Depois de tomar todo o soro, eu voltei pro exame de toque e a dilatação já tava no limite, agora eu tô entrando em trabalho de parto. Eu fecho meus olhos, balançando minha cabeça de um lado pro outro, sentindo as dores oscilando e o suor no meu rosto. Abro meus olhos, encarando o teto branco, sentindo a respiração falhando e o coração batendo forte no meu peito. Sinto a enfermeira mexendo nas minhas pernas, alargando ainda mais e eu solto um resmungo mais alto, sentindo minha pele se esticando toda. Solto o ar pela boca e aperto os meus olhos, ouvindo as vozes de todos aqui na sala, mas eu não consigo entender nada, só consigo focar na dor absurda que eu tô sentindo.

Xx: Respira funda e solta pela boca, Bianca! - eu engulo a saliva e respiro fundo, soltando todo o ar e fazendo força - Não desiste, já tá dando pra ver a cabeça, faz pressão!

Eu pressiono com toda minha força, ouvindo a respiração do Victor, que tá atrás da maca, segurando na minha mão. Paro de pressionar e volto a respirar fundo, sentindo a dor ficando ainda mais forte e a minha pele se rasgando, quando a cabeça passa. Eu volto a pressionar mais forte, sentindo algo deslizando totalmente, de imediato escuto o choro alto, que se mistura com o meu.

Xx: É um menino! - escuto a voz de um homem e a lágrima desce pelos meus olhos - Agora falta o outro, vamos repetir o mesmo processo, Bianca!

O Victor não se mexe, fica todo travado atrás de mim e eu sinto o choro se intensificando pela dor, pela sensação, por tudo. Meu corpo se arrepia e eu pressiono com toda minha força, ouvindo os dois choros se misturando e a equipe médica comemorando.

Borges: Já passou - ele tira a máscara e beija o meu rosto, enxugando as minhas lágrimas - Tá ouvindo o chorinho deles? - eu confirmo, passando as mãos pelos meus olhos, sentindo várias sensações - Agora a gente vai conhecer os papaizinho...

Eu olho pro lado, ouvindo o choro deles ficando mais próximo e as enfermeiras colocam eles do meu lado, sinto as lágrimas descendo e um sentimento diferente surgindo em mim, tenho certeza que o Victor também tá sentindo a mesma coisa. Ele passa pro outro lado, olhando eles chorando e chora também, me olhando sorrindo, mas com os olhos cheios de lágrimas.

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora