Borges
Toco nas pontas da minha camisa e ajeito ela nos meus ombros, sentindo o tecido macio se ajustando no meu corpo, nessa manhã com o sol forte. Caminho cercado pela contenção, dois de cada lado e ao meu lado tá o Choco, conversando o tempo todo, todo mundo de ressaca, mas o crime não para, correria é certa.
Olho as ruas calmas do morro, o sol iluminando cada parte, trabalhador na atividade sempre e o movimento comum de um morro, mas ainda tá tudo muito recente, por isso essa calmaria toda.
Choco: Eu só tô aqui, porque é obrigação, mas eu tô todo fudido, BG - ele passa a mão nos olhos vermelhos e eu sorrio de lado, vendo um pato correndo na minha direção - Óia o pato, moço!
O pato faz barulho do meu lado e eu dou risada quando ele sobe o morro de novo, pulando dentro de uma bacia de lavar roupa, que tá cheia de água e uns brinquedos. O jeito do pato andar me lembrou a pretinha por causa da bundinha empinada, que fica mexendo, quando ela anda.
Cuzinho: Patinho tá melhor que nós mermo - ele passa o fuzil pro outro lado do ombro, fazendo barulho quando pisa em cima de um copo plástico - Era só um quá e o Cuzinho ia de base, tô destruído - ele fala com a voz arrastada e o pato bate as penas na água.
Pato: Quá, Quá, Quá! - eles dão risada e eu nego com a cabeça, vendo uma menininha sair de dentro da casa, vestida num biquíni roxo de criança, tem até desenho - Quá!
Xx: Quá Quá, eu falei pra você não ir pra rua e você foi! - a menininha aponta o dedo pro pato e eu sorrio - Não pode ir pra rua, você vai ser pisado, Quá Quá! Eu não vou falar mais com você, você não me escuta! - ela cruza os braços, fazendo bico e depois começa a chorar.
Eu: Esconde o fuzil pra ela não ver - falo com os quatro que tão portando fuzil e na hora a peça é colocada de lado, escondida na lateral do corpo deles - Quando passar por ela mantém a guarda e vamo subir lá pra boca principal - falo sério, colocando a mão no bolso e me viro pro lado, a menina me olha e balança a mão pra mim, então eu balanço de volta, vendo o pato beliscando o pezinho dela.
Choco: Eu tenho vontade de ter filhos, sabia? Mas não é possível no meu caso - eu franzo o rosto, passando a mão pelo meu nariz gelado - Eu só pego velha, então as coroa tão tudo na menopausa, sei nem como fiquei com a Tifanny, mas ela é diferente - o Cuzinho olha pra trás na merma hora e eu fico calado, subindo essa porra que não tem fim.
Cuzinho: Você já pegou a loira, Choco? - o cara de pele preta confirma e ele fica sério, ajeitando o fuzil depois que a gente passou pela criança - Talaricagem tá solta mermo, tua cara de alandelon sempre entregou, eu que não percebi - o Aranha bate nas costelas dele, mandando manter a postura.
Choco: Relaxa, Cuzinho, foi só um pente e rala, tu tem o caminho livre - ele passa a mão no cavanhaque e eu ajeito meu boné azul pra trás - Mas é aquela coisa, né? Eu tô na boca e na mente dela, é difícil esquecer o pretão.
Eu olho as farpas de criança mermo, parece isso, então eu deixo, mas só porque tô relaxado, homem mais tranquilo que eu não existe. O que eu transei essa noite, vai recompensar todo estresse que eu vou passar hoje, papo reto. De todas as minhas fodas com ou sem ela, essa foi a melhor, peguei tudo que eu queria, então é pouco papo.
Meu ego já era alto, mas hoje em dia ele não tem mais limites, sou chato mermo.
Eu: Chegou, então mantém a postura e age como a porra dos bandido que vocês são, só assim vai ter respeito e eu não quero bagunça no meu comando - falo sério e eles param de conversinha, então eu ajeito minha glock na cintura e a AZBG na bandoleira, que é a medida certa do meu ombro até a cintura - Pega a frente e vasculha a área toda, não quero ninguém do comando anterior, troca todo mundo e se resistir, pode terminar de matar.
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Além do Impossível
FanfictionAmar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.