Capítulo 95

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Bianca

A Tifanny paralisa olhando pra Thalita e eu fico olhando pro Mochila, que mexe no celular sem saber de nada, ele nem imagina. Eu só fico pensando como a Thalita ficou com um menino de 16 anos, ou pior, 15 anos, porque ele acabou de fazer 16.

Elas se encaram e eu vejo a expressão de desespero estampada no rosto da minha amiga, eu passo a mão pela frente da minha garganta, sentindo o incômodo, o meu nariz congestionado e a mente pensando na bagunça que vai ser isso, porque ela não tem certeza de quem é o pai.

Tifanny: Reze muito pra não ser dele, porque se for... tu se fudeu, vai criar e bancar sozinha, porque ele só tem 16 anos - ela cochicha a última parte e eu sinto a mão da Thalita na minha coxa - Tu só podia tá necessitada, porque não é possível uma porra dessa.

Eu: É muita informação pra pouco tempo, eu ainda tô assimilando o assalto - falo baixo, olhando no rosto da Thalita, que agora tá sem cor - Você vai conversar com ele e esclarecer as coisas, amanhã faz a mesma coisa com o Hugo.

Thalita: Eu tô tão desesperada, não sei o que pensar direito - ela fala baixo, começando a chorar e o Mochila atende o celular, saindo da sala.

Tifanny: Eu pensei que eu era a mais doida daqui, mas pelo visto não sou - eu vejo a seriedade nela, pela primeira vez e fico ouvindo calada, enquanto a Thalita chora - Deu pra um moleque de 15 anos e ainda foi sem camisinha, Deus tenha piedade de você e faça essa criança ser do Braz.

Thalita: Eu já entendi, Tifanny, a merda já tá feita, então não precisa ficar falando o tempo todo! - ela fala com a voz rouca do choro e eu abaixo meu olhar, vendo uma baratinha passando pelo piso branco - Amanhã eu vou conversar com os dois, eu não sei quem é o pai, então vai ter que fazer o teste.

Eu: Mas você acha que não é do Hugo, né? - ela confirma e eu dobro meus lábios pra baixo, ficando sem resposta - Só fazendo o teste pra saber, mas agora não adianta euforia, porque como você mesma falou, a merda já tá feita.

Eu olho cada uma das duas e me inclino na mesinha de centro, pego um misto quente pra mim e como, enquanto elas ficam em silêncio, o clima estranho ficou desde que o Mochila pegou aquele boné e também não era pra menos. Eu mastigo um pedaço, dois, três e no quarto eu sinto uma sensação ruim no estômago, então deixo de comer e começo a beber a coca pra ver se passa a sensação de queimação na garganta.

Eu franzo meu nariz, sentindo a sensibilidade na boca assim que bebo a coca, minha saliva fica acumulada e adocicada, me causando um enjoo de novo, desde cedo eu fiquei assim, toda vez que fico nervosa meu corpo reage rejeitando tudo a minha frente.

Eu olho pra frente, vendo o Mochila passando pela cozinha, depois ele volta e fica encarando a Thalita chorando, mas desvia pro celular tocando no bolso dele pela segunda vez. Eu pego meu celular, vendo se tem alguma mensagem do Victor, mas não tem nada e eu só fico naquela ansiedade de ver ele e explicar o que aconteceu, não quero que ele fique com raiva pelas correntes.

Tifanny: Minha PCX novinha e o filho da puta levou, nada nesse dia deu certo - ela estala a língua no céu da boca, desviando o olhar pro irmão - Tira os pés do sofá, porque se manchar eu te faço limpar com a língua, tira logo, Gustavo!

Machila: Ih, filha, vai fazer um filho pra tu mandar - ele debocha dela e eu fico calada, vendo a Thalita comendo o pão toda pensativa - Tu é toda tilt, papo reto.

Tifanny: Eu sou tilt? - ela aponta pro próprio peito e ele confirma - Pois, meu querido, pode dormir tranquilo, quando acordar vai ter surpresa, aí você vai ver quem é o tilt.

Mochila: Tô suave, Tifanny, nada me abala nesse momento - ele fala rindo e eu me levanto rápido pra ir na cozinha - Quase caiu, Bibi perigosa.

Eu: Eu levantei rápido, aí deu tontura - ele dá risada e eu sorrio negando, vou até eles e pego os copos vazios pra lavar - Esse pão sempre me dá enjoo, ele é integral? - ela me olha por um tempo e nega, rodando o olhar por todo canto.

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora