Bianca
Entro em casa, ouvindo ele arrancar, com o carro, morro a cima, fecho a porta atrás de mim e respiro fundo, olhando o escuro que tá aqui na sala, caminho até o sofá, tirando minhas botas, com a cabeça a mil.
Deixo minhas botas de lado e ouço o miado do Clóvis, de imediato ele sobe no sofá e se deita no meu colo. Uma madrugada mais longa que essa eu nunca passei, foi de 0 a 100 muito rápido, o show foi muito bom, tava tudo tranquilo, até aparecer aquela Janayna, me tirando do sério todas às vezes que ela apareceu. Foram três vezes e nas três o Victor foi falar com ela, por isso eu fiquei bem irritada, mas nem sei também o que eu quero disso tudo.
Abro minha bolsa pra pegar meu celular e bufo, quando sinto o cabo da arma dele aqui comigo, eu ia esquecer de devolver quando entrei no táxi e esqueci agora. No táxi foi uma humilhação, tinha esquecido que tava em Angra e entrei, quando o cara me falou que seria 350 reais, eu desci no outro lado da avenida mesmo e tive que vir com o Victor. Mas o pior momento foi na blitz, eu fiquei muito nervosa e preocupada achando que ele seria preso.
Me levanto pra ir pro quarto e o meu gato me segue, fecho a porta e acendo a luz, tirando a arma da bolsa, colocando entre as minhas roupas. Mais tarde eu peço pra ele vim buscar, porque do jeito que o Victor saiu, vai ser só estresse se eu chamar agora. Tomo um banho rápido e vou me deitar pra descansar um pouco e tentar esquecer do dia de hoje.
[...]
Agora pela manhã eu subo o morro, indo pra casa da Thalita, hoje eu tirei pra ficar tranquila, não tenho trabalho, então vou ficar com ela e a Tifanny. Porque logo cedo, a Monique tava querendo discutir, então pra evitar eu resolvi sair. Pulo o meio fio, pintado de branco, e dobro na esquina, descendo a ladeira que dá na casa da Thalita, faço uma curvinha na minha mão e coloco na frente do meu rosto, me protegendo do sol, toco a campanhia da casa de dois andar e ela desce as escadas com a cara de sono.
Eu: Abre logo que o sol tá daquele jeito - falo me mexendo pra tentar pegar uma sombra e ouço o ferrolho do portão, batendo no ferro, ela abre e eu entro rapidinho, sentindo a sede me invadir - Quero água também.
Thalita: Meu bem, eu acabei de acordar, estão vamos por etapas, tá bom? - eu dou risada e vou pulando de dois em dois os degraus, até chegar no andar de cima, entro na casa e dou de cara com a Tifanny comendo um misto.
Tifanny: Bom dia, sumida - ela me chama com as mãos e eu me aproximo, me abaixando pra abraçar ela - Que cabelo é esse, Bianca?
Eu: Eu finalizei ontem, mas destruiu tudo e eu tô sem creme pra arrumar - faço um bico, me sentando no sofá em formato de L, olho a Thalita deixando as chaves no suporte da televisão, vindo se deitar na outra parte do sofá - Tô largada hoje, animação zero pra fazer qualquer coisa.
Tifanny: Aqui tem creme, é da irmã da Thalita, mas a gente usa e eu finalizo seu cabelo - ela fala limpando os pedacinhos de pão que tá na boca dela e eu finjo choro - Chora não, gostosa, aproveita que eu tô boa e não gosto de ver minhas amigas assim - ela fala e faz cara feia pra mim - Toda feia e desarrumada, sabe?
Eu: Não vou te xingar só pela sua boa vontade, mas o creme é do que eu uso? - eu pergunto, coçando meu braço, vendo ela apoiar o pires no braço do sofá - Porque o que eu gosto tá em falta.
Thalita: Tu usa salon line né? - confirmo, vendo ela de barriga pra baixo, deitada no sofá - É desse mesmo que tem aí.
Eu: Graças a Deus, eu posso tá como for, mas meu cabelo tem que tá bonito - tiro o botão do meu short pra poder respirar melhor - Posso lavar meu cabelo agora, Tifanny?
Tifanny: Vai lá que eu quero as notícias da sua noite de putaria - ela faz a cara de safada e eu nego - Deu muito, não foi?
Thalita: Já deve tá sem pregas, esse povo é assim, quando libera a priquita, não para mais - eu reviro meus olhos e vou pro banheiro, se elas soubessem como foi um desastre...
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Além do Impossível
Fiksi PenggemarAmar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.