Bianca
Sentada de frente pro espelho do meu guarda roupas, eu finalizo o meu cabelo, ouvindo o som baixinho que a Tifanny colocou, tá tocando um pagode e eu tô só ignorando a letra, porque fico me lembrando do cachorro, sonso do Victor que me tira a otária, porque o papinho furado dele não me convenceu.
Rodo a mecha fina entre os meus dedos, dando forma ao cacho bem formadinho, rodo o dedo na pontinha, observando todo o comprimento do meu cabelo cacheado. Ajeito minha posição, jogando todo meu cabelo úmido pra trás, enquanto a Tifanny começa a sambar, segurando no cabo da vassoura.
Tifanny: Melhor o final, melhor assim, é... - ela berra e eu fecho meus olhos, sentindo minha cabeça doer um pouco - Cadê a animação nessa casa? Vamo, mulheres, cadê o empoderamento feminino? - abro meus olhos, vendo o Clóvis se lambendo.
Clóvis: Miau - ele mia, olhando a Tifanny, observo seus olhos verdes e a pupila apenas um feixe fino - Miau.
Thalita: O empoderamento feminino tá socado no teu cu - elas dão risada e eu faço bico, me olhando no espelho grande - Vem com esse papo feminista não, que eu odeio causas, odeio a vida na verdade, credo!
Eu: Calem a boca, gente! - falo baixo, pegando a pinça pra tirar uns pelinhos das minhas sobrancelhas - Tô agoniada com esse pagode, a voz de vocês, eu... Não tô com paciência.
Essa madrugada eu nem dormi direito, tava tentando dormir, mas o Victor me ligou e tudo desandou, porque eu comecei a chamada no ódio e terminei chorando. Porque ele sumiu o dia todo, quando aparece é me cobrando coisa sobre o Ferreira e depois eu soube que ele tava junto daquela mulher, bem na hora eu ouvi o homem chamando pelo nome dela.
Eu realmente tô bem desanimada com tudo, porque não queria que nada fosse desse jeito, tava animadinha com a nossa relação e no final foi tudo do jeito que me falaram que seria. Eu realmente não nasci pra ser feliz, desde o berço eu sofro.
Tifanny: Vou ficar quietinha agora, dor de corno sempre é compreensível - eu olho pra ela, não falo nada, apenas encaro ela, que vira o rosto - Não tá mais aqui quem falou - ela começa a varrer o meu quarto e eu puxo o pelinho no cantinho da minha sobrancelha - Eu queria ir numa festinha hoje, ia usar meu saltinho branco de cordinha, sabe? - eu confirmo e a Thalita me ajuda com a sobrancelha - Mas esqueci no carro do Ferreira, vou até mandar mensagem pra ele.
Eu: Nem me lembra desse embuste, criei um ódio enorme da cara dele, sério mesmo - passo minha mão no meu buço, sentindo ele suado - Criei ódio de homens no geral, são umas coisas brabas, encarregados do demônio! Raça maldita! - falo de uma vez e a Thalita me olha, franzindo as sobrancelhas.
Thalita: Amiga, você tem que falar com esse homem, entender o que rolou, tu conversa e depois termina com ele - eu fico calada, observando seu rosto próximo do meu, a cada fio tirado eu sinto meus olhos se enchendo de lágrima - Tá doendo? - eu confirmo, sentindo a lágrima descer e ela dá risada.
Eu: Eu me apaixonei pela pessoa errada, ele não é pra mim, é muita areia pra minha pequena caçamba - cruzo minhas pernas em formato borboleta e ela passa pro outro lado - Bandido, bonito, rico, ou seja, é um problema, um monte de mulher desejando o que eu achei que era meu, mas é de todas - eu solto uma risada baixa, olhando meu reflexo no espelho.
Tifanny: Os dois são bonitos, ele é gostoso, mas você é linda! - ela fala alto, lá do banheiro e eu fico ouvindo - Se eu fosse sapatona eu te pegava, amiga! Te comia de todo jeito, era surra de priquito em você e na Thalita - vejo a cara de nojo da morena e dou risada.
Thalita: Eu sempre te achei uma piranha sapatona, hein Tifanny? - passo a língua pelos meus lábios, tampando o creme que ele me deu - Talvez tu seja o significado da bissexualidade, ainda não se descobriu.
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Além do Impossível
Fiksi PenggemarAmar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.