Capítulo 78

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Borges

Volto pra boca, passando as mãos no meu rosto e logo desço do carro, ajeitando minha camisa no meu corpo, troquei de roupa depois de tomar um banho pra ver se relaxava. Travo meu carro, ouvindo até o barulho me irritando, papo reto mermo. Ando devagar, sentindo meu corpo relaxado, mas a cabeça tensa pelo jeito que eu deixei ela.

Troco as chaves de mão, passando a mão pelo meu cavanhaque, já sentindo os fios crescendo pelos lados, hoje à noite eu vou fazer, porque ela gosta feito. Olho pra frente vendo os caras do mermo jeito que eu deixei e logo assobio pro Choco vim até aqui, porque eu tô querendo distância de muvuca. Ele me olha e bate no ombro do Braz, fazendo ele acordar e os dois vem na minha direção.

Ajeito a arma nas costas e puxo um baseado, acendendo com o isqueiro quadrado. Acendo rápido, vendo a fumaça subir e logo os dois chegam perto de mim, bato minha kenner no chão, ouvindo o barulho e logo eles param na minha frente.

Choco: Fala, meu pitbull enraivado, fala que hoje eu tô animado - ele fala todo agitado e o Braz me olha com a cara de sono - Tá muito lindo hoje viu?

Eu: Ãhm, tô ligado - resmungo baixo, olhando pro cara do reflexo e ele não me olha de volta, apenas coça os olhos e ajeita a bandoleira do fuzil - Quero os dois comigo indo na concessionária, contenção tá ocupada resolvendo as parada da invasão, tá ligado?

Choco: Ainda, pô, comprar uma nave novinha, deixar forte mermo - ele pula na coluna do Braz e eu franzo as sobrancelhas, sentindo a fumaça fazer meus olhos arderem.

Braz: Vamo de moto, Choco - ele fala sério e se vira pra trás, caminhando até à XRE preta e o Choco manda beijo pra mim, indo atrás dele.

Fumo meu baseado, pensando um pouco sobre tudo que aconteceu nesses últimos dias e logo puxo meu celular pra mandar mensagem pra chorona. Tô ligado que falei besteira pra ela, ainda mais naquele momento, tinha nada a ver eu falar aquele bagulho, papo reto.

Todo bandido tem noção que o tempo é curto pra caralho, a gente entra nessa vida sabendo dos perigos e tudo que envolve o crime. Aceita quem quer, eu nem tive escolha, meu pai era traficante, eu seria o que? Estudar era um caralho, bagulho era o crime desde pequeno, nasci pra ser herdeiro, tava no sangue que eu ia assumir o império do seu Jorge. Mas não achei que seria do jeito que foi, matei ele e conquistei o meu com o meu próprio esforço.

A morte ela é inevitável, eu posso evitar por diversos meios, tô com a contenção justamente pra isso, mas não posso tomar controle de tudo, achando que meu peito é de aço. Mas eu erro quando falo sobre essa parada com gente que tá do meu lado, com a minha mãe eu já desisti de falar, porque ela custa a entender e com a pretinha eu não vou falar mais, porque já vi como ela fica apavorada, ver ela chorando pelo que eu falei me deixou mexido pra caralho.

Depois de tempo jogo a bituca pro lado, pegando as chaves da minha Evoque de novo, destravo e passo pela frente da boca, ouvindo as vozes dos caras lá dentro, tá geral convocando reunião pra planejar a invasão lá no Barbante, eu deixo nas mãos deles, só quero fazer o trabalho sujo e já era, pô.

Eu: Pega a frente e eu vou atrás, mas ajeita as armas pra não ficar aparente, hein porra? - falo com o Choco, apontando a glock cromada na direção dele - Vamo rápido e em dois tamo voltando.

Choco: Tô ligado, Toloce e Cuzinho vai seguir atrás e eu vou com o Braz na frente, tá ligado? - ele fala mais alto lá da outra calçada, levanto meu polegar e caminho até o meu carro, olhando a esquina cheia de moleque fazendo o plantão dessa rua de cá.

Olho os dois magrelo subindo na XRE vermelha e os outros dois vão na frente passando com a moto preta pelo meu carro. Entro na Evoque sentindo o cheiro da minha pretinha e logo passo a visão pra frente, vendo o tal do Toloce conversando com o Cuzinho, eles dão risada de alguma coisa e eu passo a mão no cavanhaque, sentindo um pouco de raiva.

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora