Capítulo 02

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Borges

Papo reto, já to sem paciência para as irresponsabilidades dos cara daqui. Mermão, acham que como tão no meio do tráfico tem que ficar resenhando e fazendo merda por aí. Aí fode..

Respiro fundo pegando a chave da Evoque, entro no carro e vou direto para a boca ver o que ta acontecendo. Assim que chego, abaixo a janela e olho pro Braz que estava rindo de algo.

Eu: Que que ta pegando, Braz? Você viu o que aconteceu?- ele para de rir e se direciona a mim.

Braz: Se acalme chefe, já tá tudo de boa, joga a responsa no peito do pai pra ver se não resolvo- bate no peito- Coé mermão, aquieta aí e encosta ali- aponta com a cabeça- vem espairecer a mente, bota logo um pra subir.

Eu: Tô precisando mermo- suspiro encostando o carro, desligo e saio indo até eles- Espero que tudo esteja como eu mandei...

Braz: Relaxa, toma aí, seu gostoso- ri fraco - passa o whisky com gelo de côco pra ver se relaxo- digo e bato a mão no bolso da calça puxando meu baseado e acendendo logo em seguida.

Eu: Vem com suas viadagem não- tomo um gole sentindo a bebida esquentar minha garganta, vejo o Choco encostado na XRE portando seu fuzil- Fala tu, Choco- faço um toque com o cara- tudo traquilo ?

Choco: Paz terrível, chefe- aperta minha mão e mantém a postura.

Vou conversando com eles ali, até que o radinho passa a informação de que houve problemas com as drogas que tavam pra vir pra cá. E ai eu caio na real de que vagabundo nenhum faz as coisas do jeito que eu espero, se quiser perfeição eu mermo tenho que fazer essa porra. Logo saio do meu momento de reflexão e já vou em direção à Evoque resolver esse caô.

Passo voado pelas ruas esteiras do morro, reduzo um pouco a velocidade porque a rua tá com movimentação. E ainda por cima uma maluca anda com a cara pra cima quase no meio da rua, ai morre e a culpa cai pra cima de quem nesse caralho?

Chegando na boca, vou logo falar com o gerente da boca 3 daqui, o arrombado do Tico, que não tem a capacidade de resolver porra nenhuma nesse caralho de morro.

Eu: Qual o caô agora ?- ele me olha demonstrando nervosismo- eu já percebi que nessa porra ninguém tem solução pra nada, eu tenho que resolver tudo, eu pago vocês pra que ? Se não tiver com disposição ou coragem dou o passe pra meter o pé, só não quero vacilo nessa porra- murmuro sério, controlando minha raiva. Bando de filho da puta mermo.

Tico: Ae, chefe, ninguém vai abandonar o barco não, pô. Problema de gerência sempre acontece, o caô foi que o cara que ia vender a carga pra nós disse que fez o cálculo errado e o valor ia aumentar.

Eu: É mermo?- afasto minhas pernas e cruzo os braços, sentindo o cabo da arma mexer na minha cintura- O engraçado é que ele me passou o valor todo certinho e o valor que ele recebeu tava ok, ai eu te pergunto se ele me enganou ou você tá tentando passar a perna em mim- vejo seu semblante mudar e o maluco muda até de cor, daí pego a maldade no ar.

Tico: Nunca faria isso, Borges, é nós por você até depois do fim, porque...- não deixo o filho da puta terminar e puxo a glock da cintura acertando só um no meio da testa.

Eu: Tiquinho, a partir de hoje a gerência é sua, que isso fique de exemplo pra vocês. Não tolero deslize nessa porra, como eu disse a porta de entrada é a porta da saída. Enquanto vocês colhem o trigo, eu já tô com o pão, atividade, porra. Eu só quero lealdade nesse caralho, só isso mermo, recado tá dado- todos a minha volta assentem e ficam calado, porque não tem peito pra peitar, bando de covarde do caralho.

[...]

Tava conversando com o Choco até escutar uma voz feminina atrás de mim gritando com o Braz. Sinto um olhar sobre mim e me viro encontrando com o da dona da voz. A encaro por alguns segundos não reparo muito no seu corpo, porque me viro novamente para o Choco e volto a conversar assim que Braz chama minha atenção.

Braz: Vou chegar ali, Borges, marca dez que eu tô voltando- ele confirma e me olha, dou uma última olhada na cacheada e ela logo se vira me dando as costas. Passo o olhar por suas costas, parando na bunda grande e o caminhado todo delicadinho dela, Interessante. É até engraçado, parece um patinho com aquela bunda grande balançando e as perninhas minúsculas. Não me lembro de já ter visto essa menina, deve ser algum caso com o viado do Braz...

O papo vai fluindo, voltei pra resenha só pra relaxar da melhor forma, depois de matar o fudido do Tico. Sentado na cadeira de plástico, com o copo na mão, pego meu celular que vibra, freneticamente, no meu bolso da calça preta. Olho a barra de notificação e vejo o contato da Sabrina falando comigo.

📲Sabrina

Sabrina: Borges, tô com saudades e muita vontade de transar com você, quando vai rolar de novo ?- leio a mensagem e sorrio só de imaginar a cara da safada pedindo pica.

Eu: Tava resolvendo uns problemas, ruiva, mas relaxa que mais tarde eu tô brotando ai... precisando mermo dá uma relaxada.

Sabrina: tô com o tesão de duas vacas. Vem mesmo, vou ficar bem prontinha pra você 😘.

Saio da mensagem e respiro fundo. Sabrina é uma menina que eu fiquei algumas vezes, mas nada sério, pelo menos da minha parte. Mas também não dou abertura pra surto nenhum dela, ela sabe que minha intenção é só sexo e nada mais. Mulher não é o meu foco, não foi, não é e nunca será. Papo reto, na vida que eu levo qualquer vínculo é ponto fraco e o vagabundo não pode dar esses deslizes, se não é vala na certa, pô. Saio do meus pensamentos quando vejo o Braz voltando na XRE preta dele, mas dessa vez sozinho.

Braz: Iae, meus thucos, voltei, vidas- os viado igual ele começam a rir e eu fico só na minha fumando um, enquanto ele senta ao meu lado- Tá caladão, meu lindo, qual foi ?

Eu: caô nenhum, tô de boa, pô- olho pra ele e me lembro da menina de mais cedo, então jogo um verde pra tirar a dúvida- foi deixar a mulher em casa?

Braz: Que mulher, porra- sorri igual o retardado que ele é- ali é minha prima, minha irmã do peito aquela porra chata.

Eu: Hum, pensei que ia perder o rei delas, sabe como é né?- sorrio de lado- só isso mesmo, nada mais. Já já tô metendo o pé, descansar e ver os preparativos pro baile do final de semana. Quero um bagulho com uma estrutura foda, porra, tá maluco? Tem cada baile fudido nesses morro, só tem briga e atração ruim pra porra, quero coisa grande pra atrair gente de fora e elevar os lucros.

Braz: Ainda, Bg, sabe que aqui é sagacidade- bebe da cerveja dele- e fica tranquilo que mulher nenhuma me laça, ainda não achei minha metade. Adoro as surtadas que faz metadinha no perfil do WhatsApp, que vai me bater por demorar no plantão e achar que tô traindo- escuto e permaneço calado, vendo como esse porra não gira bem das ideias.

Quando dá minha hora vou partir pra casa da Sabrina, em busca de esvaziar o saco que tá cheio de porra, literalmente. Dia hoje foi estressante pra mente do vagabundo aqui. Então se ela quer, ela vai levar chá de pica hoje.

Vou guiando pelas ruas até encostar o carro na porta da casa dela. Desço travando a Evoque e coloco a chave dentro do bolso da bermuda, depois que tomei um banho, tava sujo e ainda tinha vestígios de sangue na roupa, aquele filho da puta, mesmo morto, me deu despesa pra lavar a roupa suja com o sangue de barata dele.

Logo vejo a ruiva parada na porta, só de sutiã e calcinha parada na porta da casa dela, caminho até sua direção, subo o batente da casa e logo tô de frente pra ela. Sentindo ela abraçar meu pescoço e beijar meu rosto.

Eu: Já vi que tá toda safada hoje, né?- ela me olha e vai me puxando pra entrar por completo.

Sabrina: Ai, Borges, você sabe que não resisto a você, vamo logo que eu já tô subindo pelas paredes- analiso a cara de puta dela e ela vai logo se abaixando na minha frente, abrindo o botão da minha bermuda cor de vinho, hoje essa piranha sai daqui mancando...

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora