Capítulo 64

18.5K 1.1K 381
                                    

Borges

Chego na boca uns minutos depois de ter saído da casa dela. De dentro do meu carro, eu observo dois caminhão com droga, parado em frente ao local pra desgarregar, a última carga que eu comprei foi naquela madrugada, mas eu comprei três e aqui só tem dois caminhão.

Passo as mãos no rosto e pego meu celular descendo da Evoque, ouvindo os moleque no plantão, falando pra caralho, mas quando me vê o silêncio permanece. Sinto o frio no meu corpo, por estar sem minha camisa e caminho até o frente do plantão de hoje. Olho o cara baixo, com o fuzil na bandoleira e troco o celular de mão, estendendo a palma da mão pra fazer um toque com ele.

Eu: O que aconteceu que me passaram a frequência uma hora dessa? - coço meu pescoço, olhando pro lado - Que caralho pode ter acontecido, que vocês não tem capacidade de resolver? - volto minha atenção pra ele e cruzo meus braços no peito.

Gozito: Patrão, nós tentou resolver do nosso jeito, mas o problema é que a carga não tá completa - ele fixa o olhar no meu e eu vou escutando tudo - O Braz me passou os cálculos, hoje de tarde, e me falou que chegariam três caminhão com a carga, mas aqui só tem dois - coço minha barba e saio dali, indo até o caminhoneiro.

Coloco o celular no bolso e passo as mãos na cintura, procurando minha arma, mas não acho e já sei que esqueci esse caralho com a Bianca. Chego perto do moleque parado na esquina e ele me joga uma glock, volto pro mesmo lugar e olho o motorista dentro do veículo.

Eu: Tu trabalha com o Chaves né? - ele me olha lá de cima e confirma - Então sabe que eu paguei por três porra dessa - aponto a arma pro caminhão e continuo - E só tem duas, cadê o caralho das minhas drogas? Tô falando no papo reto, só quero saber isso.

Xx: Me chamo Orlando, pô - ele fala me olhando lá de cima da cabine e eu cruzo meus braços cá em baixo - Não trabalho contigo, tá ligado? Devo satisfação ao meu patrão e foi isso que ele me mandou fazer, não tenho envolvimento com os teus negócios com ele - solto uma risada, ouvindo o pau no cu falando pra caralho.

Eu: Desde desse caralho - aponto pro meu lado e ele continua lá - Desce, porra! Não testa a minha paciência que hoje ela tá pouca - falo alto e ele desce tentando bancar marra - Fala direito nessa porra e me passa o contato daquele filho da puta.

Orlando: Tô falando na moral, eu não tenho nada a ver com isso não, também não posso passar o contato do Chaves, ele me passou apenas a função de dirigir até aqui - respiro fundo, de olhos fechados, e afasto a mão, dando uma coronhada na lateral da cabeça desse fudido.

Eu: Quer falar mais alguma coisa ou tu vai me passar o contato? - ele fica calado, respirando fundo, enquanto o sangue desce - Fala, porra!

Perco a paciência e destravo a trava da minha arma, encaixando o dedo no gatilho, espero ele falar mais alguma coisa, mas o fudido continua calado. Encurto a distância do meu dedo indicador e puxo o gatilho, ouvindo o disparo seco e o corpo caindo nos meus pés, travo a arma e guardo na lateral do quadril.

Percebo os caras olhando tudo calado e chego perto do outro motorista, que já me entrega o cartão com o número do Chaves. Eu pego e puxo meu celular, já discando o número pra resolver mais esse problema.

Essa madrugada eu tirei só pra me fuder, papo reto, chega a ser engraçado. Fico parado, esperando o fudido atender, não demora muito e ele fala do outro lado.

_______

Chaves: Quem é o fudido que tá me ligando uma hora dessa? - ouço a voz dele do outro lado e me encosto na parede, olhando a lua cheia e o tempo frio.

Eu: Sou eu, seu fudido - fala na calma e passo a língua nos lábios - Naquele dia eu comprei três caminhão contigo e agora só me chega dois? Qual é a tua, Chaves? - pergunto e eu mermo continuo - Pensei que tu fosse cumprir com a porra da tua palavra, mas fique sabendo que eu quero minha carga toda aqui até amanhã, tá ligado?

Além do ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora