𝐭𝐡𝐞 𝐩𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞

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𝐚 𝐩𝐫𝐨𝐦𝐞𝐬𝐬𝐚

EU SORRI EM FRENTE AO ESPELHO, meus lábios pintados com um batom vermelho realçavam minha pele pálida e eu gostava disso. Alisei a barra do vestido pela milésima vez, ansiosa pela reação do meu parceiro de baile.

O vestido era vermelho, sensual. A barra alcançava um pouco acima das canelas, me fazia sentir em um daqueles filmes da época da brilhantina. No entanto, a cintura justa e o decote provocante combinavam com meus traços atuais. A saia era o mais diferencial, pomposa e revestida de tule, o que apenas aumentava o volume do vestido.

A cor era de um vermelho ardente, era sensual a sua maneira, como o vermelho sempre deveria ser, demonstrando a paixão. Eu conseguia notar um certo contraste com o tom da minha pele e com a cor do meu cabelo, agora enrolado em cachos suaves nas pontas, espalhados pelas costas do vestido.

Os sapatos altos de salto fino e frente fechada, com alças circulando meus tornozelos, eram a única coisa a qual eu ainda não me sentia completamente confiante sobre meu visual. Nunca realmente aprendi a me portar de maneira a andar em linha reta usando salto alto.

─ Cora, Jasper já chegou! ─ meu pai avisou ao empurrar o alçapão e colocar a cabeça para dentro do quarto. Eu pude assistir seu queixo cair enquanto um sorriso discreto brotava abaixo do bigode. ─ Você está linda, querida.

─ Obrigada, pai. ─ alisei a saia novamente, de maneira envergonhada.

Charlie entrou pela porta no chão, sentando-se com as pernas apoiadas na escada da parte de baixo. Ele sorriu mais abertamente dessa vez, me observando finalizar a maquiagem em frente ao espelho de corpo.

─ Você acha que tênis estragaria a roupa? Eu não tô muito confiante com salto alto.

─ Vocês cresceram tão rápido... ─ papai divagou, ignorando minha pergunta. Seu tom era melancólico, e eu pude ver um biquinho de desapontamento crescendo escondido pelo bigode escuro. ─ Tem certeza que vai querer cursar faculdade em outra cidade?

─ Você já viu alguma faculdade de artes em Forks, pai? ─ devolvi a pergunta, ele fingiu ponderar ao dar os ombros.

Não demorou para que eu e meu pai finalmente descêssemos até a sala da nossa casa, onde Jasper esperava pacientemente. Charlie colado em meu encalço, já que assim como Jasper, ainda não se sentia confiante com minhas tonturas causadas pelas pancadas na cabeça.

Encontrei meu loiro parado em frente a porta da sala, ele parecia confiante, mas seu bater de pé no chão me provava que estava tão ansioso quanto eu. O terno escuro polido de maneira a parecer mais brilhante e imponente parecia caro, assim como a gravata de cor vermelho sangue, o mesmo tom do meu vestido.

Porque tenho certeza que isso foi obra de Alice?

Seu cabelo loiro dessa vez caia ao redor de seu rosto em cachinhos pequenos, levemente molhado. Seus olhos sempre dourados pareciam brilhar mais forte dessa vez, direcionados para mim.

Jasper sorriu em minha direção. Seus dentes caninos afiados ficaram mais aparentes de forma gradativa, suas covinhas fofas se afundando ainda mais em um sorriso infantil e admirado.

─ Você está perfeita. ─ foi a primeira coisa que meu loiro disse, assim que terminei de descer as escadas com auxílio do meu pai. Sorri para ele, sentindo-me de repente pequena diante seu olhar.

─ Não voltem tarde. ─ meu pai alertou, acabando com o clima mágico entre nós. Mesmo assim permaneci com um sorriso no rosto, me sentia bonita e querida como nunca tinha sentido antes.

─ Não vamos, senhor. ─ Jazz assentiu para ele.

Eu nunca fui a garota a procura de um príncipe encantado, mas desde que conheci Jasper, tenho esperado o maior dos romances. Tenho gostado dos sorrisos bobos e das estúpidas borboletas em meu estômago. A ansiedade antes de vê-lo tem se tornado uma amiga próxima. E no fim das contas, eu já não odeio mais assistir Orgulho e Preconceito.

─ Antes de vocês irem, preciso esclarecer uma coisa. ─ Charlie chamou antes que pudéssemos passar pela porta. Meu namorado assentiu, envolvendo meus ombros com o braço de maneira respeitosa. ─ Porque mudaram de ideia sobre o baile? Vocês disseram que não queriam ir.

Troquei olhares com Jasper, nós não tínhamos planos de ir, isso é verdade. No entanto, ver Hailee se transformando me fez perceber que posso perder os prazeres mundanos a qualquer momento. Não quero me arrepender depois.

No caso, foi Jasper quem insistiu, eu apenas consegui encontrar bons motivos para aceitar seu pedido. Além de Alice dizer que ela já tinha nos visto no baile juntos, de um jeito ou de outro.

─ Eu realmente não gosto muito de lugares muito cheios, mas... quero viver o máximo de experiências diferentes com a sua filha, Chefe Swan.

─ É bom saber disso, garoto. ─ meu pai assentiu.

Ainda não tinha entendido bem as intenções de Jasper quando entramos no carro, achei mesmo que o baile não fosse o plano. No entanto, realmente acabamos bem em frente ao salão de adolescentes.

Enquanto eu cumprimentava conhecidos e elogiava os vestidos de colegas de turma, Jasper me guiou até o lado de fora. Havia um banquinho escuro rodeado por grama e iluminado por lâmpadas amareladas. Nós nos sentamos ali mesmo, um de frente para o outro, quase como se estivéssemos em uma disputa de quem pisca primeiro.

─ Gosto dos seus olhos. ─ meu loiro disse de repente. ─ São azuis como o mar mais profundo, parecem mostrar o fundo da sua alma.

─ Gosto dos seus também, tem história por trás. ─ Jasper sorriu levemente, mas algo me diz que ele particularmente não gostou de ouvir aquilo. Posso entender, aqueles nem sempre foram os seus olhos. ─ De que cor eram antes da transformação?

─ Castanhos, simples. ─ ele respondeu, ainda encarando meus olhos.

Aquele assunto sempre parecia pesar o ambiente, talvez fosse a relutância de Jasper em falar sobre isso. Ou talvez fosse tão horrível que o clima até mudava, mas ele não pareceu se incomodar.

─ Eu prometo.

─ O que? ─ sorri para sua frase sem sentido.

─ Tinha dito que prometeria ficar quando voltasse, e eu prometo. Vou ficar aqui enquanto você ainda me quiser.

─ Então você vai ficar comigo pra sempre! ─ voltei a sorrir, embalando seu pescoço com um abraço. Jasper rodeou minha cintura com um dos braços e eu apoiei o rosto em seu ombro. ─ Promete de dedinho?

─ Prometo.

Nossos dedinhos se cruzaram e Jasper os levou até os lábios, deixando um leve selar em minhas mãos. Fiz o mesmo depois dele, era bom me sentir daquele jeito novamente. Apenas uma adolescente normal, agindo com normalidade com seu namorado nem tão normal.

Era quase como se a metros dali, no topo de uma das salas de aula, rodeada por janelas de vidro, Victoria nem assistisse a interação do casal. Seu rosto contorcido de raiva por ter perdido o que agora eles pareciam ter de sobra.

Ela sentia raiva de Jasper, de Edward e com certeza, sentia raiva de Isabella e Coraline. Victoria não mediria esforços para tirar aquilo deles. Arrancar deles o que eles haviam tirado dela com tanta facilidade.

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𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐓𝐎𝐔𝐂𝐇, 𝑗𝑎𝑠𝑝𝑒𝑟 ℎ𝑎𝑙𝑒 Onde histórias criam vida. Descubra agora