𝐮𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐚𝐢𝐧𝐭𝐢𝐞𝐬

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𝐢𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐞𝐳𝐚𝐬

SEGURANDO A MÃO DIREITA DE BELLA, permiti que ela apertasse o quanto ela quisesse. Eu só queria que ela soubesse que eu estava ali, bem ao lado dela. Assisti silenciosamente enquanto Carlisle examinava sua barriga e depois mostrava a Edward os resultados dos exames, raio-x e ultrassom. Eu não era uma especialista e estava muito longe de me parecer com uma médica, mas eu sabia bem que as imagens não estavam normais. Seus ossos estavam em posições estranhas e angulosas, como se formassem uma bolha ao redor dos órgãos internos, mais especificamente, do útero, onde o bebê crescia e se protegia, ou onde o feto se escondia.

Permaneci ao lado dela durante todo esse tempo, foram semanas agonizantes sem respostas ou entendimento de nada do que estava acontecendo. Meus pressentimentos oscilavam entre morte e vida, mas tudo o que eu sabia era que Bella estava morrendo aos poucos, tendo sua vitalidade sugada pelo próprio filho.

Nesse tipo de situação, eu queria ter o poder de escolha por ela. Eu estava assustada, tenho que ser sincera quanto a isso. Se eu pudesse mesmo escolher por ela, escolheria o aborto. Eu quero viver, mesmo que saiba que Bella não possui o mesmo apreço pela vida humana quanto eu tinha pela minha. Simplesmente não quero perder minha irmã, não posso viver uma eternidade longa e torturante sem a sua presença.

- Sua costela está quebrada. Felizmente, não tem nenhuma aresta, o que significa que não perfurou nada. - Carlisle explicou, o que já era quase óbvio a partir das imagens espelhadas em uma pequena lousa digital em frente a janela de vidro. Minha irmã respirou fundo, segurando a barriga com delicadeza. Ela já o amava.

- Ainda. - corrigiu Edward, mal-humorado, como tem estado todos esses dias.

- Edward. - seu pai repreendeu, notando nossos olhares assustados em direção a ambos.

- Tá quebrando os ossos dela! Tá arrebentando ela de dentro pra fora! -o telepata exclamou com indignação. Ele se virou em minha direção, como se eu pudesse fazer alguma coisa, qualquer coisa, em relação a tudo isso. - Conta pra elas o que me disse.

- Fala, Carlisle. - pedi, notando a expressão de súplica nas feições da minha gêmea. Meu Deus, ela não queria morrer!

- O feto não é compatível com o corpo dela. É forte demais, então não vai permitir que receba os nutrientes que precisa. Vai enfraquecê-la aos poucos e não tem como parar nem como desacelerar. - Carlisle explicou calmamente, enquanto se aproximava, tentando soar o mais delicado possível. Ele era um bom homem e um ótimo médico, infelizmente não é isso que salva uma pessoa. - Assim seu coração vai desistir antes do parto.

- Então vou aguentar o quanto eu conseguir. - minha irmã garantiu, seus olhos brilhando em lágrimas. Minha irmã era forte, como uma fortaleza, mas seu corpo não conseguia suportar isso. Eu engoli em seco, mordendo os lábios na intenção de evitar a enxurrada de lágrimas que tenho prendido dentro de mim desde que tudo isso começou.

- Tem condições que nem nosso veneno consegue superar. Você entende? - minha irmã não respondeu, mas apenas desviou o olhar para a paisagem do lado de fora, piscando um pouco mais forte para se livrar das lágrimas. - Sinto muito.

Carlisle se retirou, tão preocupado quanto qualquer um de nós, mas eu permaneci parada e em completo silêncio, assim como antes. Eu não queria e nem podia perdê-la, e já começava a me questionar se havia tomado a decisão certa em respeitar a sua decisão de manter o bebê. Talvez se eu tivesse insistido um pouco, pedido com carinho. Bella nunca foi a maior amante da vida entre nós duas, mas eu imaginava que com Edward por perto, ela faria de tudo para permanecer ao lado dele durante uma eternidade vampírica bem longa.

𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐓𝐎𝐔𝐂𝐇, 𝑗𝑎𝑠𝑝𝑒𝑟 ℎ𝑎𝑙𝑒 Onde histórias criam vida. Descubra agora