𝐢𝐧𝐜𝐨𝐦𝐩𝐚𝐭í𝐯𝐞𝐥
COM DIAS CADA VEZ MAIS LENTOS, Jasper sentiu como se pudesse morrer naquele exato momento. Duas semanas se passaram desde a batalha contra os recém-criados, mas nada havia mudado desde estão. Coraline permanecia deitada sobre a única cama presente na casa dos Cullen, no quarto de visitas. Sua pele parecia a cada dia mais pálida, suas expressões adormecidas e seu corpo debilitado. No primeiro dia após a mordida, Alice, Esme e Hailee se juntaram para trocar suas roupas e limpá-la adequadamente de seu próprio sangue, aquele foi o único momento em que Jasper não esteve ao seu lado.
Após aquele momento, Jasper escolheu uma poltrona acinzentada e a pousou ao lado da cama de Coraline, observando cada respiração dela. Ouvindo com atenção a cada batimento cardíaco, com a esperança de que aquele fosse finalmente o último, mas aquilo nunca aconteceu. Ela, na verdade, parecia distante demais de acordar.
Seu coração permanecia bombeando sangue para o resto de seu corpo, ecoando cada batida em sua caixa torácica. Sua artéria aorta pulsava nas laterais de seu pescoço, relembrando Jasper de que ela ainda estava viva. Mesmo que não demonstrasse, sofrendo internamente com a dor do fogo em suas veias.
Ele tentou ouvir sua irmã, tentou acreditar quando Alice disse ter tido visões turvas com ela, mas ele infelizmente sentiu também a incerteza no tom de voz da vidente. Jasper tentou tão bravamente acreditar que nada daquilo era sua culpa, mas de repente, no silêncio da madrugada, se pegava pensando em como poderia ter trocado de lugar com Edward durante a batalha, ou como poderia nunca ter se mudado para Forks, ou até mesmo em como deveria ter pedido ao seu pai para mordê-la. Talvez a demora na sua transformação se devesse ao fato da quantidade de sangue que perdeu. Talvez Jasper tenha feito algo errado.
No completo silêncio daquele quarto, se pegou imaginando como seria o momento em que Coraline acordasse. Imaginá-la com lindos e sanguinários olhos vermelhos o fez soltar um sorriso esperançoso, a felicidade sumindo ao abrir os olhos novamente e se lembrar de onde estava. Pensou em se levantar e procurar por Henry, se lembrando do que Edward contou quando finalmente se encontraram com mais calma. Victoria e Riley haviam virado cinzas, mas o corpo de Henry havia desaparecido completamente.
E ainda assim, Coraline parecia tão distante de finalmente abrir os olhos para sua nova eternidade.
O restante dos membros da família Cullen, encontravam-se todos dispostos aleatoriamente pela imensa biblioteca no andar de cima, um antigo porão, antes repleto de velharias. A pouco tempo atrás, Esme decidiu criar estantes com escadas de madeira para que pudesse guardar os diversos livros de todos os seus familiares centenários. Quando se vive por tanto tempo, acaba criando apego por alguns arcaísmos que significam alguma coisa.
Todos eles decidiram se juntar para vasculhar um pouco nos livros velhos de Carlisle. Seu pai costumava ser um caçador de seres sobrenaturais e muito do que era dele, agora pertencia ao médico de cabelos loiros. Aquela era a única esperança para que pudessem encontrar alguma coisa que explicasse a demora de Coraline para finalmente se transformar. Precisavam encontrar alguma maneira de ajudá-la, assim como finalmente tirar Jasper de dentro do quarto.
Ajudando com o que podiam, Rosalie e Emmet se concentraram no lance mais alto de escadas. O topo das estantes estavam empoeirados, mas nenhum deles pareceu se importar o suficiente. Folhearam livros amarelados, tiraram traças fedidas e até mesmo precisaram jogar algumas folhas mofadas fora, mas finalmente encontraram algo que lhes pudesse ser útil.
Rosalie foi quem o viu primeiro, um livro de capa de couro escura e páginas amareladas. Ele era mais pesado que os outros, além de uma fina camada de poeira sobre o tecido preto. A loira o segurou entre as mãos, sabendo de alguma maneira, que ele era importante. Alice se sentou na cadeira a frente da mesa onde seu pai já estava acomodado, encarando o nada. Hailee foi rápida em notar a mudança de humor da sua namorada, segurando seus ombros com atenção.
─ O que você vê? ─ ela perguntou com preocupação.
─ Rosalie. ─ chamou Alice, rapidamente atraindo a atenção de sua irmã. ─ Traga esse pra cá.
Emmet foi o primeiro, erguendo a mão no ar para oferecer ajuda a sua esposa. Rosalie segurou seu marido e desceu calmamente pelos degraus de madeira, seguindo até a vidente para que pudesse entregar o livro em questão, curiosidade cruzando suas expressões.
Alice o pegou, virando-o na direção de Carlisle, do outro lado da mesa. O médico rapidamente notou a quem pertencia aquele grande livro, lembrando-se de seus últimos momentos no castelo dos Volturi. Aro ofereceu à ele diversos presentes, tentando comprar um pouco mais de sua presença, mas a única coisa que o doutor Cullen aceitou, foram alguns livros velhos. Ele sabia que em algum momento lhe seriam úteis.
Se concentrou na capa, não havia nenhum título. Ele então o abriu e folheou as páginas amareladas, sem realmente saber o que deveria procurar. Alice, no entanto, se manteve alerta. Observando as folhas correrem diante de seus olhos. Seus dedos gélidos irromperam o ar e apoiaram contra o livro, impedindo que Carlisle pudesse voltar ao que estava fazendo. O médico então afastou as mãos, sabendo que sua filha faria o resto. Com os olhos ainda vidrados, a vidente voltou uma página e então finalmente recobrou a consciência, afastando-se dele e apoiando as costas na cadeira de madeira.
─ Os incompatíveis. ─ Carlisle leu em voz alta, o nome do capítulo 87.
─ O ano que as gêmeas Swan nasceram. ─ relembrou Esme, aproximando-se de seu marido para tocar seu ombro com incentivo. ─ Leia, querido.
─ Humanos incompatíveis são conhecidos pelas dolorosas e longas - as vezes eternas - transformações. O nome tem significado diretamente ligado a falta de compatibilidade no momento da transformação, onde esses humanos são completamente antagonistas do veneno dos frios. Seus anticorpos lutam até seu último batimento, na intenção de expulsar o corpo estranho, mas nunca foi visto um caso onde esses humanos acordaram e permaneceram vivos. Muitos - a maioria - acabam morrendo. Outros permanecem dormindo para todo o sempre, e muito raramente, alguns sobrevivem.
O silêncio permeou no porão, todos os presentes preocupados demais para conseguir se quer expressar um pouco de seus pensamentos. Esme sentiu seus olhos arderem com lágrimas que nunca poderia expulsar, apertou o ombro de seu marido com apreensão. Ela não poderia perder Coraline, e se acontecesse, não poderia perder Jasper. Hailee se levantou abruptamente, raiva ultrapassando cada poro da sua pele. Porque tudo parecia tão difícil?
O resto dos presentes apenas permaneceram paralisados, por sorte, Edward deixou Bella em sua casa. A gêmea de Coraline já vinha sofrendo bastante, arrumando desculpas pela a falta de sua irmã em casa, não precisava ter que lidar com mais esse problema. Charlie, nunca saberia se sua filha nunca acordasse. Continuaria acreditando que sua caçula estava na faculdade do Alasca, recebendo mensagens e ligações com a voz de Bella no lugar.
Os lobos talvez criassem uma guerra, mas Seth e Jacob lutariam para que isso não acontecesse. Ambos caminhavam todos os dias até a fronteira com a companhia de Leah e permaneciam esperando por alguma notícia durante horas, mas nada parecia acontecer.
E por fim, Jasper. Ele não aguentaria. Talvez voltasse a Volterra e imploraria pela própria morte. Talvez perderia as estribeiras e encontraria um jeito de fazer por si próprio. Ou até mesmo, voltaria a ser o que um dia mais repugnou. Seus olhos voltariam ao tom vermelho sangue original e ele perderia o coração que um dia teve.
WORDS 1265
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𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐓𝐎𝐔𝐂𝐇, 𝑗𝑎𝑠𝑝𝑒𝑟 ℎ𝑎𝑙𝑒
Fiksi Penggemar𝐓𝐎𝐐𝐔𝐄 𝐌𝐎𝐑𝐓𝐀𝐋, 𝑗𝑎𝑠𝑝𝑒𝑟 ℎ𝑎𝑙𝑒 | Ao voltar com sua irmã gêmea não idêntica para sua cidade natal, Coraline Swan não espera muitas novidades da pequena e pacata cidade do condado de Washington. Bem, ela também não esperava encontrar um...