𝐠𝐮𝐢𝐥𝐭𝐲 𝐜𝐨𝐧𝐬𝐜𝐢𝐞𝐧𝐜𝐞

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𝐜𝐨𝐧𝐬𝐜𝐢𝐞𝐧𝐜𝐢𝐚 𝐩𝐞𝐬𝐚𝐝𝐚

PARADA EM FRENTE A UMA CASA DE TIJOLOS VERMELHOS, senti um nervosismo imenso tomando conta do meu peito. Estava ansiosa, uma sensação de medo escondida junto a uma adrenalina sem igual, que aceleravam meus pensamentos. Eu sentia que algo muito ruim se aproximava, e foi somente por causa desse sentimento que me deixei guiar pelo o que meu coração ordenou.

O pressentimento de que algo ruim estava prestes a acontecer a qualquer momento me manteve alerta, e eu simplesmente sabia que precisava fazer as pazes com o máximo de pessoas que pudesse. Sabia que não encontraria Henry, mas Paul foi a segunda pessoa que me veio à mente, então permiti que meu instinto me conduzisse até a casa dele.

Assim que a mãe dele abriu a porta, minhas mãos passaram a soar e eu repassei tudo o que eu precisava falar em minha mente, várias e várias vezes. Toda aquela preparação exagerada para simplesmente me esquecer de tudo assim que o visse.

O quarto dele era o último do corredor estreito da casa de madeira, tudo lá dentro era aconchegante, me lembrava a nossa antiga casa, em Phoenix. Paul estava de braços cruzados quando sua mãe bateu na porta, ele se desencostou da parede ao lado da janela e se aproximou a passos firmes, parando a minha frente com uma expressão inelegível.

─ Seja legal. ─ sua mãe ordenou, segurando seu antebraço para atrair a sua atenção para ele. ─ E não quebre mais nada.

A senhora Lahote saiu assim que deixou seu recado, fechando a porta atrás de si para nos deixar a vontade. Ela é conhecida por ser uma mulher muito compadecida, mas também muito brava. Leah me contou que assim que a história do beijo se espalhou, a mulher fez questão de dar uma bronca feia no filho, o que me deixa muito mais calma. Ao menos uma mãe da Reserva gosta de mim.

─ Acho que precisamos conversar. ─ sugeri baixinho, assistindo o quileute voltar a se afastar.

Paul riu levemente, agora novamente de braços cruzados ao lado da sua janela. Eu me sentei a beirada da sua cama de maneira silenciosa, e discretamente observei o seu quarto. Tudo ali lembrava ele. Fotos cortadas de jornais sobre motos e algumas revistas de mulheres famosas pelas paredes. Em sua escrivaninha haviam alguns trabalhos de jóias inacabadas.

─ Não tenho nada pra falar com você.

─ Mas você vai me escutar. ─ disse com firmeza, me levantando bruscamente. Certa irritação evidente no meu tom de voz. ─ Foi você quem me beijou sem a minha permissão, e eu não estou brava com você. Mas o mínimo que você pode fazer por mim é me escutar.

─ Então fala, porra.

Eu só queria gritar pra ele que eu estava com raiva e ao mesmo tempo assustada de acabar perdendo ele ou qualquer um dos outros em meio aquela guerra, que havia um pressentimento estranho em meu peito que me fazia ter vontade de me despedir de todos eles. No entanto, permaneci silenciosa. Paul riu levemente, revirando os olhos com deboche.

─ Eu não queria que a nossa amizade ficasse abalada desse jeito por causa daquele beijo. ─ finalmente disse, recebendo um olhar amargo. ─ Querendo ou não, você é uma pessoa importante pra mim, entende?

─ Claro que eu entendo! ─ ele respondeu, seus olhos pareciam sorrir. ─ Eu entendo que te ajudei no seu momentinho de carência e depois, quando você não precisava mais, você vazou, fingindo que nada aconteceu.

─ Isso não é verdade! ─ retruquei imediatamente e o moreno soltou uma risada irônica. ─ Olha, eu admito. Eu estava mesmo carente e não sabia como viver sem um cara na minha vida. Mas eu aprendi que não preciso dele, e sim, escolhi ter ele.

𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐓𝐎𝐔𝐂𝐇, 𝑗𝑎𝑠𝑝𝑒𝑟 ℎ𝑎𝑙𝑒 Onde histórias criam vida. Descubra agora