𝐭𝐡𝐞 𝐜𝐥𝐢𝐟𝐟

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𝐨 𝐩𝐞𝐧𝐡𝐚𝐬𝐜𝐨

SENTADA SOBRE O TELHADO DO SÓTÃO, eu observava a paisagem privilegiada de Forks. No entanto, não tinha um sorriso no rosto, e sim um baseado entre os dedos. Eu o levei aos lábios vez ou outra, uma lata de cerveja vazia bem aos meus pés. O caderno de desenhos sobre o colo, aberto em uma página branca.

Haviam desenhos esboçados e mal apagados por todo o entorno do papel. Não desenhei mais nada desde que ele foi embora e Bella se perdeu na floresta. Aquele dia sugou minhas energias e toda a minha criatividade foi direto para o ralo.

Escorreguei o olhar para a pulseira prateada presa ao redor do meu pulso, o pingente de sol parecia mais entristecido desde a última vez que realmente prestei atenção nele. Lembrar do meu presente de aniversário dado por Hailee me fez sentir a prata fria em contato com meu pescoço, o rubi cor de sangue se fazendo mais pesado em meu peito.

A mão vaga do cigarro segurou o pingente de coração com afinco, senti como se tivesse queimado a palma da mão com ferro quente, lágrimas grossas brotando em meus olhos. Lágrimas de raiva.

Com o nervosismo do momento, joguei o caderno longe, por sorte ele não voou na direção da rua e sim, certeiramente pela janela que levava para o meu quarto. O meu cigarro caiu no telhado e eu me levantei resmungando palavrões irritados, pisando na seda quente sobre as telhas, apagando o fogo.

Por fim, enquanto eu deixava murmúrios tristes escaparem, arranquei o cordão prateado a força, o fecho se quebrou.

O surto de raiva finalmente diminuiu. Eu me ajoelhei com o colar entre as mãos, lágrimas teimosas manchando minha pele quente. Meu coração doía enquanto procurava pelo caderno, temendo que ele estivesse espalhado pela rua agora. Felizmente o encontrei do lado de dentro do quarto.

Desci as escadas com rapidez, a procura daquele maldito desenho. Não sei como o destino sabe tanto, mas quando cheguei ao chão do meu quarto usando a janela como apoio, encontrei o caderno aberto naquela exata página.

Dali para frente já não senti mais vontade de chorar, mas eu queria muito gritar. Senti vontade de gritar e espernear, bater em algo, demonstrar toda a raiva, ansiedade e ódio que ele tinha posto em mim.

E assim eu fiz, me ajoelhei no chão o suficiente para arrancar a página do desenho dele. A folha estava levemente amassada onde eu havia desenhado seus anéis, mas seu rosto ainda estava completo no papel. Com um grito escapando da minha garganta, rasguei pela primeira vez.

Depois fiz aquilo mais diversas vezes, sapateando nos pedaços que restavam sobre o chão ao meu redor. Mal notei quando Bella entrou no quarto com preocupação, olhando ao redor a procura de entender meu ataque de raiva, mal notei quando espessas lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto.

─ Cora, o que houve? ─ minha gêmea perguntou em desespero. Bella me abraçou por trás, tentando me fazer parar, o que eu fiz com certo custo, sentindo-me cansada depois dos gritos. ─ O que foi que aconteceu?

{•••}

Senti meus olhos fecharem de maneira pesada, mas lutei contra o sono, me focando em como o teto rodava levemente. Um sorriso calmo nos lábios, uma garrafa nas mãos enquanto balançava o pé no ritmo da música do rádio. "Devil Eyes - Hippie Sabotage", os vizinhos não parecem muito alegres, mas esse não é o tipo de música para se ouvir baixinho.

Voltei a procurar por Henry no quarto em que estávamos, no quarto dele para ser mais exata. O loiro parecia bolar um baseado de maneira concentrada, um pouco de seda ainda sobre a escrivaninha que antes usava para estudar.

𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐓𝐎𝐔𝐂𝐇, 𝑗𝑎𝑠𝑝𝑒𝑟 ℎ𝑎𝑙𝑒 Onde histórias criam vida. Descubra agora