𝐃𝐄𝐀𝐃𝐋𝐘 𝐓𝐎𝐔𝐂𝐇, 𝑗𝑎𝑠𝑝𝑒𝑟 ℎ𝑎𝑙𝑒

𝐭𝐡𝐞 𝐭𝐡𝐢𝐫𝐝 𝐰𝐢𝐟𝐞

𝐚 𝐭𝐞𝐫𝐜𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐞𝐬𝐩𝐨𝐬𝐚

A TEMPERATURA ERA AGRADÁVEL, nem de longe tão frio quanto o normal de Forks. Eu geralmente me incomodaria com qualquer um que estivesse dirigindo tão rápido como Jasper está, mas eu confio nele e em seus reflexos estranhamente anormais. Sorri levemente com esse pensamento, achando graça da palavra que lhe atribui. Olhei de relance pelo reflexo do retrovisor, apenas me certificando de que Edward não havia conseguido ler minha mente dessa vez.

O vento do lado de fora da janela bagunça meu cabelo, grossas mechas escuras cobrem a minha visão e grudam em meus lábios colados pelo gloss cor de rosa. Eu tentei mantê-las em seu devido lugar, mas já era tarde demais quando meu rosto ficou coberto pelo fios castanhos.

Dessa vez, era Jasper quem dirigia. Seu novo carro do ano, aparentemente um xodó particular a qual Rosalie insistiu em atualizar como ela sempre faz com todos os carros da família ao menos duas vezes por ano. Ele disse que sua irmã se importa muito com a aparência e que gosta de continuar se mantendo diferente dos humanos comuns em Forks.

Não é algo que eu me incomode, no entanto. Por seu luxo exagerado, hoje estávamos passeando em uma Lamborghini de cor grafite que custa pelo menos dez vezes mais do que a minha picape cor de abóbora junto a motocicleta que antes pertencia a Paul e a caminhonete policial do meu pai.

Me distraindo dos meus pensamentos capitalistas, me perdi na imagem do loiro ao meu lado. Observei como Jasper parecia muito mais concentrado do que realmente precisava devido aos seus reflexos rápidos. Deliberadamente apaixonada pela maneira como ele levantou as mangas da camisa social, expondo as cicatrizes finas em seus antebraços. O jeito como ele apertou o volante com força, como o seu perfil sempre parecia irritado pela marcação natural de seu maxilar.

Desviei o olhar assim que Jasper notou que eu o encarava, e dessa vez fora ele quem passou a me encarar. Eu fingi não notar seus olhos agora muito mais escuros me observando, suas olheiras evidentes analisando cada movimento meu. Ele de repente suspirou pesado, voltando a se virar para frente e apertando ainda mais o volante.

─ Porque está tão estressado? ─ eu sussurrei, mesmo com a óbvia consciência de que Edward poderia ouvir cada palavra. Minha mão segurou a sua sobre a alavanca de câmbio, ele trocou a marcha.

─ Não gosto da ideia de deixá-las na Reserva. ─ o loiro admitiu imediatamente, negando com a cabeça com irritação estampada em suas expressões. Eu suspirei audivelmente, queria que ele soubesse o quanto aquela rivalidade me irritava. ─ Cora, isso é importante. Vamos passar a noite fora, não gosto de pensar que aquele cachorro estressadinho que jogou Emmet no rio vai estar perto de você.

─ O nome dele é Paul, mas vou fingir que você o chamou pelo nome.

Voltamos ao silêncio de antes, mas dessa vez muito desconfortável. Eu e Bella trocamos olhares pelo espelho retrovisor, minha irmã parecia o meu reflexo em relação a tudo isso. De qualquer maneira, sempre acabávamos no meio de toda aquela situação de rivalidade entre lobos e vampiros.

Me irritava o fato de que nenhum dos lados nunca se submetia a ceder. Os lobos nunca abririam mão de seu território e por isso sempre acham que os frios o querem. E já os vampiros os vêem como animais literais, como feras sem raciocínio e explosivos. Eles não estão completamente errados nesse quesito, mas ainda sim poderiam tentar entender.

─ Seth vai estar lá. ─ garanti, dando os ombros para chamar a sua atenção. O loiro me devolveu o olhar por breves segundos, o ar debochado nunca deixando as suas feições.

─ Isso era para me fazer sentir melhor?

Não voltamos a conversar, mas tenho certeza que Jasper viu meu revirar de olhos e minha total impaciência sobre esse assunto. Cruzei os braços sobre o peito e apoiei a testa contra o vidro da janela, observando a paisagem correndo para longe de nós como em um filme em velocidade acelerada.