010 | Não são tão ruins assim

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Kali Mulen

Eu não sai mais do quarto depois da festa de ontem, não consegui tirar as meninas da cabeça, aquele cara é tão nojento. E eu me sentia tão culpada por não poder fazer nada, minha mãe sempre me disse que mulheres deviam se ajudar e eu não pude fazer isso.

── Bom dia. ── Falei me sentando na mesa onde Tom e a velha chata estavam.

── Bom dia Sin. ── Olhei séria pra ele

── Essa garota vai morar aqui agora?── Clara pergunta com desden

── A casa é sua pra você está incomodada?

── É dos meus sobrinhos, então é praticamente minha. ── Diz ela ── Tom eu não quero essa prostituta aqui.

── Tia a Sin não é prostituta e ela vai passar um tempo aqui sim, se a senhora não gostar pode viajar por uns messes. ── Tom diz calmo

── Sabe que eu estou sem dinheiro.

── Eu pago. ── Diz bebendo um gole de café ── Só me diz quanto vai precisar.

── Ah, então vou fazer as malas e depois passo no seu escritório. ── A mulher sai com um sorriso de orelha a orelha e eu reviro os olhos

── Velha chata.

── Olha o respeito Kali. ── Tom diz sério

── Eles já estão vindo, Tom. ── Bill diz entrando na sala e logo nota minha presença ── Bom dia Kali.

── Bom dia. ── Murmuro comendo uma torrada

── Kali uns amigos nossos vem aqui hoje. ──Tom diz

── E eu com isso?

── Como você consegue ser tão irritante? ── Bill pergunta me encarando

── É um dom.

── Cuidado pra esse seu "dom" não te matar. ── Ele diz com deboche ── Eles não são envolvidos com essas coisas de máfia então não fale besteira.

── Tá bom, senhores Kaulitz. ── Falo me levantando da mesa e pegando o prato e a caneca

── Não precisa levar, a Ofélia está aqui pra isso. ── Tom diz

── Eu não vou fazer a coitada da mulher vim aqui só buscar um prato e uma caneta se eu já estou indo pra lá. ── Digo saindo dali

Cheguei na cozinha e Ofélia estava de costas mexendo em uma panela, o cheiro da comida era presente por toda a cozinha, o sol batia na janela de madeira que a vista dava pra um jardim.

Por mais que a casa fosse bem luxuosa alguns cômodos eram bem simples e aconchegantes, me faziam até lembrar da minha casa, não sei por quanto tempo fiquei reparando a cozinha até sair daquele transe e ir a pia.

── O cheiro está ótimo. ── Falo e a mais velha se vira com um semblante assustado ── Desculpa.

── Tudo bem. ── Diz sorrindo ── Não precisa lavar senhorita. ── Eu a olho e ela parece se lembrar do que eu falei ontem ── Sin. Não estou acostumado a chamar os patrões pelo nome.

── Eu não sou sua patroa Ofélia. ── Falo ── E mesmo se fosse eu prefiro que me chame pelo nome mesmo, mas enfim, quer ajuda em algo?

── Não já estou terminando, eu comecei mais cedo já que os meninos vão vim.

── A senhora os conhece?

── Desde crianças. ── Diz ela ── Eles e os gêmeos sempre foram bem próximos, se conheceram na escola e não se largaram mais.

── Eles trabalham com oque?

── Eles tem uma gravadora juntos. Os quatro tinham uma banda na adolescência, mas não deu muito certo.

── Eles tinham uma banda? ── Pergunto surpresa, nunca imaginei eles fazendo outra coisa além de apontar armas pras pessoas

── Os meninos tinham uma vida bem comum, nunca quiseram se envolver com essas coisas erradas.

── E porque se envolveram?

── Isso eu não sei te dizer Sin, mas pergunte a eles.

── Eles não gostam de conversar, são dois brutos que toda hora me ameaçam. ── Falo ela solta uma risada fraca

── Eles não são tão ruins assim.

── Claro que são. ── Insisto ── Ontem eles disseram que não podiam fazer nada, quando eu falei de umas garotas que foram sequestradas.

── Eles tem motivos pra não querer se meter nessas coisas.

── Aham, acredito.

── Sin, meus meninos não são tão cruéis quanto aparentam.

── Como sabe?

── Eu os conheço desde crianças e ajudei a criá-los, sempre foram crianças amáveis. ── Diz sorrindo, certamente pelas lembranças ── Mesmo eles tendo se afastado daqui por um tempo, eu sei que meus meninos não mudaram tanto.

Não falei mais nada, apenas segui em direção ao meu quarto pensando no que ela acabava de falar. Como ela pode dizer que os Kaulitz são amáveis?

Com todo respeito a dona Ofélia, mas eu não acredito que isso seja possível, eles mal conversam comigo e só abrem a boca pra me ameaçar e ela quer que eu tente conhecer eles. Parei na porta do quarto de Tom e fiquei olhando ele sentado na cama com um livro, acredito que seja um álbum, ele olhava as fotos com um semblante tão triste, fiquei um tempo olhando aquela cena até que ele se levanta guardando o livro em uma gaveta e trancando a mesma.

Ele tirou a blusa e virou rápido pra porta sem me dar tempo de sair.

── Se quer me ver sem roupa é só pedir, lobinha. ── Diz voltando ao seu tom sarcástico de sempre

── Não quero essa visão dos infernos.
── Minto.

Com certeza a visão desse homem sem roupa deve ser uma amostra do paraíso.

── Já eu não posso dizer o mesmo. ── Fala se aproximando de mim que estava estática observando cada movimento dele ── Você é um pecado de tão linda.

── Eu sei disso. ── Falo olhando as mãos dele que estavam sobre a minha cintura

── Pare de ser tão convencida. ── Diz no meu ouvido e deposita um beijo no meu ombro

── Não sou convencida. ── Falo sorrindo encarando o piercing dele ── Só sou realista.

── Tom já vou. ── Clara diz parando na porta do quarto e Tom se afasta ── Você deposita o dinheiro, querido?

── Claro. ── Ele diz sorrindo fraco

Como ele consegue ser tão frio com outros e tão carinhoso com essa mulher? Ela deve ser uma ótima tia porque não tem outra explicação.

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