001 | garota inocente

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Kali Mulen

Retoco meu batom vermelho no espelho e entro por aquelas cortinas como se o palco fosse um mundo e eu a deusa dele. Não sou apenas eu que acho isso, de certa forma todos aqui tem o mesmo pensamento, que eu sou a Deusa do prazer e eles são meus meros fiéis.

Vejo o olhar de desejo daqueles homens sobre mim, alguns mais velhos outros mais novos porém todos com a mesma intenção arrumar uma vagabunda pra passar a noite.

Remexo meu corpo no ritmo da música de forma sensual, isso já era extremamente normal pra mim. Parece que quando subo no palco a música começa a me controlar de tal forma que eu nem percebo que estou dançando, aqueles olhares de pra em cima de mim só me incentivavam a dançar mais ainda.

Sem ao menos perceber meus olhos  se encontram com os de homem que estava no fundo da boate. Eles tinha o cabelo preto raspado dos lados, com um tapete em cima, elesse destacava pela sombra preta nos olhos e ele me olha com um sorriso de lado e umedecer os lábios ao seu lado tinha outro homem, acredito que seu irmãos pela semelhança exorbitante que ambos tinham.

Semelhantes porém diferentes.

Esse outro homem tinha tranças no cabelo e um piercing nos lábios que acompanhava o seu sorriso sedutor. Não era a primeira vez que eu os via ali, fazia um tempo que eles vinham me observando. E como eu sei disso?

Simples, eu sempre sei quem me observa e com quais intenções observa.

Sai do palco e fui até o meu camarim, vesti uma mini saia preta por cima do conjunto de lingerie que eu usava e fui caminhar pelo salão na intenção de arrumar algum homem que possa me beneficiar com algum dinheiro em troca de prazer.

Eu não me considero uma prostituta por levar a vida que levo, apenas me considero uma mulher esperta que usa de sua aparência, que uma das coisas que os homens mais priorizam, pra se beneficiar e ter uma boa vida.

Parei no bar da boate e me sentei em um dos bancos já sentindo alguns olhares em mim, mas eles foram desviados assim que Layla entrou no palco.

Layla era uma mulher linda. Tinha vinte e quatro anos, uma pele morena e os cabelos enrolados grande, seu corpo era  incrivelmente esculpido, seios fartos, cintura fina e bunda impinada  diferente de mim que sou bem magra, quase não tenho seios.

Apesar de saber do meu valor e da minha beleza, eu também sei que mulheres com um corpo tão estrutural como o de Layla atraiam mais olhares de homens importantes e eu não os julgo, ela é linda.

Mas mesmo com tudo isso ela nunca poderia ser eu.

Aprendi da pior maneira o que eu devo fazer pra ter um homem nas minhs mãos. Agir como uma completa idiota.Pode parecer estranho mais os homens costumam se sentir mais atraídos por mulheres que agem como cordeirinhos, ovelhas que precisam de um pastor para as proteger e as ajudar. Olhei por todo salão analisando de quem e como eu poderia me aproximar pra ter o que preciso.

── Procurando alguém? ── Escuto uma voz forte atrás de mim e me viro rapidamente era um dos garotos que me observavam a pouco, o de sombra preta e olhar de vampiro.

── Deixa eu adivinhar, está a procura de um homem pra enganar? ── O das tranças diz com um sorriso no canto dos lábios.

── Creio que não seja da conta de vocês o que ou quem procuro. ── Falo levando a taça de vinho até minha boca.

Eles me encaravam fitando cada detalhe do meu corpo. Eu conseguia ouvir os gritos internos e pensamentos sórdidos que eles tinham só por me olhar e eu adorava isso, me sentia no controlo daquilo. 

── Licença. ── Falo me retirando do local deixando eles parados ali.
Caminhei lentamente até um homem que aparentava ter uns sessenta e poucos anos. Ele usava um terno branco e seus dedos eram cheios de anéis de ouro, seus olhos azuis e o cabelo já grisalho.

Perfeito, hora de ativar meu modo garota inocente.

Assim que me aproximei seus olhos percorreram todo o meu corpo como se quisesse tocá-lo. Me sentei a alguns bancos de distantes e ele me chamou com os dedos, tinha duas mulheres ao lado dele eu não sou do tipo que divide cache. Olhei pra elas e depois olhei de volta pra ele que entendeu e pediu pra que elas saíssem de perto e elas foram me olhando com sangue nos olhos. Me sentei ao lado dele e fiz a melhor cara de inocente que consegui.

── Como se chama querida? ── Pergunta pondo uma de suas mãos sobre a minha coxa

── Sin. ── Falo sorrindo

Eu sempre uso esse nome pra não dar algo errado quando for usar com meu nome verdadeiro. Sin significa pecado e é isso que eu gosto de atrair pros homens. 

── Que lindo. ── Diz subindo as mãos pro meu quadril e eu derrubo ataca propositadamente em seu casaco

── Me perdoe. ── Falo envergonhada ── Eu não sei o que deu em mim, acho que tenho alguma fraqueza nas mãos.

── Tudo bem.

── Deixa eu limpar. ── Falo tirando o casaco dele e ele me observava atentamente ── Quer ir até a lavanderia pra mim limpar? No andar de cima tem uma.

── Claro.

Assim que chegamos no quarto ele se sentou na cama e eu fui até a maquina de lavar que era dividida por um pequeno muro. Eu conseguia ver ele falando no telefone, certamente devia está falando para os seus seguranças não se preocuparem que ele irá passar a noite com uma vadia que encontrou pela boate.

Tirei a carteira do bolso dele e tirei uns cartões e todo dinheiro que tinha passando tudo pra minha bolas. Achei uma aliança, por um momento fiquei com dó da corna que devia estar em casa com os seus filhos preocupada com seu marido que não lhe dá atenção e nem respeito é claro que isso é apenas uma suposição.

Peguei duas taças e coloquei um boa noite Cinderela e fui até ele.

── Toma. ── Falo entregando a taça e ele olha desconfiado ── O que foi?

── Sin troque a taça comigo, por favor? ── Pede me olhando e eu franzo o cenho

── Está achando que quero te drogar. ── Finjo estar ofendida ── Eu não preciso disso. Só porque trabalho em uma boate não te dá o direito de pensar isso de mim.

── Calma querida. ── Fala e eu o olho com lágrimas no olhos ── Não precisa trocar então..., é só que o mundo é cruel sabe. Temos que desconfiar de todos.

── Agora eu faço questão de trocar. ── Falo trocando a taça com ele e bebendo o líquido.

Ficamos um tempo conversando até que ele se sentou na cama atordoado.

── O que tinha na taça? ── Pergunta com as mãos na cabeça

── Nada querido. ── Falo fingindo inocência ── Quer que eu chame alguém?

── Você me drogou. ── Falava fechando os olhos ── Você sabia que eu iria querer trocar as taças.

── Eu não sabia amor. ──  Falo rindo ── Por isso eu droguei nos dois.

𝗣𝗘𝗖𝗔𝗗𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora