002 | Loba em pele de cordeiro

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Kali Mulen

Depois daquele ocorrido com o senhor Barbosa eu rapidamente fui tomar um remédio que anula o efeito do outro. Coloquei um sobre tudo por cima da roupa que eu estava, calçei minhas botas e amarrei o cabelo fazendo um coque. Subi na cama e peguei a minha arma que ficava em uma parte falsa do teto, puxei minhas malas que estavam embaixo da cama e sai de lá como se nada tivesse acontecido.

Já tinha uns dois messes que eu estava aqui em LA e eu não fico mais de três messes no mesmo lugar pra não levantar suspeitas. Pra mim já era comum viver viajando, de cidade em cidade, boate e boate. Eu só fico nos lugares até ter dinheiro suficiente pra ir para outro, vivo desse jeito desde que terminei com meu namorado.

Meu pai era alemão e minha mãe era brasileira, eu nasci em Chicago, mas eles me criaram no Brooklyn com uma vida simples e muito amor isso até meu pai morrer e eu e minha mãe ficarmos totalmente sozinhas. Foi aí que eu conheci o Nate, ele era mais velho que eu e no início me tratava super bem, comprava presentes me enchia de promessas até pediu pra mim ir morar com ele.

Eu só tinha dezesseis anos na época e como ele foi o meu primeiro tudo eu decide ir. Minha mãe falou que eu não devia acompanhar ele, que no início sempre eram flores mas depois eu descobriria quem ele era. E foi o que aconteceu, ele se transformou em um alguém totalmente irreconhecível, ele  ficou abusivo, não deixava eu ir pra lugar nenhum. Eu tive até que terminar a escola a distancia, minha mãe morreu um pouco antes dele se tornar um monstro.

Ele transformou nossos sonhos em pesadelos, pesadelos os quais eu não podia acordar pois eram reais. Eu lutei muito pra me libertar dele e de todo mal que ele me fazia e eu consegui. Consegui provas de fraudes que ele e o pai cometiam na empresa e eles foram presos, eu tinha acabado de fazer dezoito naquela época, foi aí que eu decide que viraria stripper.

Não quero mais me envolver e nem ter sentimentos por homem algum. Porque foi confiando em homem que eu arrumei os meus maiores traumas e piores lembranças. Quero viver sozinha, ser rica e independente, sem ter que aturar gracinha de homem nenhum.

Desci do taxi e entrei no aeroporto, eu sentia uma sensação estranha, e eu já sabia o que era. Tinha alguém me observando, me seguindo, alguém a espreita querendo me fazer mal. Começo a olhar em volta até que meu voo foi chamado como eu já tinha despachado as malas, eu só peguei minha bolsa  e andei bem rápido até o avião mas senti uma mão no meu braço.

── Te conheço? ── Pergunto olhando pra um homem que eu nunca vi na vida

── Não, mas tem algeum que te conhece e quer falar com você. ── O homem diz sério

── Não estou interessada. ── Falo tentando me virar mas ele segura meu braço com mais força ── Se não me soltar irei gritar tão alto que o aeroporto toda vai ouvir.

── Se gritar darei um tiro bem no meu do seu rostinho de anjo. ── Fala mostrando uma arma que estava por dentro de seu casaco ── Agora você irá me acompanhar até o carro e entrar quietinha nele.

Eu estava com tanto ódio que minha vontade era dar um soco na cara daquele homem mesmosabendo que ele poderia me matar com um simples tiro. Entrei no carro batendo a porta com força e ele me olha sério, apenas o olhei com um  sorrisinho debochado que logo se desfez quando senti um saco ser posto na minha cabeça.

── Me larga. ── Falo gritando mas o só era abafado pelo saco. Senti minhas mãos serem amarradas e eu fui jogada pro chão do banco de trás.

Depois não sei mais o que aconteceu, só me lembro da minha visão ficar turva e acordar com um homem me sacudindo.

── A princesinha acordou. ── Ele dizia me encarando, eu estava em um lugar totalmente estranho e afastado de tudo. Olhei pros lado e só conseguia ver homens e mato.

── Puta que pariu. ── Falo levantando do chão com certa dificuldade ── Eu sabia que um dia daria merda, só não sabia que seria antes de eu me casar com a Beyoncé.

── Está achando engraçado? ── Um homem careca e alto diz, ele era quase dois de mim.

── Jamais senhor. ── Falo seria ── Só estou realmente decepcionada comigo mesma por ter sido sequestrada por um carequinha de meia idade. ── Assim que termino a frase sinto meu rosto arder, ele me deu um tapa ── Filho da puta. ── Falo cuspindo na cara dele e sinto o outro lado do meu rosto arder ── Já apanhei mais que isso e não morri. ── Falo e dessa vez sinto um soco que me faz cambalear para trás.

Cai sentada no chão com o nariz sangrando.

── Eu não mandei bater nela. ── Escuto uma voz familiar soar se aproximando ── Vem. ── Era um daqueles garotos da boate, o que me lembra um vampiro. ── Você está bem? ── Pergunta e eu nego com os olhos lacrimejando ── Se algum de vocês se atrever a encostar um dedo nela eu mesmo irei jogá-los como comida para os tubarões do Tom. ── Fala sério e vejo eles engolirem seco.

── Senhor mais ela...

── Quer ser o primeiro? ── Pergunta sério ── Vamos.

Ele me guiou pra dentro da casa e eu olhei pra trás dando um sorriso vitorioso pro homem que me bateu e depois voltando a fingir choro.

── Eu sou o Bill. ── Fala desamarrando minhas mãos ── Você é a...?

── Sin. ── Minto e escuto alguém entrar rindo.

── Não minta, Kali. ── O garoto de tranças fala entrando na sala ── E Bill, não finja simpatia.

── Eu não estou mentindo senhor. ── Falo com a voz baixa e Billl me olha.

── Eu sei que tenho cara de otário mais não sou um, senhorita Mulen. ── Bill diz levantando e servindo um copo de uísque a si mesmo.

── Conhecemos a loba que existe por trás dessa pele de cordeiro, Kali. ── Tom diz sentando na minha frente

── Que bom, assim não preciso fingir nada. ── Falo me levantando. Vou até a garrafa de uísque e encho um copo. ── O que querem?

── Agora falou nossa língua. ── Bill fala fazendo menção pra que eu me sente no sofá a frente deles.

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