043 | Cartas na mesa

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Kali Mulen

Acordo sentindo o vento entrar pelas janelas. O inverno na Alemanha já estava começando, e com ele começava uma nova etapa na minha vida. Uma etapa onde eu jogaria sem medo de perder e me arriscaria de uma só vez.

Quando escolhi ser verdadeira com os Kaulitz e poupar sua vidas, automaticamente eu devo ter assinado minha carta de morte. Mesmo assim não me arrependo. Fiz o que eu julgava ser certo e agi por mim mesma, sem influência de ninguém.

──  Bom dia, senhorita Kali. ── Ofélia diz, entrando no quarto ── Acredito que esse seja seu verdadeiro nome.

── Kali Mulen. ── Estendo a mão para a mais velha que sorri e aceita o aperto.

── Prazer em conhecê-la, querida. ── Ela sorri. ── Os meninos já tomaram café e estão a sua espera.

── Já vou. A Clara....

── Ela viajou para o Caribe ontem junto com seu sogro. ──  Ela fala.

── Que bom.

── Vou deixá-la se arrumar.

Me levanto da cama e corro para o banheiro. Mas sinto uma tonteira que me faz sentar no vaso. Esses dias venho sentindo muita tonteira, talvez pelo estresse ou esforço que tenho feito. Tomo um banho morno e mudo uma calça branca, com um blaze da mesma cor. Encaro meu cabelo por um tempo no espelho e o deixo solto. Ele estava um pouco abaixo dos seios, e bem enrolado.

── Bom dia. ── Falo, entrando no escritório.

── Bom dia. ─── Tom diz, me encarando da cabeça aos pés.

── Só Dia, porque de Bom não tem nada. ── Bill fala.

── Como preferir, Bill Kaulitz.
── Digo com desdém. Ele me olhou de cima abaixo e umedeceu os lábios com a língua, me dando a visão de seu piercing prateado.

Deixe de pensamentos impuros, Kali.

── Já marcou com o Cater? ── Ele pergunta.

── Marquei ontem.

── Tem algum plano em mente?

── Sem planos, dessa vez vou colocar as cartas na mesa e seja como Deus quiser.

── Espero que isso de certo. 

── Vamos. ── Falo, pegando a chave do carro e Tom se levanta para ir atrás.  ── Você fica, cadáver.

── Oque? Mas por quê? ── Pergunta com indignação. 

── Os mortos não questionam, Tom. ── Bill diz com sarcasmo, arrancando um resmungo do irmão.

── Mas que porra...

── Pra que não se sinta excluído, amorzinho. Vou deixar você nos acompanhar pelo computador. ── Falo, passando a mãos pelo rosto dele que me encarava com raiva. ── Daqui a pouco o Barbosa deve  aparecer por aqui.

Entramos no carro e eu dirijo para o galpão onde nos encontraríamos. Era um galpão onde os chefes das máfias que componham a aliança se reunião. No total eram sete máfias e nove chefes, sendo duas comandadas por duas pessoas.

── Bill, fique aqui fora.  ── Falo e ele me olha com as sombrancelhas arqueadas. ── Fique aqui. Se eu não voltar em no máximo uma hora vá embora, troque de nome e finja que nunca me conheceu

── Com muito prazer.

── Eu sei que não conseguiria. ── Me afasto do carro e caminho em direção ao galpão. Espero que ocorra tudo bem.

Assim que chego perto da porta consigo escutar vozes alteradas discutindo lá dentro, abro as portas e entro atraindo todos os olhares dos presentes.

── O que faz aqui? Os Kaulitz não foram chamados? ── Cater diz.

── Não vim como esposa das Kaulitz, vim como Kali Mulen. Dona da sétima cadeira. ── Digo, me sentando no meu lugar. Eles me encaram por algum tempo. ── Podemos?

── Então era você... ── Willians sussurra me olhando ── Você matou o Tom.

── Não fale como se não quisesse ter feito o mesmo. ── Falo ── Todos estão aqui por um único motivo, tomar os territórios dos Kaulitz e eu sou a única que posso entregar isso de mãos beijadas.

── E como você faria isso? ── Um dos homens pergunta. ── Por que Bill ainda está vivo.

── E se ao invés de tomarem o que é deles, pedirmos parte dos lucros. ── Falo ── Assim Bill poderia trabalhar e vocês receberem.

── Não entendo, a maior interessada em tomar tudo deles era você. ── Cater diz ── E agora diz isso.

── Percebi que valem mais vivos do que mortos.

── Isso é verdade. ── Williams fala ── Mas agora o Tom já....

── Não se preocupe com isso, não agora.

── Então eles teriam uma espécie de divisão de lucros com a gente?  ── Outro pergunta ── Não sei se gosto dessa ideia.

── E se eles nos passarem pra trás?── Um dos homens toma a voz. ── E se você estiver nos enganando?

── Não estou enganando ninguém. ── Falo firme ── Apenas estou tentando fazer um acordo, se não quiserem podem matar Bill e ficar com os territórios. Mas não se esqueçam que eu fui a primeira a ter coragem suficiente para enfrentá-los e se eu digo que valem mais vivo é porque valem.

── Eu ainda não concordo. ── Cater fala, ele ainda insistia na ideia de matar Bill. ── Desse jeito estaríamos facilitando para ele.

── Ele já perdeu o  irmão, não está com cabeça para muito. Apenas deixem que ele trabalhe para vocês e depois o desviarem, sem precisar matá-lo.

── Acho que devemos conversar e votar. ── Williams fala ── Nos de dois dias, iremos ver se vale a pena.

── Tudo bem. ── Digo ── Mas não passem disso, se não eu terei que escolher quem vive e quem morre.

── Isso foi uma ameaça? ── Cater pergunta.

── Isso foi apenas um alerta.

Se eles aceitarem que Bill trabalhe pra eles por um tempo, eles depois podem tranquilamente se recuperar sua independência e quem sabe trazer Tom dos mortos.

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