Kali Mulen
Quando sai do banheiro nenhum dos garotos estava mais no quarto. Coloquei uma roupa leve e desci. Escutei uns sussurros estranhos e me abaixei no último degrau para tentar entender.
── Não é tão fácil assim. ── Caroline dizia no telefone ── Ele queria me mandar embora, estou ficando sem tempo e sem desculpas. ── Ela respira fundo ── Os gêmeos chegaram aqui com uma neguinha dizendo que vão casar com ela.
Sinto meu sangue ferver pelas minhas veias.
── Achei completamente ridículo. ── Ela continua ── E ela ainda teve a audácia de me ameaçar. Acho que os garotos estão escondendo algo, porque pelo que me lembro de Tom, jamais casaria com uma mulher daquele jeito. Sem contar que o corpo é puro osso.
Meus olhos ardem e minha garganta se fecha em um nó.
── Não vou chorar por isso. ── Sussurro pra mim mesma enquanto levanto.
Não sou mais aquela neguinha do Brooklyn que se escondia no banheiro para abaixar o cabelo quando alguém me chamava de cabelo de bombril.
Isso é coisa da Kali.
Engulo aquilo e olho para minhas mãos que já estavam trêmulas. Meu coração estava acelerado.
── Aquela puro osso ainda achou que podia desfilar de camisola pela casa. Típico de gente de cor.... ── Ela para de falar assim que me vê na frente dela. ── Sin.
── Tudo bem. ── Pergunto sorrindo e ignorando totalmente o fato daquelas falas me lembrarem uma época extremamente dolorosa.
── Sim. ── Diz deixando o telefone cair. Me abaixei para pegar e ela deu um pulo que posso jurar que vi seus pés darem impulso no chão. Ela pegou o telefone, e me encarou fazendo uma cara falsa de dor. ── Aí.
── Se machucou?
── É que dói um pouco quando eu abaixo assim. ── Mentira. Ela percebeu que vi os pés dando impulso.
── Onde estão os Kaulitz?
── Saíram com o Lacerda. ── Ela diz empurrando a cadeira para trás. ── Eu já vou indo e...
── Fica. ── Falo segurando a cadeira. ── O que queria com o Bill aquele dia?
Ela me olha com os olhos arregalados e a respiração começa a ficar ofegante.
── Responde. ── Falo firme e ela se afasta.
Pego um jarro de plantas que não estava tão distante e bato com o mesmo na perna dela. Ela dá um salto da cadeira e coloca as mãos sobre o local que o jarro atingiu.
── Maluca. ── Diz sentando na cadeira novamente e eu sorrio vitoriosa.
Uma mentirosa sempre reconhece outra.
── Eu fiz uma pergunta e você não respondeu. ── Falo ── E já esta na cara que você consegue andar muito bem.
── Eu queria pedir ajuda ao Bill.
── Para?
── Não te interessa sua.... ── Dou um tapa no rosto dela antes que termine a frase ── Você é louca.
Dou outro tapa.
── Só abra a boca para responder o que te pergunto. ── Ela me lança um olhar de ódio. Seu rosto estava vermelho e seus cabelo meio bagunçandos ── Queria a ajuda de Bill, para?
── Eu queria que ele me emprestasse um dinheiro. ── Ela desvia o olhar ── Foi em um momento de desespero.
── Queria dinheiro por que?── Ela hesita ── Responda ou darei outro tapa.
── Para comprar minhas coisas ── Diz com a voz trêmula ── Lacerda não quer me dá mais nada.
Esta mentindo.
── Acha mesmo que eu vou cair nessa. ── Falo chegando mais perto e puxando o cabelo dela ── Eu sei que você mente. Me diga a verdade.
── Eu estou devendo. ── Ela grita e eu me afasto ── Estou devendo para uns caras de uma máfia inimiga. Essa dívida já aí vem de bem antes dd eu me casar com Lacerda. E se ele descobrir vai me matar. e eles vão me matar se não pagar. Eu não ia mentir mas ele começou a me tratar mal e queria separar aí....
── Você teve que fingir estar cadeirante para ele não te largar. ── Falo ── Sabe que mafioso não gosta de ser enganado, né?
── Eu sei.
── E ele vai te matar assim que descobrir. ── Ela engoliu seco ── Já até vejo seu corpo sendo arrastado para uma cova qualquer.
── Para!── Grita ela ── Para de dizer essas coisas.
── Então sua vadiazinha burra, não entre no meu caminho, não respire perto de mim e muito menos volte a tentar falar com Bill. ── Falo prendendo o nariz e a boca dela com minhas mãos ── E lembre-se que seu teatro teatrinho só irá durar até quando eu quiser.
Ela começa a bater nas minhas mãos e eu a solto.
── Entendeu bem?
── Entendi. ── Diz com a respiração ofegante.
── E antes que eu esqueça, me entregue o telefone. ── Ela hesita um pouco e faz. Busco no histórico dela os dois últimos números para quem ela telefonou e anota no meu telefone. ── Toma.
Jogo o celular no chão de novo e ela o pega.
Saio de lá voltando para o quarto pensando em como poderia usar isso ao meu favor. Pego o celular para discar o número mas Tom entra no quarto.
── Kali. ── Diz abrindo a porta e eu escondo o telefone
── Que foi? ── Pergunto largando o celular
── Vim ver como está. ── Diz sentando na beira da cama e me encarando. ── Eu e o Bill fomos dar uma volta pela casa com nosso pai.
── Hum. ── Murmuro sem dar muita importância ── Só isso?
── Sim e não. ── Ele diz me olhando ── Desculpa o jeito que eu falei hoje mais cedo. Acho que eu estava um pouco estressado com a procura do traidor e passei dos limites.
Ele olhava para o chão enquanto falava. Tom era um bom homem. Vejo isso em seus olhos. Ele tem esse jeito marrento dele, mas tem um bom coração e não parece nem um pouco ser um mafioso perigoso que pintam. O jeito dele, não sei, ele apenas me parece não ter perfil de quem envolve com essas coisas.
── Tudo bem. ── Falo ── Desculpa também. Eu não devia ter te batido.
── Acho que já me acostumei com seus tapas e com você puxando minha tranças. ── Ele sorri ── E eu até gosto.
── Ah, é. ── Falo subindo no colo dele e colocando a mão no seu cabelo ── Vou ter que puxar mais um pouco então.
Puxo a trança dele de leve e beijo seu pescoço. Me mecho devagar no seu colo e ele me beija.
Me afasto e ele olha sem entender.
── Você acaba de perder uma aposta, Tom Kaulitz. ── Sorrio para o mesmo que nega me encarando.
── Tudo bem. ── Diz rindo ── Não me importo de perder pra você. Não hoje.
Fico encarando ele que sorria para mim de um jeito que me fazia sorrir também.
Não posso gostar de você, Tom.
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𝗣𝗘𝗖𝗔𝗗𝗢
Fanfic[Fanfic Tokio Hotel] [+16] Kali Mulen é uma mulher que vive de golpes e preza pelo dinheiro. Os irmãos Kaulitz são donos da maior máfia alemã que comercializa armas. O interesse em expandir os negócios e a ambição de Kali acaba unindo os três em um...