003 | Sim ou Morte?

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Kali Mulen

── Então deixa eu ver se entendi. ── Falo bebendo um gole de uísque ── Vocês querem que entre pra essa guangue...

── Máfia. ── Tom corrije

── E ajude dando em cima de homens nojentos pra vocês expandirem a empresa ou sei lá o que vocês tem?

── Que bom que já entendeu o que deve faze assim fica mais fácil. ── Bill diz

── Eu não vou fazer nada disso. ── Falo me levantando ── Pode não parecer mais sou uma mulher de princípios e não vou me envolver com velhos tarados por dinheiro.

── Você vive fazendo isso, não sei qual a novidade. ── Bill diz

── A novidade é que eu nunca matei.

── Não é o que mostram seus registros. ── Tom diz e eu engulo seco ── O senhor Otavio Label, lembra Bill?

── Era um ótimo homem. ── Bill fala me olhando e eu sinto de novo aquela culpa ── A família ficou desolada.

── Nós fomos ao interro sabia Kali? ── Tom fala enchendo o copo ── O coitado estava todo acabado, com um tiro no estômago.

── Eu não tive culpa. ── Falo me lembrando daquela noite ── Era ele ou eu.

── E você se escolheu. ── Bill diz ── Como consegue dormir a noite sabendo que matou um pai de família, Kali?

── Quem está na chuva é pra se molhar. ── Falo sem demonstrar sentimento algum ── Ele me procurou aquela noite e se ele fosse tão bom e santo não iria trair a esposa com uma stripper que acabou de conhecer. ── Termino e eles me olham.

Pensaram que eu me sentiria culpa e começaria a chorar, não que eu não me sinta, mas vivendo em um relacionamento tóxico eu aprendi muitas coisa e uma delas foi a não chorar e nem demonstrar sentimentos na frente dos outros.

── E sobre a proposta a resposta é não.

── Essa opção não existe ── Tom fala ── É sim ou morte.

── Então busque a arma. ── Afronto me aproximando ── Anda, Kaulitz.

── Como sabe nosso sobrenome? ── Bill pergunta surpreso.

── Eu não sabia, tinha a dúvida e você confirmou. ── Falo sorrindo ── Não são os únicos que investigam por aqui.

── Você se acha esperta não é garota? ── Tom fala ── Mas deixa eu te contar uma coisa, você está na Alemanha e aqui não existe ninguém que seja mais esperto ou tenha mais poder que eu e meu irmão.

── Nesse mundo nós que somos Deus. ── Bill diz pegando uma arma e apontando pra minha cabeça ── Sim ou morte?

── Morte. ── Desafio parando em frente a arma e colando a testa na mesma.

Eu realmente estava com medo de morrer, mas queria ver até onde iriam, quais eram seus limites.

── Não seja rebelde, lobinha. ── Tom dizia parando atrás de mim ── A vida é cruel com os rebeldes.

Encarei Bill que estava na minha frente com a arma e senti a respiração de Tom na minha nuca, eu estava no meio dos dois, ainda assim eu me sentia uma loba, mas agora encurralada por dois tigres famintos em demonstrar poder. 

── Já fiz a minha escolha.

── Tudo bem então. ── Bill diz guardando a arma e eu franzo o cenho sem entender ── Ah, você achou que levaria um tiro? ── Diz sorrindo ── Não facilitariamos pra você, Sin. 

── Você vai morrer sim, mas será de fome ou frio. ── Tom diz ── Podem levar. ── Fala e um dos homens vem até mim ── Tira o casaco dela.  ── Eles tiraram meu sobretudo e sorriram ao ver que eu usava apenas uma mini saia e  uma lingerie por baixo.

── Essa cor ficou linda. ── Bill diz ── Mas ainda prefiro vermelho.

── Me soltem. ── Falo pros homens que me puxavam ── Me larga, eu sei andar.

Fui caminhando ao lado deles até uma espécie de porão ou calabouço sei lá que porra é essa. Chegando lá o homem me empurrou pra dentro de uma cela  e fechou a grade. Olho pro canto da parede e vejo dois ratinhos cruzando.

──Ótimo. ── Falo sentando em um colchão mofado ── Porno ao vivo.

Sentada ali me vem uma lembrança do meu passado, uma das que mais me atormentam.

Flashbak on

── Me solta Nate ── Falo me debatendo na cama enquanto o  garoto amarrava minhas mãos ── Me solta. ── Dou uma cotovelada que faz o nariz do garoto sangrar.

── Sua filha da puta. ── Diz me empurrando ── Pensa que é quem pra encostar a mão em mim. ── Ele falava enquanto me batia e eu vejo o pai e a mãe dele passarem pro quarto como se não estivessem vendo o que ele fazia.

Os tapas, socos e chutes que eu levava diariamente já não me afetavam e nem me causavam dor. O que me doía mais era saber que eu poderia ter evitado tudo isso se tivesse escutado a minha mãe. Nunca vou esquecer das últimas palavras que ela me disse.

"No início tudo é festa, mas com o tempo a pessoa se transforma."

Me perdoa por não te ouvir mãe. Queria poder te dar um último abraço, um último beijo, um último sorriso...., mas agora é tarde pra tudo isso e não adianta chorar por um tempo que já passou, o que adianta é levantar a cabeça e seguir em frente.

Nate me puxou pro sótão sem se importar se me machucava ou não e me largou lá sentada em um colchão úmido e mofado.

── Isso é pra que você não crie forças comigo. ── Fala subindo as escadas novamente.

Flashbak off

── Não crie forças comigo. ── Repito pra mim mesma rindo ── Babaca. 

Me virei pro canto e tentei dormir naquele colchão mofado mesmo. Acordei como estômago roncando e me levantei andando um pouco pela cela, que estava fria e úmida senti um ratinho nos meus pés fazendo eu me assustar e acabar chutando ele pra parede.

── Aí desculpa. ── Falo pro rato que eu tenho plena consciência que não me entende ── Tadinho. ── Embrulho ele em um pedacinho de pano que achei no chão e coloco ele sobre o colchão. ── Depois de ser protetora dos animais quase matei um. Meu Deus.

Senti um par de olhos sobre mim ali no escuro.

Era o vampiro.

── Já não basta ficar presa ainda tenho que aturar demônio me encarando. ── Falo parando na grade ── O que a entidade quer?

── Que você suba lá pro quarto e durma comigo. ── Bill diz se aproximando da grade.

𝗣𝗘𝗖𝗔𝗗𝗢Onde histórias criam vida. Descubra agora