039 | Confie em mim

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Kali Mulen

O céu já estava clareando, no relógio do carro marcava cinco e dois da manhã. Minhas roupas estavam cobertas de sangue, sangue de um dos homens que eu mais amei. Na minha mente passava os momentos que tivemos, as nossas brigas e as dores que compartilhei com ele. Parei o carro enfrente a casa e, apaguei os faróis.

Disco o número de Layla e espero ela atender.

── Pode avisar a Cater, que um deles está morto. ── Digo, limpando meu rosto.

── Como assim? Do que está falando? ── Ela diz, confusa ── Você o matou...?

── Fiz o que precisa ser feito. ── Digo, simples ── Agora avise a Cater, que ele não precisa se meter nos meus assuntos. Sei cuidar do que é meu sozinha.

Desligo o telefone antes que Layla possa me responder. Tom, serviria de exemplo para que eles não tenham dúvidas que do que realmente sou capaz de fazer para consegui o que eu quero.

Arrumo minha postura o máximo que consigo e saio do carro. Vou fazer meu teatro para Bill, espero que eu não precise fazer o mesmo com ele.

── Meu Deus.... ── Ofélia diz, quando bate os olhos em mim ── Sin, o que aconteceu?

A mulher me puxou para dentro da sala e eu ainda não havia falado nada.

── O que houve.... ── Puta merda!
── Bill diz, me olhando. ── Que merda aconteceu, Kali?

── Fomos atacados... ── Digo, sem o olhar ── Atiraram e levaram o Tom.

── Como assim? ── Bill diz, sentando a minha frente ── Cadê o meu irmão, porra?

── Bill, ela está abalada. ── Ofélia fala, me fazendo reparar em sua presença. ── Venha, querida. Ela me guiou até o meu quarto e, eu fui para o banheiro.

Deixei a água gelada cair sobre meu rosto, lavando os resquícios de sangue que haviam ficado. Saio do banheiro embrulhada na toalha e me jogo na cama.

── Não aguento mais, eu não aguento mais, não aguento mais... ── Eu repito com o rosto escondido no travesseiro.

Meu peito subia e descia freneticamente e minhas lágrimas molhavam a fronha branca do travesseiro. Minhas mãos suavam, meu corpo tremia mais do que antes e meus ouvidos zumbiam.

Eu já conhecia essa sensação.

── Kali. ── A voz de Bill soa no quarto ── Ei, o que foi?

Não respondo.

Não consigo responder.

── Fala comigo, Kali. ── Ele sacudia meu corpo ── Para, você está me assustando.

Continuo na mesma posição.

── Que merda. Ofélia chama um médico. ── Bill grita ── Ofélia!

── Sim, senhor.

Um zumbido aumentou e meus olhos pesaram. Eu já não conseguia respirar. Não sei mais o que aconteceu, antes que eu desmaiasse jogada ali.

Bill Kaulitz

Quando Kali chegou eu mal podia acreditar na cena que vi. Tom tinha sido baleado e levado como refém por outra máfia. Embora eu não acredite muito nessa versão, não posso deixar de levar em conta o dia em que fomos perseguidos lá no Caribe, e as possíveis ameaças que surgiriam após nosso rompimento de alianças.

── O médico chegou. ── Ofélia entra no quarto ── Posso mandá-lo subir?

── Sim. ── Digo, vestindo uma camisa larga e uma calcinha em Kali.

── Muito bem, o que houve com ela? ── O médico fala, assim que entra no quarto. Explico toda situação a ele ── Vou dar alguns sedativos na veia dela. Pode me dizer quantos anos ela tem?

── Vinte. Faz vinte um daqui alguns messes.

── Ela tem passado ou já passou por muito estresse?

── Temos uma vida conturbada. ── É a única coisa que respondo. ── Ela ficará bem?

── Claro. ── O médico diz com firmeza ── Ela precisará apenas de repouso e, quem sabe tomar algum remédio para ansiedade. Leve-a para fazer um exame na segunda. 

── Tudo bem. 

O médico da o remédio a Kali, passa um outro para quando ela acordar e sai do quarto. 

Fico alguns minutos analisando a feição, agora, relaxada da mais nova. Me deito ao lado dela e a puxo para o meu peito, acariciando seus cabelos escuros. Eu mal percebi, mas senti falta dela.

Não sei quando adormeci ao lado da menina, mas só fui perceber quando ouvi a voz da mesma ao meu lado pela manhã.

── O que aconteceu? ── Ela pergunta, abrindo os olhos lentamente e sentando na cama.

── Você desmaiou. ── Murmoro ── Mas já está tudo bem. Na medida do possível.

Ela estava com o pensamento longe e seus olhos, inchados por conta do choro, pareciam estar perdidos em alguma situação de antes.

── Você pode me falar o que houve ontem? ── Pergunto, depois de alguns minutos de silêncio.

── Eu vou ajeitar tudo, Bill. ── Diz baixo, ainda com os olhos distantes ── Confie em mim.

── Está um pouco difícil...

── Senhor! ── A voz de Ofélia se faz presente pelo corredor ── Bill! Sin! ── Ela chama a desesperadamente.

Corremos para o corredor dando de cara com minha tia saindo assustada de um dos quartos.

── O que aconteceu, Ofélia? ── Clara diz.

── Eu não... acharam um...  ── A voz dela falhava.

── Fale devagar. ── Tento acalmá-la. ── O que foi?

── Encontraram um corpo na estrada com as roupas de Tom, totalmente desfigurado. ── Ela fala, de uma só vez ── Levaram para fazer exames, mas tudo indica que é ele.

── Meu Deus! ── Minha tia grita ── Não pode ser verdade.

── O Tom está.... morto? ── Falo, em um tom quase inaudível.

Meu irmão morreu e a última coisa que fizemos juntos foi discutir. 

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