021 | Caroline

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Bill Kaulitz

Quando abri a porta do quarto me deparei com uma pessoa que achei que nunca mais veria.

Caroline.

Ela estava em uma cadeira de rodas parada bem na minha frente. Minha mente se embolou e derrepente todas as dúvidas e perguntas que tenho me feito durante anos se apagaram. Fiquei estático e ela também. Ela não disse uma palavra apenas me encarava com aqueles olhos castanhos certamente tentando decifrar o que eu pensava.

── O que foi? ── Kali pergunta levantando da cama junto com Tom.

── Caroline? ── Tom diz encarando a garota com repúdio ── O que 'tá fazendo aqui?

Ele pergunta sério e ela não responde, continua me encarando e eu a ela.

── Diz logo o que quer? ── Fala indo em direção a garota mas Kali se põe na frente.

── Eu não sei o que está acontecendo aqui, mas isso não parece ser nada com você. ── Diz séria olhando pra Tom que encara Caroline com ódio por uns segundos e se afasta ── Bill vai conversar com ela lá fora.

Olho pra Tom antes de sair que negava com a cabeça, dizendo com os olhos que eu não deveria ir até lá.

── Se não quiser ir não vá. ── Kali diz segurando a minha mão ── Mas não deixe Tom influenciar a sua escolha.

── Eu vou. ── Falo olhando pra garota e que sorri fraco pra mim e depois desvia o olhar  para Caroline.

── Não sei o que fez no passado e nem me interessa. ── Ela diz séria ── Não faça gracinhas se não quem vai atrás de você serei eu. E garanto que sou pior que Tom.

Caroline engoliu seco e saiu com a cadeira fazendo sinal pra que eu a seguisse. Olhei pra Kali que assentiu de um jeito carinhoso e sai.

── Não precisa. ── Caroline diz assim que eu coloco a mão na cadeira pra ajudá-la. ── Eu já acostumei.

── Então?── Pergunto me sentando em um dos bancos do jardim e ela me encara
── Vai me dizer porque fugiu de mim pra casar com meu pai?

── Eu não  sabia que ele era seu pai. ── Ela se defende ── Eu senti saudades, Billy. ── Diz passando a mão nos meus ombros e eu a empurro de leve ── Bill?

── Por que fugiu? ── Repito a pergunta e ela olha pro chão desviando seu olhar do meu ── Se não vai dizer eu vou...

── Espera. ── Diz segurando a minha mão ── Eu conheci seu pai em uma boate que fui com uma amiga e ele me prometeu tantas coisas.

── Você me trocou por coisas?

── Não é isso... ── Diz ela ── Eu realmente me apaixonei pelo seu pai, foi amor a primeira vista. Eu sei que o que eu fiz com você foi errado, mas eu sempre quis casa e...

── Eu te pedir em casamento no dia em que você fugiu. ── Falo olhando nos olhos dela ── Eu queria casar com você.

── Bill.

── Você é uma egoísta, sabia? ── Falo e os olhos dela se enchem de água, mas não senti pena. Ela não sentiu de mim. ── Fiquei durante meses achando que tinha feito algo de errado pra você querer ir.

── Bill eu...

── Bill nada. ── Me levanto a encarando ── Você merece estar casada com o merda do meu pai.

── Ele mudou comigo, ficou tão...

── Agressivo?── Pergunto sarcástico é ela olha pro chão deixando uma lágrima escorrer ── Ele era assim com a minha mãe e com todas as mulheres que tinha.

── Eu senti saudades. ── Diz chorando ── Todos os dias eu me culpava por ter te largado daquele jeito, você é uma pessoa incrível.

── Nem tanto.

── Pra mim voce é. ── Ela diz

── Se eu fosse você não teria me largado daquela forma. ── A respondo ── Você não teve nem a porra da decência de falar comigo.

Senti um nó na minha garganta e os meus olhos pesaram. Uma coisa que a muito tempo eu sentia. Era uma lágrima. Meu pai me criou dizendo que homem na chora, não usa maquiagem e nem usa os tipos de roupa que eu uso. Por isso aprendi a guardar todas as minhas lágrimas, todas as minhas dores e comecei a afoga-las na bebida.

── Bill. ── Caroline me chama mas eu ignoro e saio de lá.

Vou até a cozinha e pego uma garrafa de uísque, nem precisei de copo. A bebida descia quente na minha garganta e era como se aquilo fosse uma anestesia pra dor que eu sentia.

Eu não amava mais Caroline, isso eu tenho certeza. Mas o abandono me doía, a forma como ela não pensou nem duas vezes em me largar. A minha infância foi muito difícil, o único amor que eu tinha era o do meu irmã e o da Ofélia. E mesmo assim meu pai fazia questão de dizer que não devíamos viver nos abraçando e nem  chorando.

Olhando pro céu vejo que a noite já se aproximava. Minha vista embassava não sei se pelas lágrimas que eu ensistia em conter ou pela bebida. De longe vejo uma silhueta se aproximar, senti o cheiro de perfume forte se espalhar.

── Tudo bem? ── Kali diz me encarando ── Você já bebeu muito.

── Me deixa. ── Falo virando o rosto e ela se senta do meu lado.

── Bill me dá essa garrafa. ── Diz firme estendendo a mão e eu jogo a garrafa pra ela ── Pode por pra fora de outra forma. Chorar, sei lá. 

── Eu não choro. ── Falo e ela sorri do meu lado

── Não é fraqueza chorar as vezes. ── Ela diz ── Chorar não te faz menos homem, Bill Kaulitz.

Olho pra ela que me olhava serena. Não sei porque mas parece que derrepente os olhos de Kali se tornaram algo acolhedor, de certa forma a presença dela me confortava.

── Estou tão cansado de tudo. ── Falo e ela me puxa deitando meu rosto em seu ombro.

O vento batia fazendo o perfume da mulher ao meu lado se espalhar, minha respiração regulava acompanhando a dela, meus olhos se encherem de novo e uma lágrima escorreu sobre meu rosto. Não sei quando foi a última vez que abracei alguém dessa forma, nem com Caroline era assim.

── Vamos entrar. ── Diz ela levantando e estendendo a mão pra mim ── O Tom quer falar com você.

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