Premiere

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"Me desculpe de novo, não vou voltar a ser um Ohm ruim. Todo mundo não se apresse em me dar uma chance. De agora em diante, prometo não acontecer mais. Lamento desapontar a todos. Eu realmente não posso voltar e consertar o passado. Obrigado por todo seu apoio."
Ohm Pawat

É possível odiar cada mísero segundo de algo que você esperou tanto para acontecer? É exatamente o que está acontecendo. Fico olhando para os diretores falando sobre o filme e começo a imaginar como teria sido se o filme tivesse sido lançado em novembro como foi programado. Eu estaria ao lado do Ohm, ele ficaria brincando comigo e não com o Neo ou o Chimon, ele seguraria a minha perna quando eu estivesse nervoso ou diria uma coisa engraçada ou até mesmo obscena só para e distrair. Ele ficaria me elogiando toda vez que pedissem para ele dizer algo e me deixaria envergonhado, mas também feliz e o Chimon ia brigar pedindo para pararmos de agir como dois apaixonados na frente dos outros, mas não é novembro e nada disso é possível.
Eu paro de pensar sobre isso e tento me concentrar no que os diretores estão dizendo.
Encerramos a live e eu fico sozinho no palco para cantar First Love, eu procuro pelo Ohm, ele me olha sério, então pega a sua aliança e começa a girar, eu tento me concentrar nisso para me acalmar. Depois que eu canto todos sobem no palco para tirar fotos e uma staff chama o Ohm e leva ele, eu vou na sua direção, mas o Chimon me segura.
- Você sabe que não pode ir, Nanon, ele vai ficar bem.
- Não, ele não vai.
Ele me vira me deixando de costas para os fãs.
- Se acalma Nanon, não fica nervoso agora.
Eu fecho os olhos e tento me concentrar. Eu só queria poder estar ao seu lado na coletiva.
Depois de um tempo eles vem buscar o resto de nós para entrarmos. Eu fico ouvindo ele pedir desculpas, se segurando para não chorar, o Chimon me belisca.
- Você está chorando.
Eu me viro discretamente e limpo as lágrimas e começam a nos empurrar para nos juntarmos ao Ohm. Eu olho para ele para saber como ele está, ele olha nos meus olhos e acenamos um para o outro, esse é o máximo de apoio que vou conseguir dar a ele por enquanto.
Enquanto esperamos a Film me olha preocupada.
- Você está bem?
- Estou.
Ela começa a brincar com a minha mão para me distrair até o Chimon se aproximar e falar no meu ouvido.
- Para com isso!
Eu sei que ele está falando por causa do Ohm, então solto a mão dela e troco de lugar com ele.
Quando as entrevistas e fotos finalmente acabam nós vamos nos trocar para a festa, eu entro no banheiro e espero, o Ohm entra e bloqueamos a porta, eu beijo ele e o abraço, acho que eu precisava desse abraço tanto quanto ele. Batem na porta e eu me afasto.
- Eu te amo!
Ele sorri e acena, sei que ele está tentando não chorar por isso não vai dizer nada. Eu entro em uma das cabines e escuto ele abrindo a porta.
A festa foi muito boa, assim que eu percebi que o Ohm estava bem e aproveitando eu fiquei aliviado e comecei a me divertir também, fiquei muito emocionado quando o meu pai foi até o Ohm e abraçou ele, já que eu não posso fazer isso, pelo menos ele faz por mim.
No fim da festa eu estou meio bêbado, então o meu pai avisa para o Ohm que estamos saindo e pede para o Ohm nos encontrar no estacionamento. Eu encosto no carro do Ohm e fecho os olhos e esperamos.
Menos de cinco minutos depois o Ohm chega, segura no meu rosto para ver se eu estou bem, me beija e me coloca no carro, o meu pai se despede e vai procurar a minha mãe, nós vamos embora.
Chegamos em casa e eu já estou sóbrio, o Ohm tenta me ajudar, mas eu apenas seguro a sua mão e entramos. Vamos direto para o banho, eu tiro a minha roupa e o Ohm enche a banheira, eu vou até ele e tiro a sua roupa também, então me sento na banheira com ele entre as minhas pernas.
- Como você está?
Ele olha pra mim e sorri.
- Eu estou bem.
- Conta como foi a coletiva.
Ele fica em silêncio, então me olha mais uma vez e sorri.
- Eu decidi que nós vamos usar ternos brancos no casamento, o que você acha?
- Ohm...
- Foi você que disse que quando eu ficasse nervoso era pra eu bloquear e pensar no casamento. Acho que você fica lindo de branco, na verdade você fica lindo com qualquer cor.
Eu o abraço e beijo a sua cabeça, se ele não quer falar sobre a coletiva, então não vamos falar.
- Branco pra mim está ótimo.
- E os padrinhos? Vamos chamar o Perth e o Chimon?
- É uma boa ideia.
- Eu fiz uma lista de convidados, já está em 30, mas eu ainda nem comecei, você vai ter que tirar alguns nomes depois que ficar pronta.
- Tudo bem.
Ele segura a minha mão e beija.
- Eu quero casar a noite, você acha estranho?
- Porque a noite?
- Não sei, eu só prefiro.
- Tem que ver quem vai e se vai ter lugar para todos dormirem, se tiverem que voltar direto para casa é melhor ser durante o dia.
- Tem razão, mas o ensaio pode ser a noite?
- Que ensaio?
- É algo que está na agenda, pra fazer um ensaio antes do casamento.
- Você pensou em tudo isso hoje?
Ele acena, mas não fala nada.
- Tem mais alguma coisa.
- Por enquanto é isso.
- E a nossa lua de mel?
Ele se vira rápido, espalhando água por todos os lados.
- Você acha que consegue folga?
- Consigo. Então pensa sobre isso. Só que nada de aviões, não dá pra entrarmos em aeroporto sem chamar atenção.
- Entendi.
Eu pego o sabonete e começo a lavar as costas dele.
- Eu gostei do filme.
- Eu também.
Ele volta a ficar em silêncio.
- Será que eles me liberam dos próximos eventos de divulgação?
- Eu converso com eles.
Ele deita no meu peito e eu fico passando a mão pelos seus cabelos.
- Foi difícil hoje.
Eu espero ele continuar, nas ele não fala mais nada.
- Eu sinto muito!
Ele não responde e ficamos em silêncio mais uma vez. O Nong começa a latir e ele dá risada.
- Será que nos conseguimos treinar ele para levar as alianças até o altar?
- Você não consegue nem fazer ele sentar, tá querendo perder as alianças?
Ele ri mais ainda.
- Você devia adestrar ele, você foi muito melhor do que eu quando fizemos isso no UpVel.
- Eu acho melhor você fazer, assim você pode levar ele para o parque quando quiser.
Ele sorri e acena.
- Logo nós três vamos fazer isso juntos.
Eu não tenho muita certeza sobre isso, então eu apenas o abraço mais forte ainda e ele suspira. Ficamos assim por vários minutos até ele suspirar de novo.
- Espero que essa história do bullying acabe agora.
- Vai acabar, meu amor, tem que acabar.

Silêncio Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora