Desnecessário

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"Zelo sem protocolo é caos."
Mike Murdock

Chego na empresa e olho o horário, eu tenho quinze minutos antes do Ohm vir para o ensaio, tenho que deixar tudo em ordem antes dele chegar, pelo jeito que ele falou com a Kwang outro dia já deu pra perceber que ter ele 100% significa ter o Ohm que não tem muita paciência também e a última coisa que eu preciso é dele se metendo em confusão por aí por minha causa.
Vou para os elevadores e a Kwang aparece, ela me olha seria.
- Você está bem?
- Agora eu estou, só precisava descansar um pouco.
O elevador chega e eu entro, ela olha por um momento então entra também.
Chegamos na sala do P'Tha e ela bate na porta na hora em que estou entrando, por isso sempre venho sozinho. O P'Tha pede para entrar, eu entro e ele fica me olhando. Percebo que ele não pediu para eu sentar, acho que desistiu de tentar fazer isso. Ele fica me encarando por um bom tempo, então tira os óculos.
- Você sabe que não pode ficar com o telefone desligado, Nanon.
Eu não respondo, apenas espero.
- Sobre o que o Pawat fez...
- Ele fez o que eu pedi, eu estava exausto, eu sei que temos um acordo, mas eu cheguei no meu limite, eu precisava de uma pausa.
Ele suspira e coloca os óculos novamente.
- Nós estamos liberando a sua agenda aos poucos, foca na sua música e nos ensaios, vamos tentar evitar novas patrocinadoras por enquanto, então eu preciso realmente que você deixe o telefone disponível para quando precisarmos te localizar.
Eu aceno, mas não digo nada.
- Você está bem?
- Estou.
- E o Pawat?
- Está muito melhor.
- Ótimo. Pode ir.
Eu me viro e abro a porta.
- Nanon?
Eu me viro mais uma vez.
- Só para deixar claro, se o Pawat prejudicar o seu trabalho, não tem acordo que livre ele do conselho da empresa.
- Eu já disse que ele fez o que eu pedi.
- Então não faça mais isso, você tem um contrato, tente manter a sua palavra.
- Vocês concederam folgas depois de quase um mês trabalhado sem parar, no segundo dia já queriam que eu voltasse. Que tal vocês manterem as suas palavras?
Ele me olha irritado, mas eu ignoro e saio.
Chego no estúdio já entrando direto no meu karma pessoal, fico parado na porta assistindo, quando a música para o Ohm uma pela espelho e sorri, eu sorrio também e vou me sentar ao lado do Mix, eles colocam as camisas para dançar novamente.
- Você parece bem.
Eu olho para o Mix e sorrio.
- Eu consegui finalmente descansar um pouco.
- Que bom, você estava precisando.
- Esquerda!
Volto a prestar atenção no ensaio e vejo o Ohm subindo em uma caixa.
- Que merda é essa?
Antes mesmo que eu perceba, eu estou em pé falando mais alto que a música. Todos param e me olham.
- Vocês não estão falando sério, ele não vai subir nisso!
O coreógrafo me olha irritado.
- Faz parte da coreografia e é totalmente seguro.
- É totalmente desnecessário!
O Ohm suspira e desce da caixa, faz um sinal para o coreógrafo e um sinal para mim, sai da sala e eu vou atrás, andamos até o final do corredor e vamos para um banheiro, ele entra e me olha sério.
- Você não vai..
Ele segura o meu rosto, me beija e me encosta na porta.
Me vira, beija o meu pescoço rápido várias vezes e morde o meu ombro, percebo que ele está tirando a calça e abro a minha também, ele me morde mais uma vez e fala no meu ouvido.
- Nós vamos fazer isso muito rápido.
Eu aceno e ele começa a me foder. Quando gozamos ele ajuda a me limpar e nos vestimos, ele segura o meu rosto mais uma vez e me beija.
- Eu vou ficar bem, eu treinei para subir e descer várias vezes. Eu vou ficar bem.
- Mas...
- Non?
Eu suspiro e concordo.
- Ok, mas se você se machucar, alguém vai se machucar junto.
Ele sorri e me beija.
- Vamos voltar.
Nós entramos, os outros nos olham, mas não comentam, o Ohm sorri para o coreógrafo e acena e fica prestando atenção para tentar acompanhar o ponto da dança que os outros estão. Eu me sento novamente o Mix ri e me dá uma garrafa de água, depois que eu bebo ele me dá uma toalha.
- Pelo jeito foi uma discussão calorosa, você está todo suado.
Eu sinto o meu rosto esquentando, pego a toalha e me seco. Vejo o Ohm subindo na caixa e me controlo, percebo que alguns ficam olhando para mim. Ele sobe e desce sem problemas, mesmo assim eu fico preocupado toda vez que faz.
Ensaiamos a música em grupo onde vamos simular uma briga como parte da apresentação, acho que ver alguém indo para cima de mim como de fosse me bater é demais para o Ohm, toda vez ou ele entra na minha frente, ou empurra que está vindo, ou fica atento por perto. Eu espero interromperem reclamando, mas não fazem, acho que nada mais autêntico em uma briga de gangues do que um protetor.
Ensaiamos essa música várias vezes, depois mais duas músicas, quando somos dispensados eu vou até o Mix.
- Que tal ir lá em casa?
- Vai rolar uma das famosas festas?
- Depende de você.
- Então vamos!
Ele sorri feliz, eu concordo e ele vai falar com o Earth.
Eu pego as minhas coisas e vou para o meio do sala.
- Pessoal, vamos lá pra casa fazer um churrasco ou algo assim, estão todos convidados.
Eu olho para a equipe de apoio e coreógrafos.
- Todos mesmo.
Eles sorrir e acenam, todos começam a conversar e o Ohm me abraça.
- Tem certeza? Não quer descansar um pouco mais.
Eu viro e abraço ele.
- Acredite meu amor, a última coisa que nos vamos fazer hoje vai ser descansar.
Ele sorri e me beija.
- Eu vou na frente, te encontro lá em casa.
- Te vejo em casa.

Silêncio Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora