Comum

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"As coisas mais simples da vida são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem vê-las."
Paulo Coelho

Eu saio da live correndo e vou direto para confeitaria, olho o horário e são oito horas, vou chegar uns dez minutos atrasado, mas nós já contávamos com isso.
Chego e a confeitaria está fechada, então estaciono na frente, olho em volta, mas não vejo o carro do Ohm, ele deve ter estacionado em outro lugar.
Olho pela porta e a gerente está no balcão contando dinheiro, bato três vezes, ela me olha e sorri, vem até a porta e me deixa entrar.
Ela me leva até a sala onde experimentamos os bolos da outra vez, hoje as mesas estão vazias.
O Ohm se levanta quando me vê chegando e sorri.
- Tinha que ser essa camisa?
Ele olha para baixo, da risada e vem na minha direção, me abraça e me beija.
- Estava morrendo de saudades!
A gerente se afasta e fecha a porta, ele me encosta nela e começa a me beijar, quando estamos sem fôlego ele se afasta, segura a minha mão e me leva até a cadeira.
- Ainda bem que a live terminou a tempo.
- Desculpe ter atrasado.
- Tudo bem, você está aqui, é só isso que importa.
Eu olho para a frente e pela primeira vez eu vejo a mesa montada, tem uma tigela com um líquido e uma vela em formato de girassol flutuando, a mesa está com uma toalha branca que vai até o chão e uma menor azul por cima. Os talheres estão enfileirados e tem algumas taças na minha frente.
A porta abre e um homem se aproxima com uma bandeja e vários pratos diferentes, ele serve vinho e vai até a porta, desliga a luz e nos deixa.
O Ohm me olha e sorri.
- Experimenta.
Eu como e está delicioso, ele come também e acena aprovando.
Ele come me contando coisas aleatórias do seu dia, a reforma garagem que está dando trabalho, a Nutty que fica deitada o dia todo. O Nong que anda latindo sem parar. Ele foi ao mercado bem cedo pra ninguém ver ele, uma notícia internacional que ele viu no jornal e achou interessante, é tudo tão comum, mas mesmo assim parece tão incrível, ele está falando sobre a parte do livro que está lendo e para no meio do que está falando.
- Porque você está me olhando assim?
- Eu quero isso pra nós.
- Isso o que?
- Essa vida, coisas normais e corriqueiras, se preocupar com a cor da parede, o problema em outro país.
- Falando nisso, eu falei sério mais cedo, você tem que ir com calma com toda essa coisa política.
- Eu já falei que não vai ter problema, nós precisamos lutar pelo que é certo.
Ele suspira, mas não discute, já conversamos sobre isso várias vezes, quanto mais próximo das eleições mais nervoso ele está ficando.
- Enfim, eu quero isso, ser normal com você. Vamos fazer isso quando nos aposentamos.
Ele sorri e concorda.
- Vamos fazer isso.
Quando para de comer ele fica apenas me observando, me adorando, eu termino e olho pra ele.
- É perfeito, cada prato que você escolheu, a comida deles é deliciosa, tudo vai ser ótimo.
Ele segura a minha mão e beija.
- Fico feliz que tenha gostado, eu quero que tudo seja perfeito para você.
- Eu vou me casar com você, Ohm, já é perfeito!
E fica vermelho e beija a minha não mais uma vez, se levanta ainda segurando ela e me puxa. Nós saímos e ele para no balcão, a gerente se aproxima sorrindo e trás uma caixa, eu olho curioso e ele explica.
- Como você já estava cheio naquele dia, eu pedi para fazerem um bolo para você comer em casa, é o mesmo do casamento.
- Obrigado!
Ele me beija e coloca, caixa na minha frente e fala com a gerente.
- Então pode confirmar o cardápio, eu vou ter a lista final de convidados até o final de semana.
Ele me olha e eu concordo, a lista está pronta, mas ele quer que eu ajude a cortar alguns nomes.
- Tudo bem, eu fico esperando.
Ele sorri e de afasta do balcão.
- Com licença!
Ele para e olha, ela pega alguma coisa no balcão e coloca na frente dele.
- Eu sei que não é muito profissional da minha parte pedir isso, mas algumas funcionárias pediram para eu falar para vocês... Vocês podem dar alguns autógrafos?
Nós assinamos vários papéis juntos e separados e o Ohm da pra ela.
- Da próxima vez que nos encontramos eu trago algumas polaroides de presente.
Ela sorri e agradece várias vezes. O Ohm sempre será muito melhor interagindo com fãs do que eu.
Nós caminhamos até o carro, ele abre a porta do passageiro e fica esperando. Eu olho e ele sorri.
- Eu vim sem carro, entra que eu te levo, você bebeu bastante vinho hoje.
Eu concordo e dou a chave pra ele e entro no carro.
No meio do caminho eu abro a caixa e começo a cutucar o bolo e comer, ele para em um sinal e da risada.
- Falando em ser comum.
Eu olho pra ele e sorrio.
- Idiota!
Chegamos em casa, ele guarda o resto do bolo na geladeira, eu tiro a roupa e vou para a cama, mas ele segura a minha mão e me leva para o banheiro.
- Eu estou cansado amor, estou acordado desde as sete, que no horário de pessoas noturnas e praticamente de madrugada.
- Nós tomamos um banho rápido.
Ele me ajuda com o banho, toma banho também, seca o meu cabelo, eu coloco o meu pijama e ele se deita comigo, puxa o meu braço e deita sobre ele.
- Eu queria comer mais uma coisa antes de dormir, mas estou muito cansado.
Ele me olha surpreso.
- O que?
- Você.
Ele da risada e deita de novo.
- Amanhã você faz isso , dorme agora.
Eu beijo a sua cabeça e fico o cheirando.
- Eu te amo, Ohm!
- Eu te amo mais!
- Não, não ama.

Silêncio Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora