Luísa sempre foi uma pessoa dos bastidores. Além de trabalhar por trás das câmeras envolvida em entrevistas, coletivas de imprensa e zonas mistas, também é alguém invisível.
Acostumada a não ser vista, a garota desconta todas as suas frustrações em...
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——— 📚🪄 NARRAÇÃO : LUÍSA LIMA🏟️ ~× RIO DE JANEIRO Mesmo dia do capítulo anterior.
—Filha — Mamãe levanta do sofá assim que eu abri a porta de casa.
Achei estranho. Aparentemente meu pai ainda não se mandou e continua por aqui, sentado na minha poltrona de leitura do outro lado da sala.
—Você tá bem? — Ela toca meus braços — Vai precisar de um banho quente e roupas quentinhas pra não pegar um resfriado.
—Hum... — Dei um passinho pra trás, sentindo minhas costas baterem no peitoral do Joaquín — Vou...
—Espera — Dona Celeste aperta os lábios — Eu sei que você odeia meus chás, mas preparei um de camomila depois que vocês saíram. Acho que tá todo mundo precisando acalmar os ânimos e colocar os chakras no lugar — Soltou a respiração devagar — Posso pegar uma xícara pra você?
—Tá bom — Apertei os lábios.
—Você — Apontou pro Joaco — Vem comigo — Puxou-o pelo braço. A deixa perfeita pra me deixar a sós com o papai, como se eu não tivesse percebido todo o trâmite.
Papai se levanta da poltrona e se muda para um dos sofás, batendo no espaço vazio e colocando a jaqueta de couro dele pra eu sentar.
—Vem aquí, Luli — Me chama.
Eu ainda hesitei. Sei lá que tipo de conversa pode acontecer agora nem sei se vou conseguir segurar o choro por muito tempo, mesmo assim vou até ele.
—Lamento entrometerme en tu vida. Tu madre tiene razón cuando dice que no puedo hacer esto, no fui el mejor padre del mundo. No lo soy hasta el día de hoy. (Sinto muito por me intrometer na sua vida. Sua mãe tem razão quando diz que não posso fazer isso, não fui o melhor pai do mundo. Não sou até hoje) — Ele diz, mexendo as mãos.
—Tudo bem — Apertei os lábios e me lembrei de um dia em específico. No meio daquela reunião sobre o Gabriel renovar o contrato com o Flamengo ou não, falei o que queria pro amigo idiota dele. Depois, no banheiro, ele disse que tava orgulhoso de mim porque tinha conseguido me defender sozinha, que não precisava da ajuda de ninguém pra isso. E sei lá, na hora não foi nada demais, agora parece fazer um pouco de sentido porque eu abro a boca e falo tudo que queria falar — Não quero que esse tipo de coisa aconteça perto de mim nunca mais. Eu entendo que vocês dois tem... Assuntos pra resolver, mas eu não tenho mais nada a ver com isso, pai.
—Lo sé, lo siento también — Ele aperta os lábios exatamente do jeito que fiz.
—Você gosta dela, porque não diz de uma vez? É tão... Sei lá. Vocês ficam brigando o tempo topo, tentando se atingir quando podem só sentar e conversar — Limpei a garganta.
Já dizem por aí que macaco não olha pro seu próprio rabo, né?
É tipo um cego guiando outro cego no meio de um tiroteio. Eu sei que o que tô falando faz sentido, mas não tenho coragem nenhuma de sentar pra conversar de um jeito sério com nenhum dos dois.
