Luísa sempre foi uma pessoa dos bastidores. Além de trabalhar por trás das câmeras envolvida em entrevistas, coletivas de imprensa e zonas mistas, também é alguém invisível.
Acostumada a não ser vista, a garota desconta todas as suas frustrações em...
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——— 📚🪄 NARRAÇÃO : LUÍSA LIMA 🏟️~× ALLIANZ PARQUE, SP ——— 29 de junho de 2023.
—Me desculpa — Falei assim que ficamos sozinhos no corredor — Eu não queria meter a mão no seu celular daquele jeito, mas fiquei desesperada porque você ia mostrar a capinha e ia acabar com tudo. Sem contar que eu ia levar uma bronca horrível do meu chefe por ter deixado ela terminar a pergunta.
Falei sem nem dar uma pausa pra respirar.
—Todo bién — Ele diz de um jeito extremamente calmo — Puedes respirar?
Deixei minha coluna bater contra a parede de um desses corredores e respirei fundo algumas vezes fechando os olhos pra não encontrar os dele em mim.
Sabe quando eu vou aceitar substituir a Solange a partir de hoje? Nunca mais. Nuncaaaa. Sabia que não deveria ter saído do conforto da minha casa pra me desafiar em outro estado. Sabia.
—También tenho que agradecerte, podría ser peor si hubieranvisto el celular — Ele diz, me fazendo abrir os olhos.
Ele definitivamente não faz meu tipo. Sempre fui fã dos morenos sarcásticos e das peças raras que costumo chamar de “cara de tralha” , mas mesmo que ele não tenha nenhuma dessas características, tem algo nele que me atrai. Me dá vontade de ficar olhando o tempo todo e talvez até tocando o tempo todo. Certo. Eu adoraria tocar um pouco. Dá pra ver que ele tem o peito bem largo e os braços são bem fortes. Será que a pele é firme?
—Só tava fazendo meu trabalho — Limpei a garganta e me afastei da parede dando uma olhada ao redor. De repente o moletom tá me apertando ao redor do pescoço e eu tô sentindo um calor surreal mesmo com o vento frio e a chuva forte do lado de fora.
—¿Necesitas ir a algún lugar aquí? Puedo llevarte, veo que estás un poco perdida.
Ah. Já entendi o que é que me atrai nele... É o sotaque. Um dia desses vi um tweet que agora faz todo sentido na minha cabeça: “o inglês abre portas, mas o espanhol abre pernas”. Muito real. O jeito que ele disse lá atrás que “a equipa está em evolución” quase me matou. Na verdade se meu chefe perguntasse qual foi o assunto principal na zona mista não saberia responder porque passei o tempo todo me repreendendo por olhar demais. Por pensar demais no jeito que ele estava sempre passando a mão pela barba no queixo. Por querer tocar eu mesma.
Jesus, Luísa.
Tem como parar de criar mil cenários fictícios ao mesmo tempo?
—Hum — Murmurei ainda meio desnorteada — Tenho que encontrar minha colega de trabalho, ela deve estar na sala de imprensa em algum lugar.
