Final Alternativo Pt. 03

1.5K 155 11
                                    

NARRAÇÃO LUÍSA LIMA> Trinta e dois dias depois • música do capítulo:Outra vez, Luísa Sonza

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

NARRAÇÃO LUÍSA LIMA
> Trinta e dois dias depois
música do capítulo:
Outra vez, Luísa Sonza.

Eu esperei. Dias. 32 pra ser mais exata.

Esperei 32 dias antes de criar coragem o suficiente pra pegar um voo de São Paulo para o Rio. 32 dias alternando entre a casa nova da Carina e a casa da mamãe, 32 dias segurando vela pra ela e pro Diego, 32 dias evitando encontrar o Joaco por aí, mesmo que todas as minhas amigas fossem próximas dele.

Trinta e dois dias de uma agonia eterna.

E tudo bem. Eu não queria chegar na casa do Gabriel e pedir pra voltar. Era só uma conversa. Só isso. Só queria… Não sei. Ser um pouquinho mais egoísta e conseguir olhar pro rosto dele de pertinho mais uma vez antes de me despedir e deixá-lo em paz.

Não quero atrapalhar.

Sei que ele tá passando por uma barra com o Flamengo. Primeiro toda a confusão com o antidoping, o lance com a camisa do Corinthians e agora… Acho que tá tudo bem saturado por aqui. Saíram umas notícias que o contrato não vai ser renovado, então sei lá.

E é engraçado pensar nisso porque eu estou saturada de São Paulo também. Sinto falta de conseguir usar meus pijamas velhos e rasgados no calor ou sei lá… Dar uma caminhada na praia, pegar um sol, beber uma água de coco geladinha.

Nem sei se realmente queria voltar. Se valia a pena vir, mas… Trinta e dois dias e eu só sobrevivi. Meu projeto pro livro que tinha contrato assinado pra lançar foi pro buraco. Não conseguia escrever, comer ou pensar em outra coisa, então certo dia dona Celeste me apontou o dedo e soltou um:

“[…] —Não dá mais Luísa, eu limpo e você bagunça. Anda, sai daqui. Vai tomar um banho de cachoeira ou conversar com umas plantas. Coloca um mantra daqueles no fone pra ajudar a organizar isso tudo aí — Enfiou a mão no jarro que geralmente fica na mesa e molhou minha cara — A coisa tá feia aí viu. Nem meus incensos ajudam mais. Até esse bicho tá sujo, misericórdia Luísa.

—E pelúcia lá tem alma mãe?— Murmurei na ocasião, encarando o ursinho na minha mão.

—Não é nem da alma que eu tô falando, tá sujo mesmo. Cê não larga o bicho, tá cheio de lágrima e rimel aí, pelo amor de deus Luísa. Não aguento mais te assistir na lama desse jeito.

Deslizei na cadeira.

—Para com isso, filha. — Ela suspira e me encara do outro lado da mesa — Tá me machucando também.

Eu sei.

Sei que todo mundo ao meu redor não consegue mais. Sei que tô fazendo mal pra todos e acho de verdade que esse é o único motivo de ainda continuar aqui.

Já cansei de assistir a Carina triste por ter perdido a mãe ou a Bruna mal por não ter o pai. Não gosto de imaginar o que aconteceria com as pessoas ao meu redor se por acaso eu…

𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐔𝐏𝐋𝐎 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋/𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙Onde histórias criam vida. Descubra agora