NARRAÇÃO LUÍSA LIMA
> dois dias depoisMinha mão tá pegajosa quando abro a porta do carro da minha mãe. Dessa vez o Joaco veio no banco da frente e ele até tenta sair correndo pra abrir a porta pra mim, mas tô absorta demais nos meus próprios pensamentos e saio antes.
—¿Ven a dormir conmigo hoy? (vem dormir comigo hoje?) — Ele pergunta quando minha mãe entra no apartamento e ficamos sozinhos no corredor.
Que final semana terrível. Não consigo mais disfarçar tudo que tá acontecendo aqui dentro e acho que esconder não faz mais parte da pessoa que me tornei, então quando meu olhar encontra com o dele, nesse mesmo corredor que dissemos nos amar tantas vezes, sei que ele já sabe do que se trata.
—Desculpa.
—Cariño… — Ele dá um passinho na minha direção e de repente tô me afogando debaixo desses braços. Chorando tudo que tentei controlar esse final de semana. Pela minha mãe, pela felicidade da Carina, por ele… Mas a verdade é que tô colocando a minha felicidade em segundo lugar há um tempinho.
Pela vida que acreditei que fôssemos ter, pela carreira dele, pela felicidade da minha mãe ao nos ver juntos. Só que tem essa partezinha de mim que diz que isso não é o suficiente. Não é o suficiente ser feliz pela metade, não mostrar tudo pra alguém e não conseguir me doar 100%. Eu já tentei fazer isso, lembra? Tentei dar minha metade pra alguém e deu errado.
—Me desculpa, Jopi. Não consigo mais.
—Shi, todo bién. No llores — Ele afaga meu cabelo e isso me despedaça.
Achei que nunca mais fosse sentir dor parecida com aquela, que ia conseguir seguir em frente e esquecer que um dia eu fiz uma escolha, mas caramba… Não consigo. Realmente não consigo.
Ver a Nina mal me fez abrir um pouco os olhos, enxergar além do que estava vivendo com o Joaco. Me fez pensar que estou como ela esteve enquanto o Diego estava longe. Triste, magoada e com um pedaço faltando. Um pedação.
Jurei que seria fácil. Menti tanto que acreditei na minha própria mentira quando prometi que conseguiria deixar aquela parte de mim bem escondidinha debaixo de sete chaves. E eu consegui. Faz o que? Seis, sete meses? Esse tempo todo não fui verdadeira. Com ele e principalmente comigo.
—Você sabe… — Solucei, afastando os cabelos que ficam grudando no meu rosto enquanto ele tenta fazer o mesmo — Sabe que te amo, não sabe?
Pela primeira vez desde que nos conhecemos, ele opta por ficar em silêncio. E pela primeira vez esse biquinho em sua boca não é algo fofo. É triste porque ele sabe exatamente onde essa conversa vai nos levar.
—Mas… Mas… — Escondi o rosto entre as mãos — Me desculpa, por não ser o suficiente.
—Luli… — Ele toca meu braço, afasta-os do meu rosto. — Fuiste suficiente para mí, ¿vale? (você foi suficiente pra mim, tá bem?) — Tenta enxugar minhas lágrimas, mas isso daqui é tempo perdido. Talvez eu nunca mais pare de chorar e tudo bem, eu realmente mereço isso. — Esta todo bien. Estaremos bién — Repete várias vezes.
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𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐔𝐏𝐋𝐎 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋/𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙
FanfictionLuísa sempre foi uma pessoa dos bastidores. Além de trabalhar por trás das câmeras envolvida em entrevistas, coletivas de imprensa e zonas mistas, também é alguém invisível. Acostumada a não ser vista, a garota desconta todas as suas frustrações em...