NARRAÇÃO LUÍSA LIMA
> mesma noite
• música do capítulo:
Always, Daniel CaesarTô encharcada e nem sei dizer se o que tá descendo pelo meu rosto são lágrimas ou só chuva. Acho que uma mistura dos dois.
Já faz um tempo que toquei a campainha e eu devia não desistir e tocar de novo porque tá chovendo tanto que podem não ter escutado, mas não consigo.
Não queria que a pelúcia molhasse mais, então tô tentando sei lá… Proteger debaixo do braço de uma forma muito tosca e talvez até infantil.
Ele não vai abrir.
Pode ser que me viu pelas câmeras que tem aqui fora. Ou então a moça que tá grávida dele pediu pra não fazer isso. E acho que a dor de tudo isso é ainda pior que a dor de ter terminado as coisas, com ele ou com qualquer pessoa.
Porque essa pessoa aqui, toda molhada e parada na porta da casa dele não é a Luísa. É a Lu que ele disse amar em determinado momento e tudo que a Lu queria era um último momentinho com o grande amor da vida dela.
O tanto que isso me remete àquela uma noite… Ao meu aniversário... Fiquei parada exatamente aqui, exatamente com essa mesma sensação, sabendo que seria a última vez, tentando colocar na cabeça que estava tudo bem, que eu tinha o Joaco, não ia ficar sozinha.
E olha pra mim agora. Tudo que eu tenho é essa pelúcia debaixo do braço. Só.
É, Lu.
Acho que a Luísa tava certa em achar tudo isso uma péssima ideia, devíamos escutá-la mais vezes. Mas não… Fomos te escutar e agora estamos aqui, prestes a desmoronar. E porra. Se essa porta não abrir você sabe que a queda é eterna, Lu. Sabe que nunca mais vai conseguir levantar.
Vai, Bi.
Um minutinho.
Pode abrir e fechar na minha cara depois, mas abre. Olha pra mim uma última vez. Você vivia dizendo que me via, que me enxergava. Por favor, faz isso uma última vez. Só mais essa.
Por favor. Por favor. Por favor.
O tempo passa. Meu coração bate forte contra os ouvidos, me deixa surda e alheia ao barulhão que a chuva faz enquanto cai e aperto a pelúcia com tanta força que machuca. Marca minha pele.
Começo a tremer. Tanto. Estou tremendo tanto que não consigo controlar o queixo, meus joelhos ficam bambos e meus pés dão passinhos vacilantes pra trás, mas sou parada por uma brechinha da porta sendo aberta e aí meu coração começa a bater em todos os órgãos possíveis do meu corpo e não enxergo, não escuto, não consigo raciocinar enquanto ele aparece do outro lado.
Achei que fosse ser melhor? Porque parece duas vezes pior olhar pra ele e não poder simplesmente subir esse último degrau, chegar perto e matar a saudade. Preciso ficar lembrando que… Tô aqui como uma intrusa. Não fui convidada e agi exatamente como ele lá no início, apareci sem avisar, sem perguntar se podia e sem saber o que encontrar.
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𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐔𝐏𝐋𝐎 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋/𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙
FanfictionLuísa sempre foi uma pessoa dos bastidores. Além de trabalhar por trás das câmeras envolvida em entrevistas, coletivas de imprensa e zonas mistas, também é alguém invisível. Acostumada a não ser vista, a garota desconta todas as suas frustrações em...