𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐔𝐏𝐋𝐎 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋/𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙

015

——— 📚🪄 NARRAÇÃO : LUÍSA LIMA🏟️ ~× RIO DE JANEIRO
Mesmo dia do capítulo anterior.

—Oi? — Pisquei tentando entender o que Denis tinha acabado de dizer — Só eu? Tipo... Só eu? Mesmo?

—Mesmo. Quer ler o contrato novo você mesma? — Ele empurra a papelada sobre a mesa — Pra tudo. Conferências, zonas mistas, intercorrências, entrevistas e qualquer mídia que ele tenha que fazer, seja com a 4ComM ou com qualquer outro meio.

—Ah, que ótimo — Passei a mão no rosto — Ele não quer que eu vá pros festivais de rap e sei lá... Pra praia junto com ele também não?

Denis piscou os olhos, parecendo surpreso com o meu tom. Não lembro de ter falado com ele assim em nenhuma outra ocasião. Sou uma funcionária exemplar, chego no meu horário, não me importo de ficar um pouco mais se for o caso, faço tudo o que mandam, mas esse cara me tira a paciência e faz com que meu coração fique praticamente saindo pela boca.

—Acho que nunca te vi tão chateada assim — Denis diz, ainda surpreso.

—É que... — Fiz uma pausa pensando no que dizer. Não posso falar que esse vagabundo filha da mãe mexe comigo, então o que vou dizer? — Não nos demos muito bem.

—Ah não? Então me explica porque esse estardalhaço todo? Você sabe que metade do dinheiro da empresa tá aqui — Enfia o dedo indicador na papelada — Esse cara paga horrores por uma assessoria de qualidade e ainda dobrou o valor.

Claro que ele dobrou o valor, provavelmente sabia que eu ia dizer não. Sério. Ele é doente? Perturbado, no mínimo.

—Denis — Soltei uma respiração — Você tem muitas assessoras melhores que eu na empresa, que trabalham com vocês há anos e...

—Não sei se você entendeu, mas tem seu nome aqui. Em negrito. Grifado com um traço embaixo — Ele pega a papelada, vira algumas páginas e me mostra exatamente o que acabou de falar.

Luísa García Lima. Grifado. Em negrito. Em maiusculo. Com direito a acento agudo no “i”de García.

Meu olho começa a tremer. Talvez eu esteja toda tremendo agora. Não sei se é ansiedade, raiva ou um misto disso tudo com o sonho ainda vívido na mente.

—Posso falar com ele antes de assinar? – Perguntei num fiapo de voz.

—E vai conseguir falar com ele como? — Ele soltou uma risada, girando na cadeira enorme em que está sentado.