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{{ música do capítulo: "Outra Vez"  e "Iguaria" da Luísa Sonza, coloca no repeat e entra no clima! }}

——— 📚🪄 NARRAÇÃO : LUÍSA LIMA

🏟️ ~× MARACANÃ, RIO DE JANEIRO

08 de novembro de 2023.

FLAMENGO X PALMEIRAS

Tirei o salto do pé assim que entrei no prédio. Acho que perdi a noção do horário, sai pra fora da sala e não encontrei ninguém. Nem o Denis, a Mayara ou... Ele. Então comecei a sentir um monte de coisa diferente.

Ele disse que eu podia chamá-lo, mas foi embora. Será que simplesmente cansou, desistiu e voltou pro hotel que a delegação do Palmeiras estava? E eu tentei, fui até lá, liguei pra Carina e descobri que o time tinha acabado de embarcar de volta pra São Paulo.

De escada ou de elevador?

Minha cabeça dói, minha barriga dá roncando e esse salto me fez calos... Subi de escada. Nada é tão ruim que não se possa piorar... Né?

O nó continua acumulado na minha garganta, mas pelo menos consegui parar de chorar na metade do caminho até em casa e sei lá... A cabeça do ser humano é uma merda. Deveria ajudar, mas parece que trabalha contra mim.

Não tem uma mensagem, uma ligação, um recado. Nada. E aí eu começo a me desesperar, subo as escadas correndo, sinto os pés e a cabeça latejando e quando chego no meu andar... Tudo isso cai por terra.

Porque ele tá lá.

Sentado do lado de fora da minha porta.

A mochila do Palmeiras tá largada do lado e ele ergue o olhar assim que me percebe também. Tudo em mim fica quente de um jeito meio louco, menos a barriga. E o nó se transforma num bolo enorme fechando minhas vias respiratórias. De novo.

Nossos olhares se encontram e os lábios dele formam aquele biquinho que conheço tão bem e tem... Uma coisa diferente pairando no ambiente. Pesado. Quente. Com um cheiro forte de algo doce. Mas é só olhar pra ele. Simples. Parece que todo o peso que venho carregando do estádio até aqui, desaparece. E porra, parece que vou até ele flutuando, sem sentir meus pés até sentar ao seu lado.

Os olhos dele me seguem durante todo o processo, procurando algo de errado, tentando entender o que está acontecendo e fico pensando... Nunca fomos muito bons em conversas, quero tanto abrir a boca e falar tudo, mas... O silêncio ao nosso redor parece dizer tudo. O fato dele estar aqui diz tudo, do mesmo jeito que o fato dele ter me esperado tanto daquela primeira vez também disse. Eu só não percebi.

𝐉𝐎𝐆𝐎 𝐃𝐔𝐏𝐋𝐎 • 𝐆𝐀𝐁𝐈𝐆𝐎𝐋/𝐏𝐈𝐐𝐔𝐄𝐑𝐄𝐙Onde histórias criam vida. Descubra agora