Luísa sempre foi uma pessoa dos bastidores. Além de trabalhar por trás das câmeras envolvida em entrevistas, coletivas de imprensa e zonas mistas, também é alguém invisível.
Acostumada a não ser vista, a garota desconta todas as suas frustrações em...
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——— 📚🪄 NARRAÇÃO : LUÍSA LIMA
🏟️ ~× SÃO PAULO CAPITAL26 de outubro de 2023.
ALGUNS DIAS DEPOIS.
Eu nunca gostei de despedidas.
Acho que porque passei por muitas por muito tempo. Nunca sabia quando meu pai ia acabar indo embora ou quando minha mãe ia decidir que aquela casa não tinha mais a mesma energia de antes.
Também não gosto de mudanças. Foi por isso que decidi ficar no Rio quando minha mãe falou que era hora de se mudar de novo. Não acho que a energia se esvai com o tempo, acho que isso depende unicamente de você. Se sua energia é boa, então a da sua casa é também. E como ter um lar se você nunca fica tempo o suficiente pra se acomodar?
Sempre foi difícil criar raízes. Em tudo. Com meus pais, com amigos, com família, com namoradinhos. Era difícil me sentir verdadeiramente em casa, aquela sensação de pertencimento e de aconchego, sabe?
Mas eu senti isso no Rio. Com a Carina.
Certo. Preciso admitir que no início achava ela um porre. Foram tantos, mas tantos convites pra festas e tantos puxões de orelha que não conseguia parar de pensar que, puta que pariu, garota chata do caralho. Só que... Acho que se não fosse ela, não seria tudo que sou hoje.
E ver ela guardando tudo dentro de uma mala agora, me dá muito gatilho. Muito. Parece que vou ficar sozinha pra sempre, que não vou ter mais com quem surtar toda vez que receber uma mensagem comprometedora ou com quem dividir a conta do MC Donald's.
E aí me sinto a pior amiga do mundo. A mais egoísta. Eu sei que é algo bom pra ela, uma oportunidade única e pro crescimento pessoal e profissional, mas não posso mentir e dizer que não vou sentir saudade. Ou dizer que queria que ela fosse, porque não queria.
E nossa... Eu tenho chorado tanto esses dias, acho que só queria um pouquinho de colo hoje, mas não posso. Preciso estar aqui pra ela, ser a amiga que ela precisa e merece.
—Você não precisava ter vindo, Lu — Ela me olha de lado, dobrando mais uma camiseta.
—Eu queria vir — Apertei os lábios.
—Então senta aqui, vamos conversar — Bate no colchão. Eu caminho até lá e sento, mas não sei por quanto tempo vou conseguir conversar. De verdade — Você ainda não me contou como foi a noite do seu aniversário com o Gabriel.
—Foi ótima. Ele foi incrível, na verdade ele é incrível — Peguei uma muda de roupa pra dobrar também — Os dois são.
Ela aperta os olhos e os lábios. Me encara.
—Eu não queria tá na sua pele.
—Ah, obrigada. Você me ajudou bastante — Soltei uma risada, que ela acompanhou.