𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐓𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀 𝐄 𝐓𝐑𝐄̂𝐒-𝐃𝐨𝐥𝐨𝐫𝐨𝐬𝐚 𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞

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【33】

Naquela mesma semana,a família de Melissa estava para chegar lá em casa.Seria um jantar bem importante.Passei as férias junto com ela,acharam que isso seria bom para nós.Mas estavam redondamente enganados.Eu não sinto nada por ela,e ela compreendeu.Agora tudo que preciso fazer,é encarar as feras.No caso,meu pai e mãe.

O sol foi embora,e a noite caiu.O céu estava tão iluminado,as estrelas eram como faróis espalhados pelo espaço.Tão ridículo desperdiçar meu tempo com esse jantar bobo entre famílias.Mas eu não tinha outra opção afinal.

-Por que não colocou a gravata cor de vinho?-Questionou minha mãe,enquanto passava por mim no corredor.

Tento não encarar ela.-Acho que o azul vai combinar melhor!-Ajudo meu pai a pôr a mesa.

Ele não parava de sorrir.Dava pra ver que era tudo fingimento.E aquilo me deixava tão desconfortável,saber que meus pais não são de verdade.No caso,que eles fingem ser pessoas boas.Passam apenas imagens falsas de si mesmos.E são muito bons nisso.Eu também.

Levou mais ou menos uns vinte minutos,e a família de Melissa chegou.Eram praticamente de casa já,chegaram e foram se acomodando.

Melissa e eu sentamos lado a lado.Ela também estava fingindo estar feliz.E isso era tão triste.Uma garota tão bonita e nova,já ter um futuro traçado pela família.

Eu não quero isso pra mim,não mais,e acredito que consegui alertar ela também.Somos jovens de mais para não viver.

-Minha filha se divertiu muito nas férias,seu filho é muito especial Elis!-Fala Lúcia abocanhando um crepe.

Minha mãe entrega tudo com um lindo sorriso sereno.-Que bom,fico muito feliz!

Meu pai serve uma taça de vinho para o Sr.George.

-Com isso já podemos declarar os dois como namorados então!-Diz ele.

George ri enquanto bebe o vinho.-Sim,sim ótimo!

Melissa segurou minha mão por baixo da mesa.Então eu a encarei em seguida.

Os olhos dela queriam dizer algo como"Vai,pode contar a verdade,eu tô aqui pra te apoiar."Me motivo.Confesso que queria muito o John aqui comigo,mas isso é algo mais familiar.

Todos estavam rindo,e comendo,e seria uma pena estragar tudo isso.Mas então pego uma colher pequena,e dou três batidinhas num copo de vidro com água.Chamo a atenção de todos.

-Eu.....tenho algo á dizer!

Senti o olhar feroz de minha mãe,escondido por trás de um olhar firme e calmo.

-Uau,que cavalheiro!-Comenta Sra.Lúcia.

-Eu queria dizer,que os momentos que passei com Melissa foram incríveis.-Fito meus pais,eles estão me encarando.-Mas nós não vamos ficar juntos!

O Sr.George arregalou os olhos,e a Sra.Lúcia quase deixou o macarrão escorregar do garfo.

Melissa ainda segurava minha mão.Eu me senti mais confiante.

-Do que está falando John?-Meu pai pergunta.

Prendo a respiração.

-Voçê não quer mais ficar com a nossa filha?-Sra.Lúcia questiona.

Solto o ar.-É porque eu não gosto de garotas!

Nesse instante,o pai de Melissa começou a rir.Achou que eu estava brincando.

-Como assim?Não gosta de garotas?

Meu pai intervém.-É....ele não falou sério,claro que não!-Ele estava ficando todo envergonhado.

Me meto.-Não é mentira,e tão pouco uma brincadeira.....!-Eu não posso parar agora.-Eu sou homossexual gente,e eu gosto de outro rapaz.

Nessa hora foi criada a discórdia.Sr.George levantou da mesa as pressas,e começou a berrar.Vi meu pai tentando amenizar a situação,mas sem sucesso.Por fim,encarei minha mãe,do outro lado da mesa.

Ela não dizia uma única palavra.Mas me fritava com aquele olhar mortal,eu não podia fraquejar agora,então comecei a encarar ela de volta.Parecíamos dois animais selvagens se encarando,prestes a lutar por território.Ignorei tudo que acontecia à minha volta.

Ela nem piscava.Eu senti um arrepio na espinha,é como se a qualquer momento,ela fosse pular na minha direção e me golpear.Desviei o olhar por um único instante,e notei que Melissa não estava mais ao meu lado,me virei de costas,e a vi sendo ridiculamente arrastada pela mãe para fora de nossa casa.

Me levantei da cadeira,e fui até lá.Meu pai ainda tentava dialogar com o Sr.George,mas ele não queria nem saber.Virou a chave do carro,e se preparou pra ir embora dali.

Melissa me olhou antes de sua mãe a empurrar para dentro do carro.

-Estou muito orgulhosa de ti Matteo!Espero que ainda possamos ser amigos!

-Chega dessa barbaridade Melissa!-Sua mãe a coloca no carro,como se fosse uma criança,e fecha a porta.

Não digo nada.Mas respondo com um sorriso simples.

O pneu queimou no asfalto,soltando uma forte fumaceira,e sumiu virando a esquina.Tudo ficou em silêncio.Olhei para o céu.Eu sabia que a verdadeira guerra começaria agora.Me virei,e vi meu pai entrando de volta.Fui até lá.

Assim que voltei para a cozinha,percebi que minha mãe tinha sumido.Olhei ao redor e não a encontrei.

Mas eu senti aquele arrepio de novo.Olhei pra trás e ela estava bem perto,fechou a porta e veio na minha direção.Só vi o vulto do braço dela,antes de me acertar um tapão no rosto,eu me desequilíbrei e caí no tapete.

-Voçê tem noção do que acabou de fazer seu bastardo?

Me apoiei na bancada e me levantei.A marca dos dedos ficaram gravadas na minha bochecha,e assim que passei a mão,já comecei a sentir algo escorrendo.Era sangue,um corte superficial,mas ainda sim um corte.

-O jantar acabou,já chega Elis!-Fala meu pai juntando a comida da mesa.

-O jantar acabou,mas eu ainda não acabei com essa peste!-Ela respondeu virando o braço,e desferindo outro tapa,me fazendo virar o rosto.

-CHEGA!!!!!-Berrou meu pai,ele apressa os passos,e segura ela,contendo sua ira.

Estou de cabeça baixa,então ergo e olho para ela.Não sei porque,mas tive uma vontade repentina de sorrir.

E foi esse sorriso que deixou minha mãe ainda mais furiosa.

Limpei o sangue com a mão.

-O primeiro tapa foi mais forte que esse!-Digo.

-O QUÊ????SEU DEMÔNIO....JUDASSSSSSS SAIA DAQUI,SAIA DA MINHA VISTA!

Ela estava descontrolada.Meu pai tentava segurar a fera.Enquanto gritava para mim ir para o quarto.

-Com todo o prazer!-Me viro e subo as escadas rindo,e com ambas as bochechas vermelhas.

Entrei no quarto e tranquei tanto a porta quanto a janela.E me atirei na cama.Eu ainda estava com medo.Conheço a loucura da minha mãe,e por isso,sinto que é melhor eu não pregar os olhos essa noite.

𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐀𝐦𝐢𝐠𝐨𝐬 (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora