𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐓𝐑𝐈𝐍𝐓𝐀 𝐄 𝐒𝐄𝐓𝐄-𝐀𝐫𝐦𝐚𝐝𝐢𝐥𝐡𝐚

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【37】

-Olha só,vai dizer que ela não é gata pra caralho.-Diz Riley quase afundando a tela do celular na minha cara.

Olho de relance,tentando não me cegar com o brilho do celular.Vejo uma breve imagem de Jéssica,só de calcinha e sutiã.-É....É....bonita sim!-Respondo.

-Como assim "bonita"?Ela é mó gostosa,ih é mesmo,esqueci que você não gosta de mulher né!-Ela larga uma gargalhada no meio de toda turma.

Reviro os olhos fingindo não conhecê-la.Estavámos no ônibus chegando até um grande quiosque.O motorista manobra,e encosta.Todos descem,e seguimos rumo ao destino.

Eu e Matteo ficamos bem atrás dos demais.Só para poder conversar melhor.

-Tá nervoso?-Susurra ele.

Fito-o.-Um pouquinho,e tu?

-Eu também,é estranho sair junto com todos da nossa turma!

-Concordo!Mas ninguém precisa saber de nada sobre você e nem sobre nós ainda!

Ele me dá um leve empurrãozinho com o ombro.-Valeu mesmo meu cabelinho de onda!

-De nada meu olhinhos de mel!

Nós dois rimos juntos.E corremos para alcançar os outros.Nos dividimos e começamos a armar as barracas.Era um local enorme e repleto de árvores.E bem longe,havia um penhasco com uma vista maravilhosa para a cidade.

Eu vi que Matteo estava inseguro,e de certa forma eu também.Assim começamos a nos comunicar por mensagens.A turma fez uma rodinha em volta de uma bela fogueira,e ficamos ao som do violão do professor.Até que ele manjava.Mandei uma última mensagem e desci até os banheiros.Matteo visualizou e assentiu com a cabeça.

Para não ser muito suspeito,ele esperou alguns minutos até ir me encontrar.Ele abriu a porta rapidinho porém com cuidado e entrou.Eu estava escorado na parede olhando pra ele.

-Eu queria esse momento!-Diz ele.

Me alegro ainda mais.-Eu quero voçê.

Nos aproximamos e começamos a nos beijar.Ele parecia estar com uma pegada mais selvagem.E eu estava gostando dessa mudança repentina.

Mas nossos beijos são totalmente interrompidos quando ouço uma risadinha sarcástica,que vinha da janelinha alto do banheiro.Eu gelei quando me virei e vi que se tratava de Trevor,ele estava nos espiando,e pior,estava com o celular nos filmando.

Matteo se afastou no mesmo segundo,e voou em direção a porta,eu corri para acompanhar ele.Nessa hora Bend surgiu bem na nossa frente,e agarrou o Matteo por trás,imobizando ele,o impedindo de sair.

-Qual foi Bend....Me larga!-Ele diz.

-Cala boca seu traíra,é um viado também né?-Ele responde.

Eu vejo Matteo arregalar os olhos.E antes que ele pudesse responder.Um soco forte na barriga,tirou o fôlego dele.Josh o acertou com tanta força,que senti como se fosse em mim.

Eu não gostava de violência,na verdade nem brigar eu sabia.Mas ao ver o meu namorado naquela situação,eu sabia que precisava ajudar.Avancei na direção deles.Mas do nada tudo escureceu.Eu tinha esquecido que Trevor também estava ali.Ele puxou o capuz do meu casaco por trás,envolvendo toda a minha cabeça e começou a me sufocar.Ele tinha muita força,e eu comecei a me debater de um lado para o outro,mas não conseguia me soltar.

-PAREM!!!-Matteo berrou.-Tá sufocando ele!!!

Mas Josh o calou com outra porrada no estômago,e dessa vez até saliva foi espelida.

-Vamos lá seu bostinha,quero ver sair dessa.-Disse Trevor,ainda segurando o capuz contra minha cabeça.

Eu tentava puxar o toca pra cima,mas não conseguia,tentava puxar o ar mas sem sucesso.Aos poucos fui sentindo minhas forças diminuindo.E fui ficando cada vez mais zonzo.Merda,eu estava quase apagando.

Sabe quando voçê tá prestes á morrer,e sua vida passa diante dos seus olhos como um filme?Eu sempre achei que isso fosse coisa de filmes,na verdade,eu já tinha assistido vários relatos sobre isso.Ao mesmo tempo que achava interessante,também achava assustador.E do nada,isso parecia estar ocorrendo comigo.

Em minha cabeça,passaram lembranças de quando eu brincava com meu pai.Eu lembrei da última vez que vi ele com vida.Ele me beijou na testa e me abraçou forte,disse que voltaria no sábado de tarde,e que me traria um presente.Esse dia não chegou,pois ele faleceu antes.

Lembrei das vezes que briguei com meu irmão Christopper.Mas que logo depois nossos pais nos forçavam a nos desculpar.Era uma abraço e uma desculpa.E tudo se resolvia.

Os momentos felizes com minha mãe também apareceram.Ela sorridente como sempre,e muito grudenta.

Do nada meus olhos começam a lacrimejar.E por fim,alguns flashs das lembranças boas que tive com Riley e com Matteo passam rapidamente pela minha mente.Eu tô morrendo?Eu não quero morrer.Não aqui,e não desse jeito.

Forcei meu corpo uma última vez.Adquiri uma força irreal do nada.Então empurrei minha cabeça pra trás com um movimento brusco.Minha nuca acertou em cheio o rosto de Trevor.Assim pudê sentir que ele me largou na hora,até ouvi um grito de dor.

Eu finalmente me libertei,e voltei a respirar.Quanto tempo passou?Não sei,eu ainda estava tonto,e todo branco,como se tivesse tomado um susto.Ao olhar pra frente.Bend,Josh e Matteo estavam me encarando.Mas só foquei no meu amor.

-Seu filho da puta!-Trevor agarrou meu capuz outra vez,e me puxou com força.Eu nem sabia oque tava rolando exatamente.Foi só um vislumbre,mas notei ele limpando o sangue do nariz.Parece que a cabeça foi forte.

Ele me girou,e me lançou com força contra a parede do banheiro.Como eu disse,ainda estava tonto,então não consegui manter o equilíbrio,e bati a cabeça contra a parede.Em seguida ele veio e me empurrou pra trás.Bem abaixo de nós,havia dois degrais pequenos,e uns galhos secos.Eu deslizei e acabei caindo de bruços nos galhos.Tudo se apagou pra mim.

Trevor limpa o sangue na camiseta.-Levanta seu merdinha,quero ver me bater de novo vem!

Josh caminha pra perto dele.-Ele tá se fazendo!Levanta logo viadinho!

-John?-Matteo me chama,mas não obtém resposta.-John levanta!-Nada.

Bend solta Matteo.-Qual foi?Por que ele não sai dali?

Matteo corre na minha direção,passando por Trevor e Josh igual vento.Ele pula os dois degraus e se abaixa,ficando na minha altura.

-John tudo bem?-Ele ponha uma das mãos sobre minhas costas.E a outra no meu peito-Fala comigo!-Ele petrificou e seu suor ficou gelado.A mão de Matteo estava manchada com sangue.

O mesmo sangue que escorria da minha boca,também escorria da minha testa.Enquanto eu agonizava em meio aos galhos secos do chão.Matteo se afastou e soltou um grito desesperador.Os três adolescentes se espantaram também.

Esse foi o início do fim...

𝐌𝐞𝐥𝐡𝐨𝐫𝐞𝐬 𝐀𝐦𝐢𝐠𝐨𝐬 (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora