Pacify.

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Alexei.

Enquanto eu carrego o corpo de Hanse, evitava olhar em seu rosto, por que ali estaria a culpa, registrada em seus olhos fechados.

Avanço em direção aos carros, desesperado, literalmente com minha vida em mãos.

— Alexei. — A voz rouca e felina chama, e eu viro de forma brusca.

Babuska está me encarando, e olha para meu esposo, a viúva que viu ao longe o enterro do filho, por estar no processo do luto, aparece na porta com a calmaria do mundo no semblante.

Ela caminha até mim, e sinto vontade de lhe dar as costas e saí com meu ômega, mas algo além do respeito que sinto por ela me segura no lugar.

— Venha comigo, esses soldados de nada sabem, confie na vovó. — Ela sorri tentando me acalmar.

Quando me dou conta, estou dirigindo em rumo a uma de nossas clínicas, babuska está com Hanse em seu colo, ela segura o ferimento e parece que não sai mais sangue de lá.

Eu corto as ruas de Moscou, com a facilidade de uma lâmina cortando papel.

Adentro o local, abro a porta traseira e tiro meu marido de lá, seu corpo ainda é quente, seu rosto está tranquilo.

— Pegue uma maca, separem um quarto, e me tragam vodka, hoje nós vamos desafiar a morte. — A ômega berra, fazendo todos dali se mexerem.

Eu fecho meus olhos, respiro profundamente, para então voltar a seguir os comandos da avó se Dimitri.

Ela mesmo vai para a sala de cirurgia, eu me sento logo de frente a saída, encaro minhas mãos com o sangue dele, sentindo algo rolar em meu rosto.

Quando vejo enfim o chão ficando marcado, me dou conta que estou chorando.

Eu deixo que mais e mais dessas venham, sentindo minha garganta doer, meus pés parecem não sentir o chão, e um grito finalmente rasga minha garganta, como se saísse de dentro da minha alma.

"Acalme se." A voz ordena.

Eu a ignoro levantando e arrancando o banco onde estava, eu o arremesso, quebrando as portas do lado direito do corredor.

"Acalme se." Repete minha mente, e quando presto atenção, na tonalidade de voz que repete.

"Acalme se."

Percebo ser a voz do meu marido, a voz do ômega que pede que eu tenha calma, afinal minha fúria é a dele, minha dor é a dele.

— Não posso te perder, por favor fique, eu prometo ser melhor, mas não vá. — Eu sussurro, implorando, soluçando em meio a um choro doloroso.

"Estou aqui, acalme-se." Ele continua falando.

— Me perdoe, eu queria ter te conhecido em uma outra vida, eu seria seu esposo, não me arriscaria tanto, não haveria tanto perigo e eu poderia te amar por anos e anos.

"Eu amo você Alexei, nesta vida, aqui e agora."

Porra eu estou alucinando! É isso estou louco, mas se fosse eu teria ele em minha mente.

— Eu te amo, Hanse, não me deixe. — Eu repito a frase, enquanto as marcando, com minhas lágrimas.

Eu peço a qualquer entidade ou divindade que me devolva meu esposo.

O que será de mim sem meu pequeno pássaro?

Eu volto a fechar os olhos, tudo parece girar, eu ouço passos, e talvez pessoas tentando falar comigo, eu as ignoro, quero ficar no silêncio da minha dor.

O tempo está passando, mas eu só quero validar os minutos, se meu esposo estiver aqui, sem ele é irrelevante, um minuto ou um ano.

Minha respiração volta ao normal, abro os olhos e vejo Babuska sorrindo.

— Ele está vivo, menino Alexei. Ela parece quase como um anjo, anunciando as boas notícias.

— Me diga de novo. — Eu peço segurando sua mão, a levando para a testa.

— Ele tem a garra pela vida, ele quer viver, não quer deixar você, repetiu seu nome em toda a cirurgia, foram três horas onde ele mesmo sedado, repetia, até mesmo com as batidas de seu coração.

— Eu quero vê-lo. — Peço.

— Venha comigo, menino.

E assim segurando minha mão, ele me leva para um quarto, onde meu marido está adormecido, lindo e silencioso.

— Ele vai dormir por muito tempo, Babuska?

— Só o necessário para descansar, vou pedir que tragam roupas e as coisas necessárias para vocês, e claro uma cama ao lado dele, afinal ele ficará aqui por um par de dias. — Ela declara, me olhando com seu ar maternal.

— Desculpe por toda essa bagunça. — Peço envergonhado.

De forma gentil ela faz com que eu a encarei, leva a mão pequena e enrugada em meu rosto está morna, e macia.

— Eu perdi um filho, eu não iria perder um neto, por já houve morte demais Alexei, deixe que seu marido se recupere, e então, acabe com essa guerra imunda, sem que nós, tenhamos mais perdas, seu esposo salvou Jimin, por que no fundo sabia que Dimitri iria sucumbir a dor se perdesse mais alguém, eu creio que os deuses não deixariam isso ocorrer, e eu rezei por isso durante todo o processo, mas também pude ouvir suas súplicas, então meu menino, acabe com isso, eu me recuso a enterrar mais um dos nossos, faça com que eles paguem, traga a paz de volta, nos vingue. — Ele fala como uma súplica, os olhos gentis brilham com as lágrimas de tristeza.

— Eu vou babuska, eu vou.

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