Irmão?

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Alexei.

O tempo é algo que já não faz sentido para mim, os anos passam, as estações se vão e voltam e eu simplesmente sigo.

Quando se nasce em meio a máfia, se nasce com alvo no meio das costas, da sua infância a sua vida adulta seu instinto de sobrevivência é a coisa mais confiável que você terá, alianças são rompidas com a facilidade que um papel seda cede a qualquer impacto.

Palavras se tornaram, armas tão cruéis quanto as que arrancam pele e sangue.

Elas também têm um peso significativo de uma maneira a qual o resto do mundo não vê, ou talvez não tenha necessidade.

Aprendi que minha palavra é minha honra, e minha honra é minha palavra, meu pai me ensinou isso e eu gravei, em forma de tatuagem para que eu nunca me esqueça, e nem meu corpo.

Prometi a Dimitri que iria dar sangue, por sangue, e aqui estou eu vendo meu irmão cujo qual eu admirei por vezes e odiei por tantas mais, sangrar, sem sentir nada além de raiva.

Prometi ao nosso pai cuidar dele, porém não disse que iria o manter vivo para isso.

Sentado na cadeira, com metade do seu ombro aberto, tendo uma bala retirada de si, está meu irmão.

Ivan não resmunga e nem reclama, mesmo que aja sangue no chão o suficiente para causar preocupações.

ㅡ Por que foi a casa de Dimitri? ㅡPergunto encarando seu rosto suado, que mantém o riso debochado.

ㅡ Estava com saudades. ㅡRespondeu irônico.

E isso me emputeceu, levantei puxando o médico que estava ali cuidando da bala, e cravei o bisturi fundo em sua carne, ele gritou de dor, e pude ver o ódio brilhando em seu olhar.

ㅡPensa, que estou brincando Ivan? ㅡ Pergunto afundando mais em sua carne e ouvindo grunhir.

ㅡ Veja só, o todo-poderoso Alexei está afetado! Por que a raiva meu irmão? Não está contente em seu casamento?

Afundo mais a lâmina em sua ferida, ele se contorce em dor, gritando e me amaldiçoando.

ㅡ Pelo contrário, estou muito feliz, me deu algo que eu nem mesmo sabia querer, irmão, mas agora me diga, por que invadiu a casa de Dimitri?ㅡ Rosno perto de seu rosto.

ㅡ Pelo ômega... Pelo ômega dele, precisava do lúpus, na verdade... Precisava do olfato dele.ㅡ Responde encarando meus olhos de forma profunda.

ㅡ Iria trair a Bratva, porque Ivan? ㅡ Ainda incrédulo pergunto.

ㅡ Estou tentando salvar a Bratva, Alexei, salvar ela da sujeira que temos embaixo do tapete e ignoramos, sei que Nikolai tentou ser um bom homem e salvar sua esposa, mas a cobra ardilosa tem um plano que está sendo construído a anos, a traição é apenas uma distração irmão, cada mentira daquela mulher é um teatro para que nenhum de nós foque no que é realmente necessário, eu não posso te contar cada detalhe Alexei, ou iria te afundar no mesmo limbo que estou, e isso já me custou muito... Eu não dormi com Hanse, eu o salvei, seu pai iria o unir a alguém tão cruel e miserável que sua vida seria o próprio inferno na terra, meus meios são sujos e inconsequentes, mas eu consigo resultados. ㅡ Ele respira profundamente, retiro o bisturi e com meu próprio dedo arranco a bala de seu ombro.

ㅡ Como sabe de tudo isso, como vou confiar em você?

ㅡ Como sempre confiou, sempre soube ser melhor que eu, mas também sabe não haver uma célula no meu corpo capaz de trair nosso pai, nossa Bratva! Eu não sou um traidor! ㅡ Ele cospe sangue, e vejo o olhar que tanto conheço ali.

Desde a infância, Ivan era um mistério, as coisas que gostava e apreciava eram estranhas, porém não posso negar ele era alguém astuto.

E primeiro fiel, sempre fora fiel, e essa rebeldia atual era tão singular e repentina que até mesmo o Pakhan desconfiava, pois, não havia consequências na ideologia de Ivan, mas também não havia a infidelidade.

ㅡ Ia pegar o marido de Dimitri as escuras, sequestrar o esposo de alguém de sua Bratva e quer que sua palavra tenha mais peso que suas ações? Anda comendo merda?

Ele suspira.

ㅡ Não tinha como eu chegar e pedir, por favor, empreste seu marido, preciso do seu olfato maravilhoso, já tentei isso com o pai dele, e o velho Italiano enfiou uma colher de chá na porra da minha perna, eu já disse, meus meios não são os melhores, mas eu preciso sair daqui, Alexei preciso retornar ao que eu estava fazendo, mesmo sem o ômega italiano, ainda assim estamos a ponto de perder tudo.

Aperto seu pescoço, segurando seu ar, há em mim uma mistura de raiva e incompreensão, é meu irmão porra! E toda essa merda está acontecendo por ele, o matar é o ideal, acabar com toda essa palhaçada, essa brincadeira de gato e rato em que estamos a meses.

ㅡ Só suas palavras deixaram de valer, Ivan... Preciso de uma certeza, é o único modo de ter isso, é garantido com a sua morte que nada mais irá acontecer.

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