Bleeding for love.

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A culpa é corrosiva como ácido.

A angústia é sufocante como estar se afogando em mar aberto, sem visão alguma da superfície.

A paz é frágil como uma folha de papel.

E meus sentimentos são como um tornado, que me rasgam, afogam e corroem.

Eu estou morrendo nesse momento, eu estou sangrando nesse momento, eu estou me correndo nesse momento.

Eu estou me afogando, e não tem ninguém para me puxar para a superfície.

Eu sou o tornado, o ácido, o papel, o oceano.

Eu sou quem está afogada.

Malu Pimpão.

Taehyung.

Eu queria que minha mente se calasse, por apenas alguns instantes eu queria que ela simplesmente me deixasse respirar.

Mas parece impossível.

Eu preciso prezar pela vida que carrego dentro de mim, um filho, um bebê desejado, planejado.

Mesmo que as lágrimas caiam como uma cachoeira, mesmo que eu queira gritar e meu corpo inteiro esteja estremecendo, eu preciso secar as lágrimas e continuar.

A porta se abre, e quando vejo a figura de Hanse ali, um misto de vergonha e alívio vem.

Poderia ser Hoseok, poderia ser Yoongi, ou talvez Jimin... Céus, não quero que ninguém me veja assim.

— Tae?— Ele diz se aproximando, vindo até mim.

E eu não sei o porquê, eu volto a chorar copiosamente, enquanto ele se aproxima me abraçando.

— Tudo bem, ômega, chore, você pode chorar, deixe sair. É o que ele diz enquanto me balança em seus braços, num ato de conforto.

Me sinto uma criança que entendeu que errou, e está arrependida.

— Hanse... Eu chamo, com a voz trêmula.

— Sim? Ele diz calmo.

— Posso contar um segredo? Eu tiro coragem para abrir meu coração.

— Claro, prometo que vou guardar como se fosse meu. — Ele encarou meu rosto, mas eu volta a me esconder em seu peito.

Eu estou envergonhado.

— Hoseok... Quando tudo aconteceu, quando tive que me casar e ele assumiu que tínhamos passado meu cio, juntos, ele... Ele fez isso para me salvar. Preciso tomar forças, respirar fundo e tirar esse maldito espinho do meu coração.

Respiro fundo, e continuo.

— Hoseok disse que foi ele, a tirar minha virgindade, que passamos aquela noite, mas isso é mentira! Eu não era mais virgem, eu estava apaixonado por Matteo, mas ele não poderia ficar comigo, planejamos fugir, mas no fim ele se casou com outro ômega, como seu pai desejava, no fim eu acabei contando a Hobi, éramos amigos que flertavam às vezes, ele me disse que casaria comigo, salvaria minha honra, e confesso não o amava, quando me casei, mas eu aprendi o amar, e ele a mim, mas agora... É como se o mundo e sua maldita maneira de destroçar tudo que está bem, acumulasse a alegria e a transformasse em dor e angústia, é como mil anos de culpa de não consigo suportar. — Ao fim, eu havia encharcado a camisa de Hanse.

Ele encostou seu queixo em meus cabelos, e começou a fazer carinho, como um ômega que cuida de seu filhote.

Meu pai Jin, fazia o mesmo...

— Veja bem, Tae, não mandamos em nosso coração e nem no universo, não escolhemos onde vamos nascer, e em que condições, não sabemos sobre as folhas que irão cair e as que irão nascer, pois a natureza e a vida são forças incontroláveis, estamos sob medidas arcaicas e tradições impostas, e fazemos o que podemos para sobreviver, se você consegue deixar sair em lágrimas, então chore um rio, um mar e talvez um oceano, mas deixe que as lágrimas lavem a culpa da sua alma, você é um humano ainda, apenas parte de você é selvagem... Chore criança, e erga se homem. — Seu discurso é feito em um tom baixo, mas contínuo e firme.

E eu o faço, choro o suficiente para que minha cabeça doa, e depois adormeço exausto.

Acordo em minha cama, com Hanse segurando minha mão enquanto bebe uma xícara, provavelmente de chá.

— Olá Tae. Ele sorri gentil.

— Olá... Você me trouxe aqui? — Eu pergunto preocupado se ele também espera um filhote.

— Não, Namjoon o fez, ele quem pediu para eu entrar aqui, ele sabia, que você estava chorando, mas nem ele e nem Jin queriam intervir, então eu o fiz. Sua resposta é singela.

— Que vergonha. — Digo cobrindo meu rosto.

— Do que exatamente? — Ele pergunta sério.

— Toda essa cena, toda essa situação.— Respondo virando o rosto pela janela.

— Sabe, quando meu pai entrou no quarto e estávamos eu e Ivan, na cama sem nossas roupas, eu jurei preferir a morte a continuar com o peso de seu olhar sob mim, mas quando me casei com Alexei, e ele me esperou e confiou em mim, eu entendi que procuramos às vezes a aprovação no lugar errado, cometemos erros e está tudo bem, devemos nos desculpar não com aqueles que nos condenam, mas com nós mesmos, o perdão próprio é libertador.— Ele discursa enquanto prepara outra xícara de chá, e estende para mim.

— Me sinto melhor em ter contado a alguém, agradeci aos céus por ser você a abrir aquela porta, nem mesmo Jimin sabe disso... Na verdade, não quero que ele saiba, Matteo é seu irmão mais velho, o futuro Don, prefiro não ter mais nenhum conflito e seguir minha vida. Digo olhando em seus olhos, são como piscinas azuis iluminadas no verão.

Ele realmente me lembra uma figura angelical.

— É sua história, você decide ela, eu disse está guardado comigo, você tem um amigo, um aliado. Ele estende os longos dedos e segura minha mão.

Um grande alívio finalmente se instala em meu coração, desabafar com alguém que não iria me julgar e sim me acolher, era o que eu precisava e não sabia.

Num mundo onde usam nossos segredos e confissões como facas e espinhos, ser abraçado ao invés de acusado e repelido, é como um remédio para a alma.

Quero ter a coragem de dizer a Jimin sobre isso, quero admitir aos meus pais o porquê realmente perdoei Hoseok, mesmo sentindo que não havia o que perdoar, eu o amo intensamente, mesmo ele não sendo meu primeiro amor.

Eu entendo que tenho parte de seu coração assim como Yoongi, o amor não é singular.

Mas também sei que Yoongi ama Taemin e está feliz com sua família se formando, assim como Matteo se apaixonou por seu esposo, pessoas vão e vem, o amor, a dor ou as marcas ficam, mas elas não precisam ser castigos, elas podem ser lições.

— Hanse, obrigado. — Eu digo logo bebendo do chá, o gosto bom de camomila adocicada com mel.

— Não agradeça, somos família.— Diz sorridente.

É... Somos Famiglia.

La Famiglia.  JJK+PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora