Um novo Sol.

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A chuva fina que caía sobre a Toscana, acompanhada de um sol tímido, me fez pensar que talvez os céus soubessem que aquele era um dia triste, e mesmo em meio ao verão ele teimou que chovesse.

Creio que se compadeceu de meu ômega.

Jimin tinha os olhos pequenos, inchados devido ao choro intenso, se agarrava ao pai como um filhote ferido, gritou e chorou alto o suficiente para que eu mesmo sentisse dor física, por não poder fazer muito além de consolá-lo.

Na verdade havia, mas não era o momento.

ㅡ Deixe eles terem esse momento, sei que está apreensivo, mas Jimin precisa ser consolado por seu pai. ㅡ Hoseok diz colocando a mão em meu ombro, e mesmo contrariado eu concordo, beijo Jimin que retribuí, e sinto o sabor de suas lágrimas, e eu o detesto, como se tivesse experimentado ácido, corrói meu interior.

Acompanhando Hoseok em silêncio vou até o bar, Taemin e Namjoon estão lá, seus olhares pesados e perdidos.

ㅡ Senhores. ㅡ Cumprimento.

ㅡ Jeon... Meus pêsames.ㅡ Diz Taemin.

Namjoon se aproxima e estende a mão, eu aperto, o olhar fundo mostra que ele não tem tido descanso, soube que fora ele a chegar primeiro ao hospital, foi dele a difícil missão de identificar o corpo, e também de repassar a notícia.

ㅡ Como está Jimin? ㅡ Pergunta sincero, sei que eles todos tem apreço por meu esposo, fico grato por isso.

ㅡ Eu nunca imaginei o ver assim, quando perdemos babuska já fora difícil, mas Don Mancini não estava previsto, não dessa maneira, isso o quebrou, e em seu estado isso com toda a certeza é algo ainda maior, me diga que já sabem quem ordenou. ㅡ Digo sério reforçando meu aperto em sua mão.

ㅡ Pegamos o atirador, ele tentou se jogar do décimo andar de um prédio, sabia que o suicídio era melhor do que o termos ao alcance, mas de alguma maneira Taemin o alcançou, e o trouxe para nós, Hoseok conseguiu acesso ao seu celular, estamos fazendo um backup de absolutamente tudo nesse momento, esperando o momento fúnebre acabar, foi um pedido de Jooheon.

Solto sua mão com um movimento de concordância, eu nunca desrespeitaria esse momento de luto.

ㅡ Olá Jungkook, é bom ver você. ㅡMe viro e encontro Jin, ele segura um bebê em seus braços, a pequena Hwa Young, um bebê lindo que me lembra de certa forma Taehyung.

ㅡ Olá Jin, ola Hwa Young, é um prazer finalmente lhe conhecer. ㅡ Me aproximei e a pequena estendeu sua mão, ofertei meu dedo e ela o segurou, sorrindo em seguida.

ㅡ Veja só, ela gosta de você, e ela não gosta de muitas pessoas. ㅡ Jin comenta sorrindo.

ㅡ Fico feliz em ser um desses privilegiados, senhorita Hwa Young. ㅡ Converso com a pequena que gargalha.

ㅡ Russos tem sempre esse poder sobre ítalos coreanos, ou é você que veio com esse talento?ㅡ Taehyung aparece em meu campo de visão, também com seu filhote que se esconde em seu pescoço, enquanto segura uma pequena coberta contra o rosto, vejo apenas os olhinhos curiosos.

ㅡ Ele é um modelo único espero eu, e que seu filho não herde seus genes, ou teremos que esconder nossas meninas. ㅡYoongi estava logo atrás, sua menina Sully tinha com toda a certeza puxado Taemin, já que sorria simpática, e acenava a todos ali.

ㅡ Não se preocupe, ensinarei meu filhote a ser um cavalheiro assim não poderão negar caso ele queira casar com algum dos seus herdeiros ou herdeiras. ㅡ Respondi tentando manter um tom de brincadeira, mesmo sabendo que poderia sim acontecer de uma união entre nossos filhos ocorrer num futuro.

ㅡ Não falemos sobre casamento, minha Sully será uma freira, não quero pensar nessa outra opção. ㅡ Taemin comentou com uma cara desgostosa.

ㅡ Não queira escolher o futuro de nossa primogênita, ela irá decidir. ㅡ Yoongi o detém antes que ele coloque outro futuro ainda mais religioso e solitário para sua pequena.

E facilmente todos entram em um diálogo sobre seus filhos e seus futuros, menos Namjoon ele fica ao meu lado, e estende um copo com uísque, eu aceito.

Sempre achei essa parte da morte algo cômico trágico, mesmo que alguém se vá, mesmo que haja dor, a volta da terra ao sol continua, o cotidiano acaba encobrindo o luto, e não importa quem você seja, alguns sentirão como se o mundo acabasse, outros sentiram um pouco menos, mas aqueles que vivem continuarão.

Dia após dia continuam, um após o outro, deixando de sentir a dor da perda e vivenciando a falta que faz.

ㅡ Não era para ele ter morrido no ataque, Jooheon era o alvo, era um evento onde ele iria mas Don Mancini, insistiu em ir ele mesmo, como se pressentisse, ele conseguiu desviar do primeiro ataque, mas não contava com o atirador, apenas uma bala, e ele se foi... Bem na porra do coração. ㅡ A fala de Namjoon mas parecia um desabafo.

ㅡ E o que mais? Me diga o que está pensando Namjoon.ㅡ Já convivi com Kim, para entender quando ele queria ir além em um assunto.

Ele riu sem humor, suspirou para enfim dizer.

ㅡ Don Mancini fez um testamento, e uma carta para cada filho, porém quando chegou a vez de Jimin ele pediu privacidade, juntando ao fato de que ele vinha agindo estranho... Creio que o velho alfa sabia de tudo, ele deixou até mesmo pago os custos de seu velório, ele tem agido estranho a um bom tempo, encerrando negócios ruins, limpando de certa forma tudo, como se esperasse seu sucessor...ㅡ Seu olhar é profundo, eu entendi o que ele quis dizer.

ㅡ Isso explica o anel.ㅡ Deixei sair meu pensamento.

ㅡ Não só o anel, as palavras que ele disse naquele dia, as inúmeras inúmeras reuniões que organizou para vocês, e se quer saber minha opinião não há pessoas melhores para assumirem a Famiglia do que você e Jimin.

ㅡ Agradeço sua consideração, é importante para mim, mas não posso abandonar a Bratva, não sem deixar alguém em meu lugar.ㅡ Acabo suspirando, e apertado os olhos.

Porra! Por que tudo sempre leva a isso? Sempre leva a esse beco? Me sinto encurralado, ou assumo tudo ou apenas deixo o mundo ruir, o que não é uma opção.

ㅡ Não tem porque pensar nisso hoje, mas não poderá fugir, e se Jimin aceitar, o que fará? ㅡ Namjoon parece curioso.

ㅡ Se meu ômega quiser assumir a Itália, e a Famiglia eu estarei onde devo estar, ao lado dele, e duvido muito que a Bratva iria se opor a isso, era uma chance quando me casei com Jimin, porém não farei e nem tomarei nenhuma decisão sem entender o que ele deseja, além de que precisaremos de um tempo... Mesmo que parece que o tempo esteja contra nós.

ㅡ O tempo é uma contínua, ele não está a favor ou contra, talvez você meu amigo esteja finalmente sentindo a pressão e o medo, estão te tirando da sua zona de conforto, mas quem está lhe torturando é você mesmo, não faça isso, abrace o destino. ㅡ O alfa ergue seu copo, e eu brindo junto a ele, ao o que? Eu não sei, mas espero que ele tenha razão, que isso seja o destino.

A cortejo fúnebre aconteceu de forma rápida, com uma segurança reforçada, afinal ali estava toda a Famiglia, todos os representantes vieram pessoalmente acompanhar a despedida de Don Mancini.

Não há ia um só rosto naquela multidão que não expressasse pesar, e surpresa, ninguém esperava o fim do alfa que governou por mais de cinquenta anos a Famiglia.

Mas tudo tem um fim, eras começam e terminam.

Após todos os cumprimentos, e saudações, os filhos e o ômega de Don foram chamados a sala junto a Namjoon e também o advogado que trabalhava com o velho ômega.

As cartas foram entregues e o silêncio se perpetuou por algum longos minutos, Jimin me entrega sua carta, na qual me surpreendo com a quantidade pequena de palavras.

"No fundo não poderia haver escolha melhor, você é aquele a qual a ganância não contaminou, meu menino de ouro, o filho que amei até a última batida do meu coração, eu deixo a você o que tenho de mais precioso, meu lugar na Famiglia, a partir de Hoje você é Don Nino Mancini Mikhailov, aquele que trará a luz novamente.

Eu o amo querido filho, eu sempre amarei.

Mário Mancini, seu pai."

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