Depois do show

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Saphira ON

Hoje, ao acordar, eu e Jaque fomos correr. Senti muita disposição durante a manhã, tanto que a arrastei comigo para a academia. Acho que nunca treinei tão bem quanto hoje. É domingo, e o dia está lindo lá fora. Dessa vez, Jaque decide me acompanhar no ensaio. Ao chegarmos no prédio da AR, é inevitável sentir... ansiedade. Sinto meu corpo tremer um pouco enquanto o elevador sobe. Sorrio, incapaz de esconder minha empolgação. Meu coração acelera e tudo o que eu penso é em revê-lo. Infelizmente, ao entrar no estúdio, não avisto Bruno.
- Ei, Saphira! Tudo bem?! – Pergunta Phil gentilmente, sempre sorrindo. – Quanto tempo!
- Pois é! – Nos abraçamos.
- Jaqueline? Que bom te ter aqui!
- Obrigada. – Diz ela sorrindo, obviamente empolgada.
- Como não iremos ensaiar músicas novas, pensei que não teria problema em trazê-la hoje... – Sorrio, olhando para Phil.
- Fica tranquila. – Ele responde com um sorriso. – Problema nenhum.
Olho ao redor e encontro Amber. Ela sorri quando me vê e nos abraçamos.
- Menina, achei que não íamos mais trabalhar!
- Eu também! – Rio de seu comentário. – Que saudade!
- Eu também. – Amber me abraça forte. Logo após, seus olhos correm para meu pulso. – Minha nossa, que pulseira linda!
- Obrigada. – É só o que eu consigo dizer, sentindo minhas bochechas ruborizando.
- Ok, pessoal. Todos aqui? – Phil olha ao redor, certificando-se. Olho ao redor também, notando mais uma vez que Bruno não está aqui. Franzo as sobrancelhas, estranhando. Penso em dizer algo mas fico quieta. Se alguém aqui notarias sua ausência, esse alguém é Phil, e ele com certeza já notou. – Vamos para a sala de gravação.
Nos dirigimos para a mesma sala de gravação na qual eu e Amber gravamos Chunky. Jaque se senta no sofá do lado de fora. Depois de todos se posicionarem, Phil começa a falar.
- Espero que tenham curtido esse tempinho de férias. – Ele sorri largamente, como sempre faz. – No show de hoje, como vocês já sabem, irão cantar uma de nossas músicas. Não iremos ensaiar nada a não ser esses novos improvisos. Iremos passar a playlist completa para vocês antes do show.
- Antes do show?! – Pergunta Amber, tirando as palavras de minha boca.
- Sim. Para ser sincero, nem Bruno a decidiu por completo ainda... – Eu e Amber nos entreolhamos, quietas, e depois voltamos a atenção para Phil. – Fiquem tranquilas, será um show privado, então não será muito longo e nem terá muitas pessoas. Além disso, vocês irão cantar as vozes que já ensaiaram e cantarão sozinhas somente em Runaway Baby.
Sorrio, agora sentindo ainda mais empolgação. Sempre gostei muito dessa música, principalmente por seu instrumental, então imediatamente me sinto mais confiante. Quando Phil irá dar as instruções, não consigo conter o incômodo insistente. Da maneira mais natural que consigo, pergunto:
- Bruno não vem?
- Não. – Phil responde, obviamente sorrindo, como sempre. – Seremos apenas nós.
Espero mais alguma coisa, talvez um motivo ou uma justificativa, mas Phil apenas me olha sorrindo. Então não digo nada, apenas afirmo com a cabeça. E sinto certo... desapontamento. E curiosidade. Por que ele não vem? Será que aconteceu alguma coisa? Ou ele está apenas ocupado? Ou talvez descansando? De qualquer forma, a frustração me faz murchar um pouco. E então decido esquecer isso. Estou trabalhando e preciso me concentrar. Não posso deixar a ansiedade me consumir, muito menos a frustração. E é exatamente isso que faço quando Phil nos dá as instruções: Quando acabar a música e todos estiverem aplaudindo, os meninos da banda irão continuar tocando e Bruno irá nos apresentar à plateia e, depois que eles cantarem a preparação "...You better run (You better run), You better, you better, you better...", Amber entra no refrão, e depois que ela acabar, eles fazem essa preparação novamente e eu entro.
Depois de analisarmos os arranjos, Amber decide que quer fazer o refrão mais calmo, somente com um piano, talvez puxado para um jazz ou soul. John entende imediatamente e faz um acompanhamento incrível no teclado, enquanto Amber explora suas técnicas. Quando ela termina, bato palmas e pulo no lugar, empolgada.
- Ok, Amber. Essa será sua parte. Está ótima. – Phil olha para mim. – Saphira?
Minha imaginação começa a aflorar e penso em alguns detalhes.
- Pensei em algumas coisas... – Faço uma careta. – Posso tentar?
- Claro. – Phil sorri e se encosta numa caixa de som. – No que pensou?
- Ok... – Respiro, me concentrando. – John, você pode começar com um string, crescendo?
Ele mexe em alguns botões no teclado e começa exatamente como eu pensei.
- Jamareo – Olho para ele. – Pode colocar o baixo? – Ele me dá um sorriso e começa, perfeitamente. Olho para Phil.
- Phil, eu pensei que vocês podem começar nessa hora. – Ele me observa atentamente. – Vocês começam a preparação de "you better run", somente com o teclado e baixo. Eric. – Viro para ele, e diferente dos outros meninos, está mais sério. – Quando eles começarem a repetir o better run, no final, você pode começar a crescer com o bumbo e a caixinha?
Ele me encara, ainda sério, mas faz o que peço. Sorrio.
- Exatamente. – Digo para ele, depois para todos os meninos. – Depois disso, podem começar todos juntos: guitarra, sopros, exatamente como na música.
Olho para todos e sinto a empolgação me consumindo.
- Podemos tentar desse jeito, Phil?
- Claro, você quem manda. – Diz ele, sorrindo.
Dessa forma, John começa no teclado e todos os meninos fazem como eu pedi. Quando Phil está chegando no fim de better run, Eric cresce na bateria e dá uma pausa para eu entrar no refrão. Entro com tudo, com uma nota meio aguda, mas crescendo, e a bateria começa a crescer junto, até chegar no ápice e todos os instrumentos entrarem juntos. Canto o refrão da maneira mais elétrica que consigo, com agudos, graves, arranjos e, principalmente, agressividade. Olho para o lado e Phil está sorrindo. Lá fora, Jaque está de boca aberta. A banda termina os acordes juntamente com a bateria, e ainda assim termino a última frase da música com um melisma. Olho para eles e Phil bate palmas. Rio ao ver Jaque do lado de fora pulando como uma criança enquanto bate palmas.
- É isso aí. Ótimo arranjo, Saphira. – Ele sorri e penso que meu coração vai explodir de felicidade. – Por hoje é só, meninas. Até à noite.

Too Good To Say GoodbyeOnde histórias criam vida. Descubra agora