Antes de ir para o show, tomo um banho relaxante. Sinto a água quente escorrer pelos meus cabelos e corpo, e me sinto... renovada. Saio do banheiro da suíte enrolando a toalha e procurando um pente para pentear o cabelo. Porém, antes que eu faça isso, a porta do quarto se abre, e quem eu vejo faz meu coração disparar.
- AH! – Grito, me assustando. Imediatamente aperto a toalha contra o corpo. Pisco forte para ter certeza de que estou vendo quem estou vendo. – O que você tá fazendo aqui?!
Ele não diz nada, apenas me analisa, de cima a baixo, com olhos... intensos. Ele umedece os lábios de leve, quase de forma imperceptível, mas que percebo. Quando seus olhos encontram os meus, minhas pernas bambeiam, e minha pele arrepia.
- Eu senti sua falta. – Ele diz, baixinho, seus olhos quase cerrados e sua cabeça inclinada. – Só queria te ver.
Engulo em seco, sentindo cada centímetro do corpo arrepiado. Me sinto incapaz de mover um músculo sequer, já que seguro a toalha tão forte contra meu corpo que sinto até minhas mãos tremerem. Ou talvez seja o efeito de Bruno sobre mim, algo que sempre me deixa... extasiada.
Ainda me analisando por inteiro, ele caminha até mim, devagar. Sinto meu coração disparar mais a cada passo seu. Quando ele está perto o suficiente, penso que terei um colapso.
- Estamos só nós dois nesse quarto grande... – Ele diz, olhando rapidamente ao redor. Depois, volta a olhar para mim, o rosto um pouco inclinado e seu olhar tão intenso. Ele passa um dedo pelo meu braço, e o arrepio que sinto é tão forte que chega a doer. – O que acha de jogarmos um jogo?
- Um... jogo? – Engulo em seco, quase gaguejando, me sentindo confusa e... excitada.
- É, um jogo. – Ele diz, sorrindo um pouco e acariciando meu braço. – Um em que as roupas não são necessárias...
Sinto que meu coração irá parar. Meu corpo ainda está úmido pelo recente banho, mas a sensação de estar molhada é diferente disso. É aquela sensação no meio das pernas, que te causa ansiedade e excitação.
Ainda me olhando, ele morde seu lábio de leve. Então desliza seu dedo pela toalha, desfazendo o nó que dei a segundos atrás. Continuo segurando-a em meu corpo, mas agora não com tanta força. Na verdade com força nenhuma. Tanto que ela escorre até o chão.
Então estou nua, em frente a Bruno. Ele me analisa várias vezes, seus olhos se arregalando pouco. Por incrível que pareça, não sinto vergonha ou receio. Na verdade, ser observada por ele dessa forma é uma sensação maravilhosa. Ele morde seu lábio de novo e, quando olha em meus olhos, noto suas íris faiscando de desejo. Ele chega ainda mais perto, e sussurra no meu ouvido enquanto seu dedo desliza do meu braço até minha barriga.
- Você é tão gostosa quanto imaginei. Ainda melhor...
Devagar, ele desliza seu dedo até meu seio, me provocando naquele ponto sensível e fazendo minha pele arrepiar tanto que chega a doer. Arfo ao senti-lo pegar com sua mão, enchendo sua palma com ele e acariciando-o de uma forma que me faz delirar. Então ele beija meu pescoço, depois minha clavícula, depois meu peito, e depois a costela, num ponto muito sensível. Acabo gemendo por seu toque, sentindo o corpo todo arrepiado. Ele se agacha, beijando minha barriga, e seguro em seu cabelo, fechando os olhos e sentindo sensações por todo o corpo. Então, abruptamente, ele me pega em seus braços e me leva até a cama. É quando ele deita sobre mim e me beija. Aquele tipo de beijo lascivo, mas também carinhoso. Suas mãos passeiam pelo meu corpo, me acariciando, me... idolatrando. Ele beija cada pedacinho, do pescoço até as pernas. Ele não parece ter pressa, é como se quisesse fazer tudo direito.
- Está bom assim? – Ele pergunta, sussurrando, agora posicionando sua cabeça entre minhas pernas. – Está tudo bem?
- Sim... – Minha voz soa estrangulada, um sussurro carregado de tesão. – Não para, por favor...
Ele sorri, de forma uma forma tão sexy que me faz arfar.
- Seu pedido é uma ordem.
Depois de dizer isso, sinto sua boca entre minhas pernas, o que me faz gritar de prazer e revirar os olhos.
- Não para... – Sussurro, várias e várias vezes. – Por favor, não para...
- Saphira? – Ouço, de longe, uma voz me chamando. – Saphira! Acorda, porra!
- AH! – Abro os olhos de uma vez e grito, sentindo o coração disparado.
- Caralho, que susto!
Pisco forte, tentando entender o que está acontecendo. Olho ao redor e noto que estou no quarto, mas Bruno não está aqui. E eu estou completamente vestida. Então vejo Trisha, me olhando com uma das caretas mais engraçadas que já vi.
- Você tá toda suada... – Ela diz, me analisando. – E estava dormindo como uma pedra.
- Foi um sonho... – Sussurro para mim mesma, me sentindo tão confusa. De repente, me sinto também muito... frustrada. – Foi um sonho...
- Não sei com o que a Bela Adormecida estava sonhando, mas agora é hora de voltar para a realidade. – Trisha tira as cobertas de cima de mim. – Vamos, temos um show pra fazer.
Então ela sai do quarto. Pisco forte, ainda olhando ao redor e me sentindo confusa. É quando ouço uma música tocando baixinho. Our First Time, de Bruno. Procuro de onde o som vem, e noto que é de meu celular, localizado agora embaixo do meu travesseiro. Me lembro de deixar algumas músicas lentas dele tocando antes de dormir, e acho que acabei dormindo ouvindo elas. E sonhando com essa em específico. Engulo em seco, notando que meu corpo ainda está arrepiado e ainda sinto aquela sensação entre as pernas. Noto que estou... molhada. Minha nossa, eu com certeza estou naqueles dias de novo. Aqueles em que subo pelas paredes. Volto a pensar em Bruno e lembro do sonho, dele beijando todo meu corpo, principalmente minha...
- VAMOS LOGO, VAGABUNDA! – Trisha grita, de repente, o que me faz assustar.
E também voltar a mim. Pisco forte novamente, tentando me concentrar. Tentando esquecer essa... sensação. Mas é impossível. Principalmente quando o olhar de Bruno para mim fica gravado em minha mente.
- Festa?! Mas que festa?! – Pergunto, fazendo uma careta.
- A sua, oras! – Diz Jaque.
Já é tarde, e acabei de voltar do show no qual Amber e Jaque assistiram. Acho que fiquei tão animada pela presença delas que não sinto um pingo de cansaço, mesmo depois de o dia ter sido tão cansativo. Talvez aquele sonho também tenha a ver com isso, já que não paro de pensar nisso nem por um segundo, o que me deixa... agitada. Agora Jaque e Amber simplesmente desmontam minha mala, jogando todas as minhas roupas em cima da cama. Elas dizem estar procurando algo legal para eu vestir hoje numa suposta festa de aniversário. Festa essa que não sabia da existência a um minuto atrás.
- Mas não estou sabendo de nada! – Digo, espalmando as mãos.
- Mas agora está. Não quis deixar que fosse surpresa porque vai que você aparece toda descabelada, de pijama e suas pantufas do Sullivan. Ou pior: seu kigurumi. – Jaque revira os olhos, o que me faz rir.
- Ah, você ama aquele kigurumi, assuma!
- Deus que me livre! E outra: você foi parar no hospital por arritmia cardíaca, um susto não seria nada conveniente... – Ela diz, sem olhar para mim, apenas para minhas roupas.
- Tá, mas... onde vai ser? Por favor, não diz que é em uma boate. – Suspiro. – Sempre que eu vou em uma, não acaba bem.
- Não, meu amor. – Jaque agora me olha com um sorrisinho no rosto. – Será do terraço desse prédio.
- No terraço do prédio?! – Arregalo os olhos, agora pulando da cama. – Jaque, está louca?! Isso deve custar uma fortuna!
- Por que você não para de reclamar e vem nos ajudar? – Amber finalmente se pronuncia, olhando feio para uma calça toda surrupiada que encontrou no meio das roupas, já jogando-a no chão.
- Obrigada, Amber. – Jaqueline me ignora totalmente, sorrindo para ela. – Saphira está muito mal agradecida ultimamente...
- E quem são os convidados? – Pergunto.
- Não sabemos quem são os convidados. Deixamos isso para Liza resolver.
- VOCÊS SÃO LOUCAS?! – Levanto num pulo, os olhos arregalados e o coração acelerado.
- Por quê?! – Indaga Jaque, fazendo uma careta.
- Por que, pelo que conheço Liza, é capaz de Hilary Clinton estar presente! Ou Paris Hilton! Ou... ou... ou... uma Kardashian!
- Uau, seria incrível conversar com a Kendal. – Jaque diz como sonhando. Reviro os olhos.
- Que Deus me ajude... – Volto a deitar, sussurrando. – Vocês têm, tipo, minutos pra achar uma roupa legal pra mim. Esqueçam, não encontrarão nada aí.
- ARRÁ! – Como me contrariando, Jaque levanta em suas mãos uma peça vermelha, em seda. Sento no sofá, olhando melhor, e me lembro na hora de onde veio. – O vestido perfeito! É sofisticado, luxuoso e ousado. – Imediatamente me lembro das palavras de Trisha sobre ele, que foram exatamente as mesmas de Jaque.
- Fui eu quem escolhi. – Como uma predestinação, Trisha aparece na sala e sorri agradavelmente. – Dei para Saphira de presente. Ela estava esperando uma oportunidade para usar, e acho que hoje seria perfeito.
Jaqueline olha para ela com uma careta, jogando o vestido na cama.
- Ã... não. Outro.
Jaque volta a fuçar no meio das roupas, ignorando totalmente seu próprio comentário feito anteriormente por, obviamente, pirraça. Amber paralisa no lugar, parecendo constrangida. Trisha agora caminha até o meio do quarto, um tanto tímida.
- Olha, sei que vocês conhecem um lado meu muito ruim... Acreditem, já conversei com Saphira e conseguimos nos acertar. Sei de tudo o que fiz, mas agora é diferente, juro. Gostaria de recomeçar com vocês também, da mesma forma que recomecei com Saphira... – Trisha diz, sorrindo.
Como se ela não estivesse aqui, Jaqueline continua ignorando-a totalmente. Ela abaixa a cabeça, pronta para voltar para seu quarto.
- Jaqueline! – Quase grito para minha amiga, que vira abruptamente para nós enquanto segura uma camisa nas mãos. Olho para ela com uma careta.
- Você realmente acredita nela, Saphira?! Não acha que ela pode meter uma faca nas suas costas a qualquer momento? Nunca passou pela sua cabeça?! – Jaque diz, diretamente.
- Jaque, já falamos sobre isso... – Sussurro, tentando deixar a situação menos constrangedora. Sorrio. – Confia em mim, ok?
Jaque não diz nada por um tempo. Apenas encara Trisha e a mim. Então suspira, parecendo, depois de muito esforço, baixar a guarda.
- Bom, esse vestido não é de se jogar fora... Acho que ficaria bom para hoje à noite. – Jaque diz, sem olhar para Trisha.
Trisha sorri e o clima pesado se vai. Então levamos cerca de duas horas nos arrumando para a festa. Ajudamos uma a outra, cantando enquanto músicas agitadas rolam, rindo, conversando sobre tudo e nada. As meninas ainda se mostram um tanto acuadas com Trisha, principalmente Jaque, mas, aos poucos, elas foram se sentindo mais à vontade.
Amber está com seu cabelo crespo solto e volumoso, incrivelmente bonito, além de vestir uma saia que a deixa incrível. Jaque está vestindo um vestido verde esmeralda justo e curto, que contrasta incrivelmente com seu tom de pele. Trisha, a mais ousada, preferiu uma saia curta e preta, aberta dos lados, deixando suas coxas totalmente a mostra. Eu estou com o vestido que Trisha me deu, no qual ficou perfeito em meu corpo: um decote profundo e uma abertura na coxa, mesmo sendo curto. Saltos finos médios e dourados adornam meus pés, e o cabelo preso num rabo de cavalo, mas despojado, mostrando meus brincos de argola enormes. Quando nos olhamos no espelho, sorrimos uma para a outra.
- Caralho, vocês estão lindas... – Digo, sorrindo.
- Nós estamos! – Diz Jaque, sorrindo. – Agora vamos lá aproveitar sua festa!
Abraço todas de uma vez, rindo, e, depois de infinitas fotos, saímos do quarto, lindas, perfumadas e prontas para comemorar meu aniversário.
Quando chegamos no terraço do prédio, meus olhos brilham e meu fôlego se vai. Há luzinhas brancas e amarelas enfeitando o local, além de mesas de comida, bebidas e alguns sofás e pufes espalhados. Por incrível que pareça, hoje não está fazendo tanto frio, e, mesmo assim, uma certa área está coberta por um pano branco que contrasta com a decoração, nos protegendo de qualquer vento que bata mais forte, adornado com lâmpadas penduradas de forma despojada e um "HAPPY BIRTHDAY" escrito com bexigas de letras douradas. Tem glitter espalhado pelo chão, dando um ar totalmente lindo e mágico ao local. Os doces aqui disponíveis são tradicionais brasileiros, como brigadeiro e beijinho. Além disso, vejo alguns salgadinhos e pães de queijo. O cenário ao nosso redor é encantador: céu com infinitas estrelas, prédios e casas com luzes acesas enfeitando a cidade. Uma de minhas músicas preferidas do momento, My Favorite Part, de Ariana Grande e Mac Miller, está tocando. Parece, realmente, algo saído de um filme.
Cumprimento o pessoal que já está aqui: alguns meninos da banda e alguns da produção. Conversamos por algum tempo enquanto mais pessoas chegam. De repente, Jaqueline congela onde está, seus olhos fixos na entrada. Assustada, olho para a mesma direção, e a única reação que consigo ter é a mesma que minha amiga.
- Caralho... – Sussurro ao ver JoJo e Jessie J entrando.
- Saphira, como é bom rever você! Feliz aniversário! – JoJo me abraça e sinto que não conseguirei mexer um músculo sequer. – Onde eu deixo o presente?
Indico com o dedo a mesa dos presentes e ela sorri, agradecendo e indo para lá depois de cumprimentar Jaque. Então Jessie J me abraça, e penso que terei um colapso.
- Feliz aniversário, er... Saphira, né? – Ela, sinceramente, cerra os olhos, como quem não tem certeza do que está falando, e consigo dar uma risada, acenando com a cabeça positivamente à sua pergunta. – Deve estar se perguntando o que estou fazendo aqui... – Ela olha para o horizonte, uma cena que me faz rir. – Droga, eu também adoraria saber! – Obviamente Jessie J tem um humor incrível, algo que eu sempre suspeitei. Ela ri. – Não sei se sabe, mas moro aqui, na Inglaterra. Estou aproveitando o resto de meu descanso antes do meu próximo projeto, e, bem, hoje Jo chegou em casa e me perguntou se não a acompanharia para uma festa no terraço de um prédio! Como eu poderia recusar?!
- Está certíssima. – Eu finalmente consigo dizer algo, ainda raciocinando essa intimidade.
- Ah, e Liza também me disse que eu adoraria te conhecer.
- Conhece Liza? – Arregalo os olhos.
- Mas é claro! Quem você acha que convidou JoJo e pediu para me convidar também?
- Liza, é claro... – Digo, rindo um pouco.
- Ok, se não for muito inconveniente, posso ir até sua mesa de doces? Estou morrendo de fome...
- Fique à vontade. – Eu e Jaque rimos, e, quando ela sai, Jaque parece ter um colapso.
- Ai. Meu. Deus. – Ela diz, segurando em meu braço.
- Eu sei, eu sei, eu sei...
- Amiga, estou começando a não duvidar da possibilidade de esbarrar em Paris Hilton...
- Pelo amor de Deus, não brinca! Liza me deve uma explic... – Tento terminar a frase, mas não consigo.
Não quando vejo Bruno entrando pela porta, sorrindo e olhando o ambiente. Está sem boné, deixando seus cachos à mostra. Está vestindo uma camisa aberta no peito, deixando à mostra sua corrente. Está vestindo também uma calça preta, mais social, enquanto seus pés estão com um tênis branco, limpíssimo. Óculos escuros adornam seu rosto e anéis os seus dedos. Está tão lindo que me tira o fôlego. Ele parece não me perceber, cumprimenta diversas pessoas com um sorriso lindo nos lábios. Sinto meu coração batendo ainda mais forte, e meu fôlego se esvai.
- Posso odiá-lo, mas é impossível negar... – Jaque diz, analisando-o também. – Além de ser lindo, ele ainda tem charme.
- Eu sei... – Suspiro, sentindo minha atração por ele aflorar de uma forma intensa. – E tem uma pegada maravilhosa, também.
- O quê?! – Jaque arregala os olhos e ri.
- Esse homem é a minha perdição... – Sussurro.
Como sentindo meus pensamentos, ele olha em minha direção, e, quando me vê, abre um sorriso ainda maior. Quem quer que seja que esteja conversando com ele, acaba sendo ignorado. Ele caminha até mim e Jaqueline.
- Esse lugar ficou lindo... – Ele diz, olhando o ambiente. – Sabia que não seria diferente com Liza no comando da organização.
- Foi ela quem fez isso?! – Pergunto.
- Ela e eu. – Ele responde, de forma natural.
Sinto um misto de sensações ao sentir seu cheiro, o que me faz arrepiar. O vejo tão perto de mim e lembro daquele maldito sonho. Imediatamente penso que novamente devo estar no período fértil, o que não é nada bom. Não quando Bruno, agora, parece estar sempre tão perto. E tão cheiroso...
- O que foi aquilo no Twitter? – Pergunto rapidamente, ansiando colocar minha cabeça no lugar. – Ficou louco?
- Porque? – Ele pergunta, parecendo confuso.
- Porque você causou a porra de um rebuliço com aquela foto e as felicitações de aniversário.
- Não disse nada que não fosse verdade. – Ele diz, dando de ombros. – Pra mim, você foi a melhor parte do Grammy.
Não digo nada, apenas o encaro de olhos cerrados. Jaque pigarreia, talvez tentando ajudar.
- Gostou do presente? – Ele pergunta, de repente. Penso sobre qual ele está se referindo, e chego à conclusão de que devem ser todos.
- Achei... exagerado. – Cruzo os braços e empino o nariz.
Bruno ri e chega mais perto, fazendo meu coração acelerar abruptamente. Ele olha em meus olhos, perto demais.
- Mas gostou?
Não digo nada, apenas levanto as sobrancelhas e dou de ombros. Não vou confessar que não só gostei, como adorei. Ele ri, como se estivesse se divertindo, então, caminha para o outro lado do terraço, já conversando com alguém. Solto o ar que nem notei que estava segurando. É quando Liza finalmente aparece.
- Meninas! Estão magníficas. – Ela diz, sorrindo.
Imediatamente noto como está elegante, vestindo um vestido bege justo até os joelhos, modelando seu corpo. Seu cabelo está solto, e seu rosto com uma maquiagem escura, contrastando com sua pele. Liza é sempre tão bonita e elegante... Às vezes penso que ela parece ter saído de algum filme.
- Liza, tudo isso está incrível! Muito obrigada. – Digo, sorrindo.
- Eu sei. Fui eu quem planejei. – Ela dá de ombros, o que me faz rir.
Noto que o terraço está quase cheio, com pessoas rindo e conversando. Noto também que Jessie J e JoJo estão conversando com Bruno. Os meninos da banda estão reunidos, provavelmente rindo das piadas de Phil.
- O que Jessie J e JoJo estão fazendo aqui?!
- JoJo tinha marcado de sair com Jessie, então disse para trazê-la para cá. – Liza sorri. – Acredite, Jessie J consegue ser ainda melhor pessoalmente.
- Deu pra perceber... – Sussurro.
- Só relaxe e curta sua festa, que, tenho que dizer, todos estão adorando!
Liza sorri e sai, indo conversar com qualquer outra pessoa, andando sempre de forma tão elegante. De repente, Amber e Trisha chegam com copos e comida nas mãos.
- Isso está uma delícia! – Amber enfia algum doce na boca e rio de sua expressão. – Por que nunca me disse que os doces brasileiros são tão bons?!
- Eu sempre disse! – Digo, rindo.
- Ok, eu agora estou completamente obcecada por isso. – Diz Trisha, apontando para o copo em sua mão. – Como é mesmo? "Caipirinha"...? – Ela tenta dizer a palavra, mas seu sotaque deixa tudo ainda mais engraçado.
- Parabéns, acabou de conhecer a melhor bebida alcóolica do mundo. – Digo, sorrindo.
- Bom, poderia apresenta-la para mim, então. – Diz, de repente, uma voz masculina que já reconheço.
Todas, no mesmo momento, calamos a boca e arregalamos os olhos enquanto The Weeknd sorri. Ele olha para mim, levantando uma sobrancelha. De repente me sinto feliz por sua presença.
- Não acredito que está aqui! – Vou até ele e o abraço forte. Por incrível que pareça, desenvolvi um afeto muito grande por ele. Uma certa amizade, até.
- Bom, disseram que teria uma festa incrível por aqui e que a aniversariante é minha fã, então...
- Você é mesmo um convencido do caralho.... – Digo, o que nos faz rir.
Então o analiso. Está vestindo, como quase sempre, uma calça e uma camiseta, ambas pretas, enquanto uma jaqueta de couro adorna seu corpo, e tênis brancos seus pés. Não há nenhum acessório, mas nem precisa, já que ele parece ser o estilo em pessoa. Seu cabelo crespo e sua barba o deixam ainda mais sexy e sedutor. Olho para as meninas e todas estão admirando-o.
- Fique à vontade. – Digo para ele.
- Sempre estou, baby. – É o que ele diz, piscando e caminhando para outro canto, o que me faz rir novamente.
- Acho que molhei a calcinha. – Trisha diz, surgindo do nada e olhando na direção de Week caminhando.
Rio alto de seu comentário, mas a entendo completamente. The Weeknd tem esse poder sobre calcinhas. E Bruno também. Principalmente sobre a minha...
Ok, se controla, Saphira. Se controla.
Olho em volta, tentando me distrair, e sinto o clima tão... gostoso. Passeio pelo ambiente e converso com todos, recebendo feliz aniversário, sorrisos e abraços. Posso perceber Bruno olhando para mim o tempo todo, o que faz um arrepio percorrer meu corpo. Engulo em seco pensando que preciso de uma distração, senão terei um colapso ao ver esse homem me olhando desse jeito.
- Porra, aí sim! – Ouço Trisha praticamente gritar.
Depois de um tempo, vejo várias pessoas reunidas num canto enquanto aplausos e gritos ressoam. À frente delas, vejo Liza mexendo no celular, rindo enquanto Bruno está ao seu lado, com um microfone na mão e duas caixas de som entre ele. Penso em que momento tudo isso surgiu aqui. Então Sorry, de Justin Bieber, começa, e mais gritos repercutem. Bruno olha para Liza com uma expressão engraçada, do tipo não acreditando, enquanto a mesma ri. Quando Bruno começa a cantar a música, percebo que montaram um karaokê improvisado.
- Tenho que ver isso de perto. – Trisha diz, empolgada, caminhando na direção do pessoal enquanto nós a acompanhamos.
Passo na frente de alguns e fico quase de frente para Bruno, a mais ou menos 1 metro e meio de distância. Quando o vejo interpretando uma música do Justin Bieber e tentando reproduzir seus trejeitos, simplesmente não consigo evitar o riso. Ele está fazendo um cover totalmente engraçado de Bieber, com poses e vocais exagerados. Na hora me lembro de sua interpretação no SNL, cantando Boyfriend, também do Justin, cena que me fez rir horrores. Acho engraçado pensar que, nessa época, nem o conhecia ainda, mas já gostava de seu bom humor.
De repente, Bruno olha diretamente para mim, cantando. Sua expressão fica menos divertida, mais séria talvez, e, mesmo sendo uma situação totalmente engraçada, meu corpo se arrepia e meu coração salta enquanto ele canta com os olhos nos meus.
- "Yeah, is it too late now to say sorry? 'Cause I'm missing more than just your body. Ooh, is it too late now to say I'm sorry? Yeah, I know that I let you down. Is it too late to say I'm sorry now?". (Yeah, é tarde demais agora, para pedir desculpa? Porque eu sinto falta mais do que só do seu corpo. É tarde demais para pedir desculpa? Yeah, eu sei que te decepcionei. É tarde demais para pedir desculpa?).
Pode ser coisa da minha cabeça, possa ser que eu esteja delirando, vendo coisas que quero ver, ou que meu coração esteja pregando peças, mas é como se Bruno estivesse cantando para mim. As palavras saem de forma engraçada, divertida, mas seus olhos penetram os meus como me dizendo de forma totalmente contrária, como uma confissão, um pedido... Meu coração ainda está batendo forte quando a música acaba e Bruno é aplaudido, seguido de risos e assovios. Só volto a mim quando Jaque bate em meu ombro.
- Vai, Sa, mostra como se faz!.
Inevitavelmente, um coro começa. SAPHIRA! SAPHIRA! SAPHIRA!
- Ok, ok! – Digo, levantando as mãos e caminhando para o espaço.
Com gritos e aplausos, vou até à frente, enquanto Bruno passa o microfone para mim. Sinto um arrepio quando nossas mãos se esbarram. Olho para Liza enquanto estou na frente de todos, e ela sorri provocativamente, procurando uma música em seu celular. De repente, o início de Crazy In Love, de Beyoncé, começa, e arregalo os olhos, surpresa pela escolha. Liza ri alto, enquanto todos aplaudem, gritam e assoviam. Phil e Dwayne já estão rindo antes mesmo de eu começar. Tomando coragem, começo a música, e todos gritam.
Me sentindo à vontade e fazendo coreografias exageradas, faço um sinal para que Amber e Trisha venham comigo, e, empurrada por todos, Amber vem, enquanto Trisha já está do meu lado, sorrindo e rindo. Não sei de onde surgiu, mas mais dois microfones chegam nas mãos delas, e nós três cantamos. Fazemos a coreografia de forma improvisada, esbarrando uma na outra, todas desorganizadas, o que faz todos rirem e nos divertirmos. Então a música acaba e eu, Trisha e Amber tentamos congelar numa pose, mas novamente quase caímos uma em cima da outra. Todos riem, aplaudem e gritam enquanto saímos rindo. Jaqueline principalmente.
- Vocês são, tipo, o trio mais desajeitado e sexy que já vi em toda minha vida!
- Espera só eu tomar mais duas Vodkas... – Trisha diz, correndo os olhos pelo espaço.
- Acho que agora é a minha vez. – Diz The Weeknd, de repente, ao meu lado. – Ou nossa vez.
Ouço o início de Die For You. Olho para ele sorrindo demais e sentindo o corpo todo arrepiar. Então vamos até a frente, juntos. Quando as pessoas reconhecem a música, gritam e batem palmas. Então, pela primeira vez performamos Die For You, juntos. Claro que não como algo oficial, afinal, estamos num karaokê improvisado no terraço de um prédio, mas não deixa de ser especial. Pelo menos para mim.
Cantamos e interagimos, e vejo Bruno, de repente, a nossa frente. Ele parece... sério, como sempre fica quando me vê com Abel. Porém, quando começo minha parte, ele saca seu celular do bolso e começa a me filmar, sorrindo e conversando algo com Phil, que está ao seu lado. Ele assobia e levanta a mão no ritmo da música, enquanto com a outra continua me filmando. Por mais que eu odeie admitir, essa cena me deixou... fraca. Não só por isso, mas por todo o resto. Bruno tem demonstrado tão atencioso como nunca. Agora, fazendo questão de me filmar, como se... me admirasse. Como se estivesse adorando fazer tudo isso. Como ele mesmo me disse, engolindo o orgulho e fazendo tudo com um sorriso no rosto.
A música acaba e The Weeknd me abraça. O abraço também, mas não consigo desviar meus olhos de Bruno. Ele sorri para mim de uma forma tão orgulhosa que faz meu coração dançar, puxando palmas e assobios. Pigarreio, me sentindo um tanto desnorteada. Então Jaque vem até mim, dizendo para cantarmos A Thousand Miles. Concordo, sorrindo, mas ainda sentindo o coração acelerado pelo olhar de Bruno para mim. E por todo o resto que ele tem feito. É quando penso que não sei mais se conseguirei resistir...
O karaokê continuou com todos cantando suas músicas preferidas. Até Jessie J entrou na brincadeira, obviamente, humilhando a todos aqui. Tinha me esquecido de como seus vocais são impressionantes. Depois disso, os meninos resolveram performar um pouco de 24k Magic. Bruno, quando passa por mim, estende a mão. Olho para ele confusa, não entendendo, e ele faz sinal para que eu dê minha mão a ele. Não sei porque, mas, instintivamente, faço isso, e, sentindo o calor de seu toque, ele me puxa para a frente e dança com os meninos. Entendo que Bruno quer que eu dance com eles. Todos riem, gritam enquanto tento acompanha-los. Bruno me ajuda, me pegando pela mão e dançando comigo, de forma divertida, tentando me guiar nos passos. Mesmo não dançando tanto quanto eles nos shows, já fizemos isso tantas vezes que sei de cor. Sorrimos um para o outro enquanto os meninos agitam todo mundo. Fazemos o passinho de "24k magic in the aaaaaair" de forma incrivelmente sincronizada, e todos aplaudem e gritam.
A música termina e sinto meu corpo suar e a empolgação tomar conta de mim. Uptown Funk começa e me solto totalmente, dançando todos os passos. Bruno me pega pela mão e dançamos juntos. Durante alguns segundos, consigo ver seus olhos, e percebo que emanam alegria. Bruno está dançando, sorrindo, rindo, e, melhor disso tudo: comigo. Penso em como seria incrível se pudéssemos ser assim, para sempre...
Ofegante e sorrindo, saio em busca de algo para beber e um canto mais calmo para afastar esses sentimentos de mim. Encontro Liza encostada numa mesa enquanto luzinhas brancas refletem em seu rosto e corpo. Uma cena... encantadora.
- When I Was Your Man nunca tinha feito tanto sentido para mim...
- Como? – Sorrio mais por ainda sentir a agitação em mim do que por não ter entendido do que Liza está falando.
- Te mandar flores, segurar sua mão, te chamar para dançar... Bruno está realmente muito empenhado.
- Do que você está falando? – Franzo as sobrancelhas, agora mais séria. Enquanto espero sua resposta, Liza continua olhando para frente, vendo o movimento. Quando percebo que ela não diz nada, decido dizer eu. – Não vou mais cair na dele, Liza. Prometi pra mim mesma. Não importa se ele me enviar um caminhão de flores ou dançar comigo a noite toda, não irei deixar ele brincar comigo novamente.
- Eu acredito em você. – Liza parece ser sincera em suas palavras enquanto sorri afetuosamente para mim, mas ainda há mistério em seus olhos, algo que não consigo discernir. – Mas você mesma não acredita no que diz...
Como quase sempre acontece quando estou com Liza, fico sem palavras. Ela dá de ombros e sorri de leve, agora já conversando com outra pessoa, me deixando só com meus pensamentos. É quando pego o microfone em mãos e decido fazer uma coisa que sei que irá me divertir e me distrair como mais nada faz.
- Pessoal... – Digo, sorrindo. Todos olham para mim. Sinto a ansiedade por todo o corpo. – Agora eu vou ensinar como é que uma brasileira se diverte. Se preparem para dançar, caralho!
Todos imediatamente gritam, e em segundos um funk está tocando. Em minutos eu transformo o terraço do prédio num pedacinho do Brasil. Funk, pagode e samba dominam o espaço, e danço todos os estilos. Todos parecem se divertir demais. Também me divirto como nunca, dançando horrores, principalmente com Trisha. Ela pareceu adorar o estilo de música, e se jogou na dança juntamente comigo. Comi, bebi e me diverti demais. Quando algumas pessoas já estão indo embora, noto uma em específico vindo até mim.
- Espero que esteja pensando em minha proposta... – The Weeknd diz, de repente, chegando mais perto. – Pois com essa carinha de felicidade, só pode ser isso, certo?!
- Convencido do caralho... – Resmungo, sorrindo. Ele ri. – Estou feliz porque estou adorando tudo isso.
- Eu também. Gosto de samba, se quer saber. – Ele dá de ombros. – Mas acho que gosto mais do funk brasileiro.
- Espere até conhecer o brega funk... – Digo, cerrando os olhos.
- Por que isso parece ser uma ameaça?
Ambos rimos, e novamente sinto uma boa sensação em estar perto dele.
- E então? O que me diz? – Ele pergunta, e já sei sobre o que está falando. – Não vai me dizer que ainda não decidiu... – Ele revira um pouco os olhos, o que me faz rir.
- Não, não é o que vou dizer. – Olho para ele, sorrindo. – Já pensei e já decidi.
Dessa vez a surpresa é nítida em seu rosto. Seus olhos se arregalam, obviamente não esperando que eu dissesse isso.
- E então...? – Ele pergunta, levantando as sobrancelhas, parecendo... ansioso.
- Eu... – Respiro fundo, pensando nas palavras certas para falar. – Eu sou muito grata por todas as oportunidades que me deu até hoje. Ter confiado em mim para um remix foi algo... surreal. – Sorrio. Ele apenas continua prestando atenção. – Obrigada pela proposta, mas...
Olho pra trás e vejo Bruno conversando com alguém, rindo e sorrindo. Volto a olhar para The Weeknd, e quando falo, não sinto nenhum remorso ou dúvida. Na verdade, sinto muita certeza. Irei dizer o que pensei durante dias, mas que sempre soube.
- Não posso deixar Bruno. – Digo. – Nem ele nem os Hooligans. Me comprometi com esse contrato e pretendo concluí-lo. – Sorrio. – Mas mesmo assim obrigada, mais uma vez.
Ele leva alguns segundos para entender, então faz uma careta, como se estivesse chorando, o que me faz rir.
- Olha, eu estaria mentindo se dissesse que estou surpreso... – Ele diz. – Mesmo te fazendo a proposta, acho que no fundo eu sabia que não iria aceitar.
- Não tem nada a ver com você. – Digo, apressada em não deixa-lo interpretar de forma errada.
- Eu sei. Tem a ver com ele, não é? – Ele aponta para Bruno.
- Tem a ver com a banda toda.
- E com ele também. – Ele diz, sorrindo. – Bruno realmente parece gostar de você.
- Por que diz isso? – Pergunto, franzindo as sobrancelhas.
- Porque sempre que está comigo ele me olha com essa cara de quem quer matar alguém.
Olho rapidamente para Bruno e noto ele nos observando, de longe. Realmente, seu rosto não é dos melhores. Acabo rindo.
- É só o jeito dele. – Digo. Depois, sorrio. – Me desculpe, tá? Eu agradeço a proposta e a confiança em mim.
- Tá tudo bem. Não vou mentir e dizer que não estou frustrado, mas... você demonstra ser leal a quem gosta. Só me faz gostar ainda mais de você. – Ele diz, sorrindo. – Eu te desejo muito sucesso.
- Obrigada. – O abraço novamente.
- Vamos nos ver mais vezes, certo? – Ele diz, olhando para mim.
- É claro! Sempre que quiser. – Sorrio.
Ele me analisa de cima a baixo e sorri.
- Só pra não perder o costume: você está linda.
- Obrigada. – Respondo, sentindo meu rosto corar e rindo um pouco.
Então nos abraçamos novamente e ele se afasta para conversar com outra pessoa. Solto o ar que nem percebi que estava segurando. Apoio a mão no peito, sentindo... nem sei o que. Mas nada relacionado a medo ou insegurança. Nada disso. O fato de eu preferir estar com Bruno é mais que uma certeza. Só não sei se fiz a escolha certa. Por algum motivo, sinto que tomei uma decisão muito importante em minha vida nesse momento. Algo além de profissão. Talvez a ver com o... coração. Com o futuro. Como se dois caminhos estivessem a minha frente, e cada um deles me levassem a destinos diferentes. Não sei a qual destino esse vai me levar, mas sei que é nele que quero estar. Novamente, penso se a decisão foi certa. Porém, certa ou não, é a que eu fiz, e não me arrependo. Quero estar com Bruno, e sei que nada vai mudar isso.
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Too Good To Say Goodbye
FanfictionO amor é fácil. Deve ser fácil. Mas o caminho até ele pode ser difícil. Postagem da fanfic Too Good To Say Goodbye. Trabalho original e de autoria privada. Não será tolerado nenhum tipo de plágio.